Não podemos nos aprofundar muito nessa análise formal, mas, para compreendermos melhor a inovação heideggeriana , na interpretação dos textos filosóficos, podemos afirmar que o fundamental neles é o deslocamento da leitura para um novo paradigma. Essa proposta de Heidegger não era apenas uma superficial sugestão de um jeito próprio de ler, mas tinha consequências definitivas para a mudança de olhar da leitura. Podemos chamar a desleitura heideggeriana de fundadora de um novo paradigma para a metafísica. É por isso que lembramos anteriormente a frase do filósofo: “A superação da metafísica não é o fim da metafísica”. E que nesse paradoxo está propriamente a combinação ambivalente entre uma leitura corretiva e desenraizadora da metafísica (Überwindung) e uma leitura inovadora e instauradora (Verwindung), isto é, uma leitura que apontasse para o que ficara oculto na história da metafísica: a questão do ser.
Heidegger era um leitor forte que não se perdia nas formas de apresentação dos textos clássicos. Ele os via como o importante desafio de um objeto fundamental. A desleitura heideggeriana , fundadora de um novo paradigma na História da Filosofia ocidental, transformava, assim, o que ficara preso sobre o fundo de uma facticidade paralisante: o próprio horizonte no qual se poderia aprender a falar, de modo revelador da verdadeira história da metafísica. [ErStein2014:18]