Página inicial > Fenomenologia > Ortega y Gasset (MT:C3) – III O ESFORÇO PARA POUPAR ESFORÇO É ESFORÇO…

Meditação da Técnica

Ortega y Gasset (MT:C3) – III O ESFORÇO PARA POUPAR ESFORÇO É ESFORÇO…

O PROBLEMA DO ESFORÇO POUPADO — A VIDA INVENTADA

quinta-feira 4 de novembro de 2021

ORTEGA Y GASSET  , José. Meditação da Técnica. Tradução e Prólogo de Luís Washington Vita  .

III EL ESFUERZO PARA AHORRAR ESFUERZO ES ESFUERZO. —EL PROBLEMA DEL ESFUERZO AHORRADO. —LA VIDA INVENTADA

português

Meu livro A rebelião das massas [1] está inspirado, entre outras coisas, pela espantosa suspeita que sinceramente sentia então — ali por 1927 e 1928; notem-no os senhores, as datas da prosperity — de que a magnífica, a fabulosa técnica atual corria perigo e perfeitamente podia ocorrer que se nos escorresse por entre os dedos e desaparecesse em muito menos tempo de quanto se pode imaginar. Hoje, cinco anos depois, minha suspeita não fez senão aumentar pavorosamente . Vejam, pois, os engenheiros como para ser engenheiro não basta com ser engenheiro. Enquanto se estão ocupando em sua faina particular, a história lhes retira o solo debaixo dos pés.

É preciso estar alerta e sair do próprio ofício: explorar bem a paisagem da vida, que é sempre total. A faculdade suprema para viver não a dá nenhum ofício, nem nenhuma ciência: é a sinopse de todos os ofícios e todas as ciências e, de resto, muitas outras coisas. É a integral cautela. A vida humana e tudo nela é um constante e absoluto risco. Todo o quociente se vai pelo ponto menos previsível: uma cultura se esvazia inteira pelo mais imperceptível ralo. Mas deixando de lado estas, que são, ainda que iminentes, meras possibilidades, recapacite o técnico simplesmente comparando sua situação de ontem com a que faz presumir o amanhã.

Uma coisa é, pelo menos, claríssima: que as condições de toda ordem, sociais, econômicas, políticas, em que trabalhará amanhã são sumamente distintas daquelas em que trabalhou até hoje.

Não se fale, pois, da técnica como da única coisa positiva, da única realidade incomovível do homem. Isso é uma estupidez, e quanto mais cegos estejam por ela os técnicos, mais provável é que a técnica atual acabe, por ruir e periclitar.

Basta com que mude um pouco substancialmente o perfil do bem-estar que se esboça diante do homem, que sofra uma mutação de algum vulto a ideia da vida, da qual, a partir da qual e para a qual faz o homem tudo o que faz, para que a técnica tradicional se abale, se desconjunte e tome outros rumos.

Há quem acredite que a técnica atual está mais firme na história que outras porque ela mesma, como tal técnica, possui ingredientes que a diferenciam de todas as outras, por exemplo, seu embasamento nas ciências. Esta presumida segurança é ilusória. A indiscutível superioridade da técnica presente, como tal técnica, é, por outro lado, seu fator de maior fraqueza. Se se baseia na exatidão da ciência, quer dizer-se que se apoia em mais supostos e condições que as outras, ao fim e ao cabo mais independentes e espontâneas.

Todas estas seguranças são as que precisamente estão fazendo perigar a cultura europeia. O progressismo, ao acreditar que já se havia chegado a um nível histórico em que não cabia substantivo retrocesso, senão que mecanicamente se avançaria até ao infinito, afrouxou as cavilhas da cautela humana e deu lugar a que irrompa de novo a barbárie no mundo.

Mas deixemos isto, já que não é matéria em que possamos entrar agora seriamente. Resumamos, ao contrário, quanto eu disse até agora:

1.°) Não há homem sem técnica.

