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GA66:14 – fracasso e utilidade da filosofia
sexta-feira 1º de dezembro de 2023
Casanova
A filosofia é do seer; ela pertence a ele, não apenas como o modo de sua apreensão, por exemplo, mas como a essenciação da verdade pertencente ao seer. Nesta verdade, a filosofia possui sua história: porque ela é o ab-ismo, porém, a verdade do seer se enreda de antemão e durante muito tempo em uma aparência: a aparência de que o ser esgotaria como entidade a essência do seer (cf. XIV. O seer e o ser) e de que a representação do ser só seria impertinência com respeito a ele, uma impertinência que poderia prescindir do seer. A entidade torna-se objeto da representação mais universal e essa representação se transforma no [53] quadro das “ciências” como as formas fundamentais do saber. As ciências, porém, aparecem como realizações e produtos do “espírito” e como bens da “cultura”. Assim, não é de se espantar que se encontre a história do pensamento como história do espírito e da cultura ou como história de seus “problemas” e que essa história mesma seja considerada o que há de mais inquestiona-do. Todo vislumbre de que a filosofia poderia pertencer à história do seer, sim, de que ela se mostra até mesmo apenas como essa história, como a luta dos ab-ismos e fundações da verdade do seer, e nada além disto, permanece alijado. Em seu lugar impera a exigência da filosofia de produzir um ajuste de contas em relação ao ente e um asseguramento do homem presente (como “sabedoria de vida”, como “moral” instauradora de valores, como “ciência” que desvenda “enigmas do mundo”). Essa exigência, ao mesmo tempo vaga e pretensiosa, assume ares por fim de um tribunal de decisão, que decide quanto ao fracasso e à utilidade da filosofia. Algo deste gênero poderia ser computado como algo indiferente, se não se cristalizasse a partir daí de maneira cada vez mais irreconhecível e tenaz uma representação da filosofia que se degenera na recusa, que não é quase nem mesmo atentada, mas permanece intangível, de todo questionamento acerca da essência da filosofia.
A consequência desta má interpretação da filosofia exterioriza-se na conjuntura de uma época que lhe permite conhecer historiologicamente tudo sobre a filosofia e sua história e não saber nada sobre o um, que é abandonado à sua essência: questionar a pergunta acerca da verdade do seer e erigi-la em sua incontornabilidade em meio à perturbação do ente.
Um tal saber desdobra-se como meditação da filosofia sobre si mesma enquanto o pensar do seer. Essa meditação, porém, alcança o circuito da fundação essencial do homem, que há muito já continua impelindo para diante em meio à fuga insondável em relação à essência, uma fuga que esse circuito torna cada vez mais fácil e fugaz sob a aparência do progresso para a consumação de seu domínio.
Emad & Kalary
Philosophy is of be-ing; it belongs to be-ing, not merely according to the manner in which philosophy grasps be-ing, but as the swaying of the [G54] truth that belongs to be-ing. Philosophy has its history in this truth, but because the truth of be-ing is the ab-ground this truth entangles itself beforehand and for a long time in the illusion that being as beingness exhausts the sway of be-ing (cf. XIV. Be-ing and Being); and that representing being is merely an obtrusion into being which be-ing may do without. Beingness becomes the object of the most general representing and this becomes the framework for “sciences” as the basic forms of knowledge. The sciences, however, appear as achievements and products of “spirit” and as “cultural” goods. Thus it is not surprising to come upon the history of thinking as the history of spirit and as the history of culture or as the history of its “problems”, whereby the history of thinking itself is held to be what is most unquestionable. What continues to be banished is any inkling that philosophy could belong to the history of be-ing, indeed solely to this history, to the history of the struggle of ab-grounds and groundings of the truth of be-ing and nothing else. Instead of that inkling, there is the dominant claim on philosophy (as “wordly wisdom”, as a “morality” that sets values, and as a “science” that solves the “mystery of the world”) to account for beings and for the security of the extant man. At the end, this twisted and presumptuous claim plays itself out as the court of arbitration that decides the failure and usefulness of philosophy. One could view these sort of things with indifference, if therein an unrecognizable and stubborn representation of philosophy would not always consolidate itself, and degenerate into a hardly noticeable but unassailable repelling of any inquiry into what is ownmost to philosophy.
