Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA65:153 – o vivente

quinta-feira 21 de novembro de 2024

Pode-se, uma vez que todo vivente é organímico [alles Lebendige organismisch], isto é, corporal [leiblich], considerar esse elemento corporal como corpo físico [Körper] e o corpo mecanicamente. Sim, há até mesmo certas tarefas, que exigem tal consideração: medições de grandezas e de peso [Größen- und Gewicht-Messungen] (que, naturalmente, se encontram imediatamente no campo de visão de uma interpretação com vistas ao vivente).

Mas a questão persiste: será que aquilo que se pode experimentar aqui dessa maneira (mecanicamente) conduzirá algum dia para aquilo que precisa ser de antemão e em primeiro lugar, supondo que uma relação fundamental com o vivente seja necessária? Em que medida isso é pertinente? O que ainda são as plantas e os animais para nós, se deduzirmos as utilidades, o embelezamento e a diversão?

Se o vivente é o que não exige de nós qualquer esforço, então ele é o que há de mais difícil de ser visto, se tudo está estabelecido com vistas ao que exige esforço e à sua superação, se movimentando na maquinação!

Pode haver “biologia”, enquanto faltar a ligação fundamental com o vivente [Grundbezug zum Lebendigen], enquanto o vivente não tiver se transformado na outra ressonância do ser-aí [anderen Widerklang des Da-seins]?

Mas, afinal, precisa haver “biologia” lá onde ela só deriva o seu direito [Recht] e a sua necessidade [Notwendigkeit] do domínio da ciência [Herrschaft der Wissenschaft] no interior da maquinação [Machenschaft] moderna? Toda biologia não destruirá necessariamente o “vivente” [Lebendige] e impedirá a relação fundamental com ele? A ligação com o “vivente” não precisa ser buscada completamente fora da “ciência”? E em que espaço deve se manter essa ligação?

O “vivente”, tanto quanto tudo aquilo que é capaz de se tornar objeto, oferecerá ao progresso da ciência possibilidades infinitas e se subtrairá cada vez mais ao mesmo tempo, quanto mais desprovida de fundamento a ciência mesma se tornar.

[HEIDEGGER, Martin. Contribuições à Filosofia (Do Acontecimento Apropriador). Tr. Marco Antonio Casanova  . Rio de Janeiro: Via Verita, 2014, §153]


Ver online : Beiträge zur Philosophie (Vom Ereignis) [GA65]