Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA27:107-110 – Ser-um-com-o-outro é um compartilhamento da verdade

sábado 9 de novembro de 2024

Miteinandersein

Que tipo estranho de resultado é esse? Na análise do SER-UM-COM-O-OUTRO, nós o caracterizamos provisoriamente como um ser junto ao mesmo, junto a algo comum, que interpretamos mais exatamente como um compartilhamento de algo. Esse compartilhamento de algo veio à tona para nós inicialmente sob a forma de um entregar-se mutuamente algo no uso. No entanto, evidenciou-se que de certa maneira já temos o ente, o ente por si subsistente, o ente que se encontra aí presente diante de nós como algo compartilhado, sem que precisemos fazer uso de algo. Portanto, esse compartilhamento de algo no SER-UM-COM-O-OUTRO junto a um ente por si subsistente não pode residir na concretização do próprio uso, mas em uma maneira de ser do ser-aí que é anterior a todo uso e possibilita pela primeira vez o fazer um uso comum de algo. […]

Tentando cumprir a tarefa de caracterizar um certo modo de ser e, com efeito, abstraindo-nos do problema da verdade, deparamo-nos com a verdade. Ao ser-uns-com-os-outros, à estrutura desse ser, à estrutura da maneira como o ser-aí é em relação ao ser-aí pertence a verdade, se é que SER-UM-COM-O-OUTRO quer dizer: compartilhamento da verdade.

O que significa isso? Ao “ser” desse ente que denominamos ser-aí e que nós mesmos somos pertence a verdade. O que é sua essência? Somente quando essa essência estiver clarificada o “ser” do ser-aí também o estará. Sem nos darmos conta, a pergunta acerca do modo de ser de um ente transformou-se na pergunta acerca da essência da verdade. Pois, somente se ficar claro o que é a essência da verdade, tornar-se-á apreensível o compartilhamento da verdade; e isso significa: o SER-UM-COM-O-OUTRO como modo de ser do ser-aí. Discutimos a essência da verdade com o intuito de caracterizar o modo de ser do ser-aí em contraposição ao modo de ser do ente por si subsistente. Agora temos necessariamente de caracterizar a verdade com o intuito de uma clarificação de um modo de ser específico: temos de discutir o fato de precisarmos caracterizar justamente dessa maneira a verdade como algo pertencente ao ser do próprio ser-aí. Esse não é um fato qualquer, mas é algo que já aponta de antemão para uma determinação essencial da verdade em geral: para o fato de que seu lugar não é a proposição, mas o ser-aí (ou mesmo o inverso)’. Daí já extraímos uma intelecção totalmente [115] fundamental e uma resposta à pergunta diretriz acerca de como se comporta a verdade como desvelamento do ente em relação ao ente, acerca de se e como a verdade se modifica com o modo de ser do ente.

Procuramos determinar o modo de ser do ser-aí em contraposição ao modo de ser do ente por si subsistente orientando-nos pelo SER-UM-COM-O-OUTRO entre ser-aí e ser-aí. O SER-UM-COM-O-OUTRO revelou-se como um compartilhamento do desvelamento (verdade) do ente por si subsistente (uma maneira possível do SER-UM-COM-O-OUTRO ou necessariamente pertencente a ele), como um determinado modo de ser. A verdade é, por conseguinte, constitutiva para a estrutura do SER-UM-COM-O-OUTRO como um modo de ser essencial do ser-aí.


Ver online : Einleitung in die Philosophie [GA27]