Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Gaboriau (1962:274) – "ponto de partida" é uma experiência?

quinta-feira 17 de outubro de 2024

Não há dúvida de que uma filosofia, assim como qualquer tipo de conhecimento, deve partir de uma experiência, um tipo de dado imediato. Mas, antes de mais nada, essa experiência pode ser muito diferente de uma pessoa para outra; e os “dados imediatos” reconhecidos por Bergson   não são os únicos possíveis. Além disso, para ele, o imediato (porque ele substitui duas noções sem dizer isso) é um tipo de realidade que se funde com a realidade… Que direito temos de conferir ao imediato um valor que o mediato não teria? (mesma reprovação feita por M. Merleau Ponty, em Rev. Met. et Mor. 1947, 306, nota 1). M. Morot-sir, sobre a palavra immédiat, em Vocabulaire philosophique, Lalande, 1ª ed., t. I, 348.
 
Essas palavras (= dados imediatos) designam mais frequentemente um ponto de chegada do que um ponto de partida temporal. Para Bergson  , por exemplo, a duração é, sem dúvida, um dado imediato; mas é, no entanto, a essência das coisas, a realidade autêntica que descobrimos com dificuldade, com a ajuda de uma intuição que exige uma ascese dolorosa. [R. Vancourt, La philosophie et sa structure, Bloud et Gay, (sans date), p. 27]

Em suma, não devemos confundir as experiências (mesmo as imediatas) que examinamos para estudá-las com a experiência que seria efetivamente um “ponto” do qual partimos.

[GABORIAU  , F. L’Entrée en métaphysique: orientations. Bruxelas: Casterman, 1962]


Ver online : Florent Gaboriau