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Homer / Homero / Homère / Ilíada / Odisseia
Os textos homéricos centrais, a Ilíada e a Odisseia, estão na base da cultura ocidental. No entanto, assim como a Bíblia, pouco se sabe sobre sua composição e menos ainda sobre o autor ou autores que os compuseram. Segundo a tradição, Homero era um poeta cego, que se acredita ter vindo da antiga cidade jônica de Esmirna ou da ilha vizinha de Quios. Entretanto, se tal indivíduo existiu e, caso tenha existido, se foi o único autor dos poemas épicos que levam seu nome, tem sido objeto de controvérsia desde os tempos antigos. (Para uma visão geral da história moderna desse debate e para um relato do estado atual do campo, consulte Robert Fowler, “The Homeric Question”, The Cambridge Companion to Homer, Robert Fowler ed., UK: Cambridge University Press, 2004, pp. 220-32).
Se Homero de fato existiu, acredita-se que ele viveu em algum momento do século VIII a.C.; certamente os textos escritos que chegaram até nós da antiguidade foram transcritos pela primeira vez por volta dessa época. […] No entanto, os eventos descritos nos poemas, supondo que tenham alguma base em fatos, provavelmente ocorreram quase meio milênio antes. A Ilíada, narrativamente o primeiro dos dois livros, relata uma série importante de eventos nos dez anos de cerco a Troia. Uma data tradicional para a Guerra de Troia é de 1194 a 1184 a.C., e essa data parece ser mais ou menos consistente com as evidências arqueológicas atualmente disponíveis no local mais provável da guerra. A Odisseia descreve as aventuras de Odisseu durante os dez anos que ele levou para retornar à sua ilha natal, Ítaca, após o término da guerra. [Dreyfus & Kelly, 2011]
Matérias
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Dreyfus & Kelly (2011:61-63) – arete (excelência) e os deuses homéricos
3 de novembro, por Cardoso de Castro
Os poemas épicos de Homero trouxeram à tona uma noção de arete, ou excelência na vida, que estava no centro da compreensão grega do ser humano. Muitos admiradores da cultura grega tentaram definir essa noção, mas para ter sucesso aqui é preciso evitar duas tentações importantes. Há a tentação de ser condescendente, que já mencionamos. Mas há também a tentação de ler uma sensibilidade moderna na época de Homero. Uma tradução padrão da palavra grega arete como “virtude” corre o risco desse (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:62-64) – gratidão
3 de novembro, por Cardoso de Castro
Os deuses são essenciais para a compreensão grega homérica do que é ser um ser humano. Como Peisistratus — o filho do velho e sábio Nestor — diz no início da Odisseia: “Todos os homens precisam dos deuses.” Os gregos estavam profundamente conscientes das maneiras pelas quais nossos sucessos e fracassos — na verdade, nossas próprias ações — nunca estão completamente sob nosso controle. Eles eram constantemente sensíveis, maravilhados e gratos por aquelas ações que não se pode realizar por (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:72-74) – respeito aos deuses e sacrifícios
3 de novembro, por Cardoso de Castro
NO MUNDO DE HOMERO, a falta de gratidão é um dos sinais mais seguros de que um personagem é deficiente. Já vimos que Homero explica a morte de Ajax em termos de sua autossatisfação e falta de gratidão, mas esse tema retorna várias vezes nas obras homéricas. Talvez o exemplo mais importante seja encontrado no comportamento dos pretendentes de Penélope.
Enquanto Odisseu está longe de casa, vários príncipes itacenses estão determinados a se casar com sua esposa Penélope e, assim, tomar posse (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:82-84) – deixar-se sintonizar pelos deuses
3 de novembro, por Cardoso de Castro
OS GREGOS HOMÉRICOS estavam abertos para o mundo de uma forma que mal conseguimos compreender. Com toda a nossa habilidade moderna de introspecção de nossos estados internos, tendemos a pensar que as melhores atividades humanas são aquelas que são pensadas internamente, completamente e bem. Tendemos até mesmo a pensar em nossos estados de espírito como experiências privadas, internas, às quais os outros não têm acesso. Os gregos, por outro lado, se sentiam como cabeças vazias voltadas para (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:74-76) – daquilo a ser admirado e grato
3 de novembro, por Cardoso de Castro
O FENÔMENO DA GRATIDÃO e a admiração formam o pano de fundo de toda a compreensão de Homero sobre a existência humana: Homero encontra coisas pelas quais se maravilhar e ser grato que nossas teorias modernas quase sempre encobrem. Veja um dos exemplos mais simples: o sono. Na Ilíada, o próprio Sono é um deus — pelo menos uma vez é mencionado como o “senhor de todos os deuses e de todos os homens” (Hom. Il. 14.230ss). Na Odisseia, entretanto, como vimos, o sono é principalmente um poder que (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:77-81) – não somos a única fonte agente das ações
3 de novembro, por Cardoso de Castro
NÃO É PRECISO acreditar que os deuses gregos realmente existem para obter algo profundo e importante do senso de sagrado de Homero. No entanto, é preciso rejeitar a ideia moderna de que ser um agente humano é ser a única fonte de suas ações. Como essa noção moderna de agência humana é tão difundida, ela pode nos levar a agir de maneiras que escondem os fenômenos aos quais Homero era sensível. Para ver isso, vamos explorar brevemente a visão moderna.
É natural e intuitivo para nós — de (…)
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GA54: Estrutura da Obra
10 de fevereiro de 2017, por Cardoso de Castro
Trad. brasileira Sérgio Mário Wrublevski
INTRODUÇÃO - MEDITAÇÃO PREPARATÓRIA COM O NOME E A PALAVRA ALETHEIA E SUA ESSÊNCIA CONTRÁRIA. DUAS INDICAÇÕES DA TRADUÇÃO DA PALAVRA ALETHEIA
§ 1. A deusa "Verdade". Parmênides I, 22-32
a) O conhecimento usual e o saber essencial. Renúncia da interpretação usual do "poema doutrinário" através da atenção para a exigência do princípio
Recapitulação
1) Início e princípio. O pensar usual e o pensar originado pelo princípio. O retraimento diante (…)