2.°) Essa técnica varia em máximo grau e é sobremaneira inestável, dependendo qual e quanta seja em cada momento da ideia de bem-estar que o homem tenha então. Ao tempo de Platão, a técnica dos chineses, em não poucos setores, era incomparavelmente superior à dos gregos . Existem certas obras da técnica egípcia que são superiores a quanto hoje faz o europeu; por exemplo, o lago Meris, de que fala Heródoto, que um tempo se acreditou fabuloso e cujo resíduo foi depois descoberto. Nesta gigantesca obra hidráulica se armazenavam 3 430 000 000 de metros cúbicos, e graças a isso a região do Delta, que hoje é um deserto, era superlativamente fértil. O mesmo acontece com os foggara do deserto saárico.

3.°) Outra questão é se não há em todas as técnicas passadas um torso comum em que foi acumulando seus descobrimentos, mesmo através de não poucos desaparecimentos, retrocessos e perdas. Em tal caso, poder-se-ia falar de um absoluto progresso da técnica. Mas sempre se correrá o risco de definir este absoluto progresso do ponto de vista técnico peculiar àquele que fala, e esse ponto de vista não é o absoluto, evidentemente . Enquanto ele o está afirmando com fé louca, a humanidade começa a abandoná-lo.

Logo mais falaremos um pouco dos diversos tipos de técnica, de suas vicissitudes, de suas vantagens e suas limitações; mas agora nos convém não perder de vista a ideia fundamental do que é a técnica, porque ela encerra os maiores segredos.

Atos técnicos — dizíamos — não são aqueles em que fazemos esforços para satisfazer diretamente nossas necessidades, sejam estas elementares ou francamente supérfluas, mas aqueles em que dedicamos o esforço, primeiro, para inventar e, depois, para executar um plano de atividade que nos permita:

1.° Assegurar a satisfação das necessidades, evidentemente, elementares.

2.° Conseguir essa satisfação com o mínimo esforço.

3.° Criar-nos possibilidades completamente novas produzindo objetos que não existem na natureza do homem. Assim, o navegar, o voar, o falar com o antípoda mediante o telégrafo ou a radiocomunicação.

Deixando por ora o terceiro ponto, notemos os dois traços salientes de toda técnica: que diminui, às vezes quase elimina, o esforço imposto pela circunstância e que o consegue reformando esta, reagindo contra ela e obrigando-a a adotar formas novas que favorecem ao homem.

Na poupança de esforço que a técnica proporciona podemos incluir, como um de seus componentes, a segurança. A precaução, a angústia, o terror que a insegurança provoca são formas do esforço, da imposição por parte da natureza sobre o homem.

Temos, pois, que a técnica é, assim, o esforço para poupar esforço ou, em outras palavras, é o que fazemos para evitar por completo, ou em parte, as canseiras que a circunstância primariamente nos impõe. Nisto se acha toda gente de acordo; mas é curioso que somente se entende por uma de suas faces, a menos interessante, o anverso, e não se percebe o enigma que seu reverso representa.

Não se cai na conta do surpreendente que é que o homem se esforce precisamente em poupar-se esforço? Dir-se-á que a técnica é um esforço menor com que evitamos um esforço muito maior e, portanto, uma coisa perfeitamente clara e razoável . Certo; mas isso não é o enigmático, senão este outro: Onde parará esse esforço poupado e que fica disponível? A coisa ressalta mais se empregamos outros vocábulos e dizemos: se com o fazer técnico o homem fica isento das canseiras impostas pela natureza, que é o que fará, que canseiras ocuparão sua vida? Porque não fazer nada é esvaziar a vida, é não viver; é incompatível com o homem. A questão, longe de ser fantástica, tem hoje já um começo de realidade. Até uma pessoa aguda, certamente, mas que é somente economista — Keynes — se formulava esta questão: dentro de pouco — se não houver retrocesso, entende-se — a técnica permitirá que o homem não tenha que trabalhar mais que uma ou duas horas por dia. Pois bem: que fará o resto das vinte e quatro? De fato, em não escassa medida, essa situação é já a de hoje: o operário trabalha hoje oito horas, e, em alguns países, somente cinco dias — e, ao que parece, este será o porvir imediato geral: trabalhar somente quatro dias semanais; que faz esse operário do resto enorme de seu tempo, do âmbito oco que fica em sua vida?

