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Philosophie et mystique

Stanislas Breton (1996:11-15) – Verbo Todo (logos panta)

I. LE PROLOGUE DE SAINT JEAN

domingo 18 de junho de 2023

No Prólogo joanico, sob o termo grego "panta  ", é bem «o todo» em sua singularidade que parece visado; dito de outro modo, o universo dos seres e das coisas, enquanto existente pela mediação do Verbo.

tradução

«TUDO». O neutro grego «panta  », como de resto, seu análogo francês «tout» se presta a duas acepções, bem diferentes, do adjetivo indefinido e do substantivo: «tudo» e «o todo». Tudo, em sua acepção de indefinido, figura nas expressões de quantificador universal, de forma: (x) ou «para todo». No Jo 1,1-18 - Prólogo, deveríamos traduzir o versículo de referência da maneira seguinte: para todo eu, se x veio à existência, então x foi-feito-pelo-Verbo». Não insistiremos sobre o enunciado negativo correspondente: «sem ele nada não foi feito do que foi (ou «fosse»)». Retornarei, em mais detalhe, em um parágrafo especial, sobre a relação Tudo-Nada. Adicionemos, para completar esta lembrança do elementar, uma precisão sobre a relação da proposição de quantificador universal às modalidades do necessário e do impossível. O mais frequente, com efeito, em uma certa escolástica, o universal está em estreita conexão com as modalidades fortes. Assim «para todo x» implica, por subentendido, «é necessário que» ou bem, quando a modalidade é de re, como se diz em linguagem técnica, o primeiro predicado é necessariamente ligada ao segundo. Assim a propriedade ligada ao «ser feito pelo Verbo». E se se substitui por necessidade um advérbio de tempo tal que sempre por exemplo (ou jamais, se se trata do impossível), se deveria compreender que este «sempre» não é ele mesmo inteligível senão em razão de um «essencial» que funda sua omnitemporalidade. E outros termos, não é possível afirmar que assim sempre é senão porque se percebeu, entre duas propriedades, uma implicação estrita, quer dizer «segundo a essência».

«O TODO». Quando passamos do indefinido ao substantivo, as coisas mudam. Tomado ao singular, o todo, quer se trate de uma casa, de uma floresta, de um país, de uma ordem religiosa etc. beneficia de uma unidade particular, irredutível à unidade lógica de uma classe ou de um conjunto. Este foi o mérito dos logicistas poloneses de se darem conta de uma diferença também original. Logo não se trata mais, neste caso, de uma relação de pertencimento ou de inclusão, tais como as precisa uma gramática dos conjuntos ou das classes, que as associa por vezes à lógica das proposições quantificadas. Eis porque, não hesitaram em falar, a este respeito, de relação «mereológica», para bem marcar, por esta expressão, a singularidade do todo. Logo qual seria a diferença entre a totalização operada pelo indefinido «tudo» e aquela que nos sugere o substantivo «o todo»? Se seria tentado a dizer isto: quando digo «para todo x», suponho que a atenção vai do indivíduo - singular-indivíduo a um outro - outro indivíduo, e assim por diante, em uma sequência precisamente, a qual, de si, não poderia encerrar. Eu a encerro, no entanto, dizendo et caetera, mas ligando à fórmula a certeza que «o resto» será do mesmo grau e que, consequentemente, o que se segue ou poderia se seguir, se continuasse minha relação de indivíduo em indivíduo, me poria em presença das mesmas características. E é em virtude dessa certeza de uma propriedade que retornará, tão longe quanto prossiga a enumeração, em cada membro da sequência, que me permite encerrar a série e de pronunciar, sem muito temor: «para todo x».

Que aí há um problema, que a conjunção «e», indefinidamente repetida, não basta para me garantir que assim sempre será; e, neste sentido, que se fala de «semelhança», ou melhor de uma qualidade que a fundaria, restará sempre a justificar a audácia de uma passagem: indivíduos, em sua singularidade, ao qualificador universal que as totaliza em uma espécie de «abstração - todo abstrato».