The consequence of this misinterpretation of philosophy expresses itself in the state of an epoch that allows this epoch to know everything ‘historical’ about philosophy and its history but to have no knowing-awareness of the one thing that is entrusted to philosophy’s ownmost, namely to ask the question of the truth of be-ing and in the midst of the disarray of beings to set up this question in its inevitability.
[G55] As philosophy’s mindfulness of itself, such knowing-awareness unfolds itself as thinking of be-ing. But this mindfulness reaches into the sphere of grounding what is ownmost to man, who, since long ago, is intensely engaged in an unfathomable flight from his ownmost – a flight that he always makes easier and more fleeting for himself with the illusion that he makes progress towards the completion of his domination.
Original
Die Philosophie ist des Seyns; sie gehört diesem, nicht etwa als die Art nur seiner Erfassung, sondern als die Wesung der dem Seyn zugehörigen Wahrheit. In dieser Wahrheit hat die Philosophie ihre Geschichte: die Wahrheit des Seyns verfängt sich aber, weil sie der Ab grund ist, zuvor und lange Zeit in einem Schein: daß das Sein als Seiendheit das Wesen des Seyns erschöpfe (vgl. XIV. Das Seyn und das Sein), und daß das Vorstellen des Seins nur eine Aufdringlichkeit zu diesem sei, deren das Seyn entbehren könnte. Die Seiendheit wird zum Gegenstand des allgemeinsten Vorstellens und dieses zum Rahmen der »Wissenschaften« als der Grundformen des Wissens. Die Wissenschaften aber erscheinen als Leistungen und Erzeugnisse des »Geistes« und als Güter der »Kultur«. So überrascht es nicht, die Geschichte des Denkens als Geschichte des Geistes und der Kultur anzutreffen oder als Geschichte ihrer »Probleme«, wobei sie selbst für das Fragloseste gehalten wird. Jede Ahnung, die Philosophie könnte der Geschichte des Seyns angehören, ja sogar nur diese Geschichte, der Kampf der Ab- gründe und Gründungen der Wahrheit des Seyns, und nichts außerdem sein, bleibt verbannt. An ihrer statt herrscht der Anspruch an die Philosophie, eine Abrechnung des Seienden und eine Sicherung des vorhandenen Menschen zu leisten (als »Lebensweisheit«, Wertesetzende »Moral«, als »Welträtsel« lösende »Wissenschaft«). Dieser Anspruch, verwaschen und anmaßend zugleich, spielt sich zuletzt als das Schiedsgericht aus, das über Versagen und Nutzen der Philosophie entscheidet. Solches könnte zum Gleichgültigen gezählt werden, wenn daraus nicht immer unkenntlicher und hartnäckiger eine Vorstellung von der Philosophie sich verfestigte, die in die kaum mehr beachtete, aber unangreifbare Abwehr jedes Fragens nach dem Wesen der Philosophie ausartete.
Die Folge dieser Mißdeutung der Philosophie äußert sich in dem Zustand eines Zeitalters, der ihm erlaubt, von der Philosophie und ihrer Geschichte alles historisch zu kennen und von dem Einen, das ihrem Wesen aufgegeben, nichts zu wissen: die Frage nach der Wahrheit des Seyns zu fragen und in ihrer Unumgänglichkeit inmitten der Verstörung des Seienden zu errichten.
[55] Solches Wissen entfaltet sich als Besinnung der Philosophie auf sich als das Denken des Seyns. Diese Besinnung aber reicht in den Umkreis der Wesensgründung des Menschen, der seit langem schon in der unergründlichen Wesensflucht forttreibt, die er sich im Anschein des Fortschritts zur Vollendung seiner Herrschaft immer leichter und flüchtiger macht.
Ver online : Besinnung [GA66]