Mas o fato de a técnica atual apresentar tão às claras esta questão não quer dizer que não preexista desde sempre em toda técnica, posto que toda ela leva a uma poupança de canseira e não acidentalmente ou como resultado que sobrevém ao ato técnico, senão que esse afã de poupar esforço é o que inspira a técnica. A questão, pois, não é adjacente, senão que pertence à própria essência da técnica, e esta não se entende se nos contentamos com confirmar que poupa esforço e não nos perguntamos em que se emprega o esforço disponível.

E eis aqui como a meditação sobre a técnica nos faz topar dentro dela, como com o caroço num fruto, com o raro mistério do ser do homem. Porque é este um ente forçado, se quer existir, a existir na natureza, submerso nela; é um animal. Zoologicamente, vida significa tudo o que é preciso fazer para sustentar-se na natureza. Mas o homem ordena-as para reduzir ao mínimo essa vida, para não ter que fazer o que tem que fazer o animal. No vão que a superação de sua vida animal deixa, dedica-se o homem a uma série de tarefas não biológicas, que não lhe são impostas pela natureza, que ele se inventa para si mesmo. E precisamente a essa vida inventada, inventada como se inventa um romance ou uma peça de teatro  , é ao que o homem chama vida humana, bem-estar. A vida humana, pois, transcende da realidade natural, não lhe é dada como lhe é dado à pedra cair e ao animal o repertório rígido de seus atos orgânicos — comer, fugir, nidificar, etc. — Senão que o homem a faz, e este fazer a própria vida começa por ser a invenção dela. Como? A vida humana seria então em sua dimensão específica. . . uma obra de imaginação? Seria o homem uma espécie de romancista de si mesmo que forja a figura fantástica de um personagem com seu tipo irreal de ocupações e que para conseguir realizá-lo faz tudo o que faz, ou seja, é técnico?

original

Mi libro La rebelión de las masas va inspirado, entre otras cosas, por la espantosa sospecha que sinceramente sentía entonces —allá por 1927 y 1928, nótenlo ustedes, las fechas de prosperity— de que la magnífica, la fabulosa técnica actual corría peligro y muy bien podía ocurrir que se nos escurriese de entre los dedos y desapareciese en mucho menos tiempo de cuanto se puede imaginar. Hoy, cinco años después, mi sospecha no ha hecho sino acrecentarse pavorosamente. Vean, pues, los ingenieros cómo para ser ingeniero no basta con ser ingeniero. Mientras se están ocupando en su faena particular, la historia les quita el suelo de debajo de los pies.

Es preciso estar alerta y salir del propio oficio: otear bien el paisaje de la vida, que es siempre total. La facultad suprema para vivir no la da ningún oficio ni ninguna ciencia: es la sinopsis de todos los oficios y todas las ciencias y muchas otras cosas además. Es la integral cautela. La vida humana y todo en ella es un constante y absoluto riesgo. La media toda se va por el punto menos previsible: una cultura se vacía entera por el más imperceptible agujero. Pero dejando a un lado éstas, que son, aunque inminentes, meras posibilidades, recapacite el técnico no más que comparando su situación de ayer con la que hace presumir el mañana.

Una cosa es, por lo menos, clarísima: que las condiciones de todo orden, sociales, económicas, políticas, en que va a trabajar mañana son sumamente distintas de aquéllas en que trabajó hasta hoy.

No se hable, pues, de la técnica como de la única cosa positiva, la única realidad inconmovible del hombre. Eso es una estupidez, y cuanto más cegados estén por ella los técnicos, más probable es que la técnica actual se venga al suelo y periclite.

Basta con que cambie un poco sustancialmente el perfil de bienestar que se cierne ante el hombre, que sufra una mutación de algún calibre la idea   de la vida, de la cual, desde la cual y para la cual hace el hombre todo lo que hace, para que la técnica tradicional cruja, se descoyunte y tome otros rumbos.