Quando digo «o todo», posso, simplesmente, me referir a um singular que se apresenta a mim, com uma certa massa que se impõe: tal como um casa, uma floresta etc. Aqui ainda, é verdade, meu olhar e meu entendimento podem destacar, em os fixando, tal ou tal parte, mas esta parte, porque feita parte desta casa, desta floresta, e assim por diante, não aparece sempre senão em e por este singular que percebo. Dito de outro modo, e como nos ensinou a «psicologia da forma», só vejo a forma sobre um fundo sobre o qual ela emerge e que a sustenta, e me é impossível dele me separar, ao passo que, no caso, de enumerando-as em uma sequência, desta roseira, depois desta outra, e «assim por diante», me é perfeitamente permitido destacar cada uma delas e fixá-la nela mesma e para ele mesma, sem ter necessidade de apoiá-la em outra coisa que nela mesma. Tal é o sentido da conjunção «e» que não faz senão coordenar «independentes que têm a particularidade de se bastar a eles mesmos.» Enquanto que, em «o todo», os elementos, enquanto fazem parte, se subordinam, em lugar de se coordenarem, a seu englobante ou suporte que os têm e mantêm. O problema, aqui bastante análogo àquele que evocava a respeito da totalização operada pelo quantificador universal, seria o seguinte: certamente, quando contemplo uma floresta ou uma paisagem, me é fácil abarcar pelo olhar «o todo» que me é oferecido em espetáculo  . Mas quando «o todo» se torna ou se chama «o mundo», não é mais questão de «abarcá-lo» pelo olhar. Então, como justificar a expressão e pretensão que ela implica? Sucintamente, não podendo, nestes Prolegômenos, me estender além da medida, diria que, na percepção simples da floresta, como na referência ao mundo, que seria o último englobante, experimento a insuficiência a se ater ao si e por si de cada um dos elementos que percorro, e do qual cada um me remete a seu outro, a esta margem que ele implica, e que, pela virtude desta insuficiência, me obriga a fazê-los se ater no todo que os contém e os mantém. Em suma, a dificuldade que afeta o quantificador universal, se encontra, ela também, embora de uma outra maneira, em «o todo» universal, como último englobante, tanto pela percepção quanto pelo entendimento; dificuldade que não é, no entanto, aquela, comumente, denunciada, «do conjunto dos conjuntos» que se contêm ou não se contêm.

No Prólogo joanico, sob o termo grego "panta", é bem «o todo» em sua singularidade que parece visado; dito de outro modo, o universo dos seres e das coisas, enquanto existente pela mediação do Verbo. Farei abstração, para não complicar o percurso, de uma questão que pode ter, em filosofia, uma certa importância: Qual é a relação entre as duas formas de «tudo», em resumo entre o indefinido e o substantivo, entre o pensamento da quantificação universal e o pensamento do «universal concreto», entre «tudo» e «o todo»? Da minha parte, mas terei de me explicar em outro trabalho, é «o todo» que precede e torna possível o quantificador universal.

Original

«Tout». Le neutre grec «panta», comme, du reste, son analogue français «tout» se prête aux deux tournures, fort différentes, de l’adjectif indéfini et du substantif: «tout» et «le tout». Tout, en son acception d’indéfini, figure dans les expressions à quantificateur universel, de forme: (x) ou «pour tout x». Dans le Prologue, nous devrions traduire le verset de référence de la manière suivante: «pour tout x, si x est venu à l’existence, alors x a-été-fait-par-le Verbe». Nous n’insisterons pas sur l’énoncé négatif correspondant: «sans lui rien n’a été fait de ce qui a été (ou «fut»). Je reviendrai, plus en détail, dans un paragraphe [12] spécial, sur le rapport Tout-Rien. Ajoutons, pour compléter ce rappel de l’élémentaire, une précision sur le rapport de la proposition à quantificateur universel aux modalités du nécessaire et de l’impossible. Le plus souvent, en effet, dans une certaine scolastique, l’universel est en étroite connexion avec les modalités fortes. Ainsi «pour tout λ;» implique, en sous-entendu, «il est nécessaire que» ou bien, quand la modalité est de re, comme on dit en langage technique, le premier prédicat est nécessairement lié au second. Ainsi la propriété «être venu à l’existence» (genomenon en grec) est nécessairement liée à «être fait par le Verbe». Et si l’on substitue à nécessairement un adverbe de temps tel que toujours par exemple (ou bien jamais, s’il s’agit de l’impossible), on devrait comprendre que ce «toujours» n’est lui-même intelligible qu’en raison d’un «essentiel» qui fonde son omnitemporalité. En d’autres termes, il n’est possible d’affirmer qu’il en est toujours ainsi que parce que on a perçu, entre deux propriétés, une implication stricte, c’est-à-dire « selon l’essence».

