Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Gesamtausgabe > Heidegger: Filosofia e Pensamento

Heidegger: Filosofia e Pensamento

sábado 15 de abril de 2017

Wisser: Evidentemente o que importa para o Sr. é a desconstrução da subjetividade e não o que se escreve hoje em letras maiúsculas, “o Antropológico" e "o Antropocêntrico” — isto é, a ideia de que o homem já apreendeu, no conhecimento de si mesmo e na ação que ele realiza, a sua própria essência. O Sr. convida o homem a prestar mais atenção na experiência do ser-aí (Dasein  ), onde o homem se reconhece como uma essência aberta ao Ser e o Ser se oferece a ele como desvelamento (Unverborgenheit  ). Toda sua obra está consagrada a provar a necessidade de uma tal transformação do ser do homem a partir de uma experiência do ser-aí.

O Sr. percebe indícios que permitam crer que esse pensamento considerado necessário tornar-se-á realidade?

Heidegger: Ninguém sabe qual será o destino do pensamento. Em 1964, em uma conferência que não foi pronunciada por mim mesmo, mas cujo texto foi lido em tradução francesa, em Paris, eu falei do “fim da filosofia e a tarefa do pensamento". Faço pois uma distinção entre a filosofia, quer dizer, a metafísica, e o pensamento, tal qual o entendo.

O pensamento que, nessa conferência, eu distingo da filosofia — o que se faz sobretudo quando tento esclarecer a essência da aletheia   grega — esse pensamento é, fundamentalmente, em sua relação com a metafísica, muito mais simples do que a filosofia, mas precisamente em razão de sua simplicidade, muito mais difícil de se realizar.

E ele exige um novo cuidado com a linguagem, e não a invenção de termos novos como eu pensava outrora; muito mais um retorno ao conteúdo originário da linguagem que nos é própria e que é vítima de um continuo perecer.

Um pensador futuro, que será talvez colocado perante a tarefa de assumir efetivamente esse pensamento que eu tento preparar, deverá acomodar-se a uma palavra que Heinrich von Kleist escreveu um dia e que diz:

“Apago-me diante de alguém que não está ainda aqui, e inclino-me, a um milênio de distância, perante seu espírito".


Ver online : O QUE NOS FAZ PENSAR