Hay quien cree que la técnica actual está más firme en la historia que otras porque ella misma, como tal técnica, posee ingredientes que la diferencian de todas las demás, por ejemplo, su basamento en las ciencias. Esta presunta seguridad es ilusoria. La indiscutible superioridad de la técnica presente, como tal técnica, es, por otro lado, un factor de mayor debilidad. Si se basa en la exactitud de la ciencia, quiere decirse que se apoya en más supuestos y condiciones que las otras, al fin y al cabo más independientes y espontáneas.

Todas estas seguridades son las que precisamente están haciendo peligrar la cultura europea. El progresismo, al creer que ya se había llegado a un nivel histórico en que no cabía sustantivo retroceso, sino que mecánicamente se avanzaría hasta el infinito, ha aflojado las clavijas de la cautela humana y ha dado lugar a que irrumpa de nuevo la barbarie en el mundo.

Pero dejemos esto, ya que no es materia en que podamos entrar ahora seriamente. Resumamos, en cambio, cuanto he dicho últimamente:

1.º No hay hombre sin técnica.

2.º Esa técnica varía en sumo grado y es sobremanera inestable, dependiendo cuál y cuánta sea en cada momento de la idea de bienestar que el hombre tenga a la sazón. En tiempo de Platón, la técnica de los chinos, en no pocos órdenes, era incomparablemente superior a la de los griegos. Hay ciertas obras de la técnica egipcia que son superiores a cuanto hoy hace el europeo; por ejemplo, el lago Meris, de que habla Herodoto, que un tiempo se creyó fabuloso y cuyo residuo ha sido luego descubierto. En esta gigantesca obra hidráulica se recogían 3 430 000 000 de metros cúbicos, y gracias a ello la región del Delta, que hoy es un desierto, era superlativamente fértil. Lo propio acontece con los foggara del desierto sahárico.

3.º Otra cuestión es si no hay en todas las técnicas pasadas un torso común en que ha ido acumulando sus descubrimientos, aun a través de no pocas desapariciones, retrocesos y pérdidas. En tal caso, podría hablarse de un absoluto progreso de la técnica. Pero siempre se correrá el riesgo de definir este absoluto progreso desde el punto de vista técnico peculiar al que habla, y ese punto de vista no es el absoluto, a lo mejor, mientras él lo está afirmando con fe loca, la humanidad empieza a abandonarlo.

Ya hablaremos algo de los distintos tipos de técnica, de sus vicisitudes, de sus ventajas y de sus limitaciones; mas ahora nos conviene no perder de vista la idea fundamental de lo que es la técnica, porque ella encierra los mayores secretos.

Actos técnicos —decíamos— no son aquéllos en que hacemos esfuerzos para satisfacer directamente nuestras necesidades, sean éstas elementales o francamente superfluas, sino aquéllos en que dedicamos el esfuerzo, primero, a inventar y luego a ejecutar un plan de actividad que nos permita:

1.º Asegurar la satisfacción de las necesidades, por lo pronto, elementales.

2.º Lograr esa satisfacción con el mínimo esfuerzo.

3.º Crearnos posibilidades completamente nuevas produciendo objetos que no hay en la naturaleza del hombre. Así el navegar, el volar, el hablar con el antípoda mediante el telégrafo o la radiocomunicación.

Dejando por ahora el tercer punto, notemos los dos rasgos salientes de toda técnica: que disminuye, a veces casi elimina, el esfuerzo impuesto por la circunstancia y que lo consigue reformando ésta, recobrando contra ella y obligándola a adoptar formas nuevas que favorecen al hombre.

En el ahorro de esfuerzo que la técnica proporciona podemos incluir, como uno de sus componentes, la seguridad. La precaución, la angustia, el terror que la inseguridad provoca son formas del esfuerzo, de la imposición por parte de la naturaleza sobre el hombre.