Le Tout. Lorsque nous passons de l’indéfini au substantif, les choses changent. Pris au singulier, le tout, qu’il s’agisse d’une maison, d’une forêt, d’un pays, d’un ordre religieux etc. bénéficie d’une unité particulière, irréductible à l’unité logique d’une classe ou d’un ensemble. Ce fut le mérite des logiciens polonais de s’être avisés d’une différence aussi originale. Π ne s’agit donc plus, dans ce cas, d’une relation d’appartenance ou d’inclusion, telles que les précise une grammaire des ensembles ou des classes, qui les associe parfois à la logique des propositions quantifiées. C’est pourquoi, ils n’ont pas hésité à parler, à ce propos, de relation «méréologique», pour bien marquer, par cette expression, la singularité du tout. Quelle serait donc la différence entre la totalisation opérée par l’indéfini «tout» et celle que nous suggère le substantif «le tout»? On serait tenté de dire ceci: quand je [13] dis «pour tout x», je suppose que l’attention va du singulier-individu à un autre individu, et ainsi de suite, dans une suite précisément, laquelle, de soi, ne saurait s’achever. Je l’achève, cependant, en disant et caetera, mais en liant à la formule la certitude que «le reste» sera de même teneur et que, par conséquent, ce qui s’ensuit ou pourrait s’ensuivre, si je continuais mon report d’individu en individu, me mettrait en présence des mêmes caractéristiques. Et c’est en vertu de cette certitude d’une propriété qui reviendra, si loin que je poursuive l’énumération, dans chaque membre de la suite, qui me permet d’achever la série et de prononcer, sans trop de crainte: «pour tout x».

Qu’il y ait là un problème, que la conjonction «et», indéfiniment répétée, ne suffise pas à me garantir qu’il en sera toujours ainsi; et, en ce sens, qu’on parle de «ressemblance», ou bien d’une qualité qui la fonderait, il restera toujours à justifier l’audace d’un passage : des individus, en leur singularité, au quantificateur universel qui les totalise en une sorte de «tout abstrait».

Quand je dis «le tout», je puis, simplement, me référer à un singulier qui se présente à moi, avec une certaine masse qui s’impose: telle une maison, une forêt etc. Ici encore, il est vrai, mon regard et mon entendement peuvent détacher, en les fixant, telle ou telle partie, mais cette partie, parce qu’elle fait partie de cette maison, de cette forêt, et ainsi de suite, n’apparaît toujours que dans et par ce singulier que je perçois. Autrement dit, et comme nous l’a appris la «psychologie   de la forme», je ne vois la forme que sur le fond sur lequel elle émerge et qui la soutient, et il m’est impossible de l’en séparer, alors que, quand il s’agit, les énumérant dans une suite, de ce rosier, puis de celui-là, et «ainsi de suite», il m’est parfaitement loisible de détacher chacun d’eux et de le fixer en lui-même et pour lui-même, sans avoir besoin de l’appuyer à autre chose que lui même. Tel est le sens de la conjonction «et» qui ne fait que coordonner des «indépendants» [14] qui ont la particularité de se suffire à eux-mêmes. Tandis que, dans «le tout», les éléments, en tant qu’ils font partie, se subordonnent, au lieu de se coordonner, à leur englobant ou support qui les tient et maintient. Le problème, ici, assez analogue à celui que j’évoquais à propos de la totalisation opérée par le quantificateur universel, serait le suivant : certes, lorsque je contemple une forêt ou un paysage, il m’est facile d’embrasser du regard «le tout» qui m’est offert en spectacle. Mais lorsque «le tout» devient ou s’appelle «le monde», il n’est plus question de «l’embrasser» du regard. Alors, comment justifier l’expression et la prétention qu’elle implique ? Succinctement, ne pouvant, dans ces Prolégomènes, m’étendre outre mesure, je dirai que, dans la perception simple de la forêt, comme dans la référence au monde, qui serait le dernier englobant, j’éprouve l’insuffisance à se tenir en soi et par soi de chacun des éléments que je parcours, et dont chacun me renvoie à son autre, à cette marge qu’il implique, et qui, par la vertu de cette insuffisance, m’oblige à les faire tenir dans le tout qui les contient et les maintient. En somme, la difficulté qui affecte le quantificateur universel, se retrouve, elle aussi, bien que d’une autre manière, dans «le tout» universel, comme ultime englobant, tant pour la perception que pour l’entendement ; difficulté qui n’est pas, cependant, celle, communément dénoncée, «de l’ensemble des ensembles» qui se contiennent ou ne se contiennent pas.

Dans le Prologue johannique, sous le terme panta, c’est bien «le tout» en sa singularité qui semble visé; autrement dit, l’univers des êtres et des choses, en tant qu’existant de par la médiation du Verbe. Je ferai abstraction, pour ne point compliquer le parcours, d’une question qui peut avoir, en philosophie  , une certaine importance : Quel est le rapport entre les deux formes de «tout», bref entre l’indéfini et le substantif, entre la pensée de la quantification [15] universelle et la pensée de «l’universel concret», entre «tout» et «le tout»? Pour ma part, mais j’aurai à m’en expliquer dans un autre travail, c’est «le tout» qui précède et rend possible le quantificateur universel.


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