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sagen

terça-feira 15 de fevereiro de 2022

sagen  , saying, dizer, dito, Weitersagen, re-dite

Nesse breve conto [Erzählung  ] sobre o vigor da linguagem [Sprachwesens], como se pensou porém a fala [Sprechen] e o que se fala [Gesprochenes]? A fala e o que se fala já se mostram como aquilo através do que e em que algo vem à linguagem [Sprache], isto é, algo vem a aparecer à medida que algo se diz. Dizer [Sagen] e falar [Sprechen] não são porém o mesmo. Alguém pode falar, falar sem parar e não dizer nada. Por outro lado, alguém pode ficar em silêncio, não falar e nesse não falar dizer muito.

O que é porém dizer? Para fazer essa experiência, devemos nos ater ao que nossa própria língua nos convida a pensar nessa palavra. Sagan, a saga do dizer significa: mostrar, deixar aparecer, deixar ver e ouvir [zeigen  , erscheinen-, sehen  - und hören  -lassen  ].

A indicação que faremos a seguir diz algo muito óbvio embora muito pouco pensado em sua envergadura. Falar um com o outro significa: dizer algo para o outro, mostrar um para o outro alguma coisa e confiar-se mutuamente ao que se mostra. Conversar significa: juntos, dizer algo, mostrar um para o outro o que se aclama no que se proclama, o que a partir de si mesmo chega a aparecer. O que não se fala não é somente o que não se deixa verbalizar, mas o não dito, o que ainda não se mostrou, o que ainda não chegou a aparecer. O que, portanto, deve manter-se impronunciado resguarda-se no não dito, abriga-se no velado como o que não se deixa mostrar, é mistério. O reclamado na fala fala como indício, no sentido de uma remissão, cuja fala nem sequer precisa ser verbalizada.

Enquanto dizer, a fala pertence à rasgadura [Aufriß] do vigor da linguagem, rasgadura perpassada pelos modos de dizer e do dito [Weisen   des Sagens und des Gesagten], onde vigência e ausência [An- und Abwesende] se assentem, se consentem e dissentem, mostram-se ou se retraem. O dizer de múltiplas configurações e diferentes proveniências é o recorrente na rasgadura do vigor da linguagem. Sob o ponto de vista das referências do dizer, chamamos de Sage, saga do dizer, o vigor da linguagem em seu todo, admitindo igualmente que o elemento que reúne essas referências ainda não foi considerado. [GA12  :241-242; GA12MCS:201-202]


For the partitioning of the basic possibilities of the being of human beings, Aristotle   also refers back to the basic definition   of the being of human beings as λóγον ἔχον   [logon echon]. That is, this definition must be shown in its breadth, so that thereby we do not   just understand λóγον ἔχον in the genuine sense, but also that the human being is a being that says something to others and therefore lets something be said. This is the fully primary meaning of speaking in the sense of letting-something-be-said-by-others [Sich-etwas-sagen-Lassens-von-anderen  ]. Insofar as the human being is the one that speaks, he can say something to himself; as the one that speaks, he has the possibility of letting-something-be-said-by-himself [Sich-von-sich-selbst  -etwas-sagen-Lassens]. This possibility is revealed by the fact that human beings are with one another in the mode of encouraging, of persuading, of exhorting. Insofar as the human being lets something be said, he is λóγον ἔχον in a new respect. [GA18  :111; GA18MT:76]
LÉXICO: sagen

[sagen]
entsagen: desdizer
Sage (e): saga, o dizer
Versagen (s):o recusar-se [A]
Vorsage (e): o dizer anunciador [GA5BD  ]

NT: Saying (sagen): and discourse, 32, 162, 164-165; and keeping silent, 165; and speaking, 160; and understanding, 168-169; 173; without audible or explicit utterance, 406, 408, 416, 422; `what conscience says’, 269, 280; saying "I," 318-319, 321-323; saying "now," etc., 406, 408, 416, 418,421-422 [BTJS  ]


Sagen tem um sentido próximo ao de "dizer". Relacionava-se originalmente a sehen, "ver", e significava "deixar ver, mostrar". Este verbo forma muitos compostos, em particular aussagen  , "afirmar, enunciar". Um substantivo derivado, Sage, já significou "algo que foi enunciado, um dito, ditado, provérbio", e depois "fala, narração, estória, rumor". No século XVIII, passou a significar "lenda, saga, conto". Heidegger muitas vezes usa Sage no sentido de "dito" (p.ex., UK, 61/198s). Esta palavra é, segundo sua visão, bastante diferente de Aussage, "proposição", assim como sagen é diferente de aussagen. O que é asserido é uma proposição, e uma asserção é falada ou escrita; o que é dito não precisa ser falado ou escrito, nem precisa ser proposicional. Podemos "dizer" o ser, mas não podemos fazer proposições sobre ele (GA65  , 473). Dizer é diferente de falar: "Alguém pode falar [sprechen], falar infinitamente, sem nada dizer. Inversamente, alguém está em silêncio, não fala e pode dizer muitas coisas em seu não falar. […] ‘Dito’ significa: mostrar, deixar aparecer, deixar ser visto e ouvido" (UK, 252/122). O alemão não é coerente quanto a isto. Heidegger parece extrair de Kant   "o que é posto diante de nossos olhos como ainda não dito [Ungesagtes] justamente pelo que é dito" (GA3  , 201/137). Aqui, o "não dito" é o que não foi explicitamente enunciado, o não falado, não o que não nos foi mostrado. [DH  ]