Tenemos, pues, que la técnica es, por lo pronto, el esfuerzo para ahorrar el esfuerzo o, dicho en otra forma, es lo que hacemos para evitar por completo, o en parte, los quehaceres que la circunstancia primariamente nos impone. En esto se halla todo el mundo conforme; pero es curioso que sólo se entiende por una de sus caras, la menos interesante, el anverso, y no se advierte el enigma que su reverso representa.

¿No se cae en la cuenta de lo sorprendente que es que el hombre se esfuerce precisamente en ahorrarse esfuerzo? Se dirá que la técnica es un esfuerzo menor con que evitamos un esfuerzo mucho mayor y, por lo tanto, una cosa perfectamente clara y razonable. Muy bien; pero eso no es lo enigmático, sino esto otro: ¿Adónde va a parar ese esfuerzo ahorrado y que queda vacante? La cosa resalta más si empleamos los otros vocablos y decimos: si con el hacer técnico el hombre queda exento de los quehaceres impuestos por la naturaleza, ¿qué es lo que va a hacer, qué quehaceres van a ocupar su vida? Porque no hacer nada es vaciar la vida, es no vivir; es incompatible con el hombre. La cuestión, lejos de ser fantástica, tiene hoy ya un comienzo de realidad. Hasta una persona   aguda, ciertamente, pero que es sólo economista —Keynes— se planteaba esta cuestión: dentro de poco —si no hay retroceso, se entiende— la técnica permitirá que el hombre no tenga que trabajar más que una o dos horas al día. Pues bien: ¿qué va a hacer el resto de las veinticuatro? De hecho, en no escasa medida, esa situación es ya la de hoy: el obrero trabaja hoy ocho horas en algunos países y sólo cinco días —y según parece éste será el porvenir inmediato general; trabajar sólo cuatro días semanales—; ¿qué hace ese obrero del resto enorme de su tiempo, del ámbito hueco que queda en su vida?

Pero el que la técnica actual presente tan a las claras esta cuestión no quiere decir que no preexista desde siempre en toda técnica puesto que toda ella lleva a un ahorro de quehacer y no accidentalmente o como resultado que sobreviene al acto técnico, sino que ese afán de ahorrar esfuerzo es lo que inspira a la técnica. La cuestión, pues, no es adyacente, sino que pertenece a la esencia misma de la técnica, y ésta no se entiende si nos contentamos con confirmar que ahorra esfuerzo y no nos preguntamos en qué se emplea el esfuerzo vacante.

Y he aquí cómo la meditación sobre la técnica nos hace tropezar dentro de ella, como con el hueso en un fruto, con el raro misterio del ser del hombre. Porque es éste un ente forzado, si quiere existir, a existir en la naturaleza, sumergido en ella; es un animal. Zoológicamente, vida significa todo lo que hay que hacer para sostenerse en la naturaleza. Pero el hombre se las arregla para reducir al mínimum esa vida, para no tener que hacer lo que tiene que hacer el animal. En el hueco que la superación de su vida animal deja, vaca el hombre a una serie de quehaceres no biológicos, que no le son impuestos por la naturaleza, que él se inventa a sí mismo. Y precisamente a esa vida inventada, inventada como se inventa una novela o una obra de teatro, es a lo que el hombre llama vida humana, bienestar. La vida humana, pues, trasciende de la realidad natural, no le es dada como le es dado a la piedra caer y al animal el repertorio rígido de sus actos orgánicos —comer, huir, nidificar, etcétera—, sino que se la hace él, y este hacérsela comienza por ser la invención de ella. ¿Cómo? La vida humana ¿sería entonces en su dimensión específica… una obra de imaginación? ¿Sería el hombre una especie de novelista de sí mismo que forja la figura fantástica de un personaje con su tipo irreal de ocupaciones y que para conseguir realizarlo hace todo lo que hace, es decir, es técnico?


Ver online : ORTEGA Y GASSET


[1Traduzido em português por LIAL, Rio de Janeiro, 1959, 2.a ed., 1962.