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Notwendigkeit

sábado 8 de julho de 2023

Notwendigkeit  , nécessité, necessidade, necessity; Notwendig, Notwendige, necessário, nécessaire, necessary

Mas, que é o não-necessário? Que é o necessário? Que quer dizer “necessário”? Necessário é o que provém da necessidade e vem pela necessidade. E o que é a necessidade? A essência da necessidade é, de acordo com o sentido fundamental da palavra, o constrangimento [Zwang]. O relativo à necessidade [Nothaft], o necessário e o necessitante [Nötigende  ] é o que constrange, nomeadamente, o que constrange a que, na nossa “vida”, para a sua conservação, haja carências e nos constrange a satisfazer exclusivamente essas carências.

O não-necessário é aquilo que não provém da necessidade, quer dizer, não provém do constrangimento, mas daquilo que é livre. [HEIDEGGER, Martin. “A Pobreza”. Heidegger em Português: Tradução e notas de Ana Falcato, p. 4, 5 e 6, 2004. Acesse este e outros textos de Heidegger traduzidos para o português sob a supervisão de Irene Borges-Duarte  : http://www.martin-heidegger.net/]


"Necessidade" não é importante em Sein und Zeit  , tornando-se importante mais tarde. Heidegger não tem mais interesse   na necessidade lógica do que tem na possibilidade lógica. Notwendig(keit), "necessário; necessidade", vem de 1. Not, "falta, indigência, carência", que também gera nötig, "necessário", nötigen, "forçar, compelir", e Nötigung, "compulsão, coerção", e 2. wenden, "virar". Portanto notwendig originalmente significava "falta ou carência que vira" (GA6  -1, 435, 471/GA6-1, 172, 207; GA XXXIX  , 244). (INWOOD  , DH:148)
Alle Notwendigkeit wurzelt in einer Not [GA65   §17]. Le mot Notwendigkeit est entendu à partir de Not. Il importe dès lors de considérer le second élément du mot (Wendigkeit), et de saisir qu’il implique l’idée de : ce qui fait tourner (l’urgence). Mais alors ne doit pas échapper que, primordiale à cette acception, est celle de l’urgence qui place dans la situation   d’avoir à lui faire face. Autrement dit : Notwendigkeit (bien que ce mot soit récent dans la langue allemande) montre la particularité des mots prime-rains, à savoir de dire deux choses apparemment contradictoires. Ici : l’urgence qui force à trouver (c.-à-d. « tourner ») comment sortir de l’urgence. [GA65FF:65]
VIDE: Notwendigkeit

nécessité
necessity
necessidade

NT: Necessity (Notwendigkeit), 8, 13, 16, 45, 59, 76, 143 (as a modal), 165, 225-229, 249, 313fn (versus nonarbitrary), et passim; of repeating the question of being, xvii, 2-5, 20 (ontic-ontological), 37; of return to original "sources" of tradition  , 21; and possibility of the most radical individuation, 38; of the presupposition that "there is truth," 214, 226, 229; of presupposing an ontic-factical ideal   of Da-sein   for its ontological interpretation  , 310; of a coverup levelling ecstatic temporality, 304, 326-327, 426; primordial time is the condition of possibility and n. of the everyday experience of time, 332-333; of Nietzsche  ’s triad of historiography, 396; of timereckoning found in care, 411, 413; of time as the fate of spirit (Hegel  ), 435. See also Accident; Condition of possibility; Possibility; Reality [BTJS]


"Necessidade" não é importante em SZ, tornando-se importante mais tarde. Heidegger não tem mais interesse na necessidade lógica do que tem na possibilidade lógica. Notwendig(keit), "necessário; necessidade", vem de 1. Not, "falta, indigência, carência", que também gera nötig, "necessário", nötigen, "forçar, compelir", e Nötigung, "compulsão, coerção", e 2. wenden, "virar". Portanto notwendig originalmente significava "falta ou carência que vira" (GA6T1, 435, 471). Assim sendo: "Toda necessidade enraíza-se numa falta" (GA65, 45). Que falta? "Essa falta é o que conduz o homem por entre os entes e primeiramente o leva para diante dos entes como um todo e para o meio dos entes e assim o conduz para si mesmo, sempre permitindo o começo ou declínio da história. […] o ser-lançado [Geworfenheit  ] do homem entre os entes" (GA65, 45). (Em GA40  , 112s, isto é ilustrado pela "projeção poética do ser humano" de Sófocles  , a ode do coro de Antígona, II.332-375, que começa: "Muitas são as coisas estranhas, mas nenhuma / É mais estranha do que o homem".) Esta falta é a fonte da filosofia: "A necessidade de filosofia consiste no fato de, como reflexão, precisar resistir à falta e fundamentá-la, fazê-la o solo da história do homem, ao invés de removê-la" (GA65, 45). A falta é a favor do ser (GA65, 328), a indigência [Not] é a indigência do abandono pelo ser [Seinsverlassenheit  ], e deve "ser transformada em necessidade de criação" (GA65, 18). "Quem possui alguma vaga ideia da necessidade de pensar e questionar, a necessidade que não requer as muletas do por quê, nem os apoios do para quê?" (GA65, 19). [DH:148]
NT: os tradutores franceses, Alphonse de Waelhens   e Walter Biemel  . traduzem Notwendigkeit, segundo entendimento de Heidegger de seu sentido etimológico, quer dizer, composto das ideias de Not (perigo) e de Wende (oscilação). Define assim a necessidade como uma maneira de debater na constrição.
Welches ist diese Erfahrung  ? Welche Not wird in ihr erfahren als dasjenige, was eine Wende und damit die Not-wendigkeit einer Umwertung   und damit eine neue Wertsetzung ernötigt? [GA6T1:389] N.T.: Heidegger joga aqui com a etimologia própria ao termo necessidade em alemão: Notwendigkeit. Esse termo é composto a partir de dois substantivos: Not (penúria, carecimento, urgência) e Wende (viragem, transição, mudança). O termo necessidade repousa, assim, em alemão sobre a experiência de uma penúria que exige e impõe uma viragem. Nesse contexto, porém, é importante ressaltar o que Heidegger tem em vista por penúria. Não um estado de carência faticamente constatável, mas um derivado do caráter próprio ao ser-aí como poder-ser. Em verdade, essa penúria aqui em questão mobiliza os projetos históricos do ser-aí e ao mesmo tempo torna necessário o abandono de antigos projetos em nome de novos. [Casanova  ; GA6MAC:306]