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Gadamer (VM): conhecimento da essência

quarta-feira 24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro

Até se pode dizer mais do que isso: A representação da essência é tampouco uma mera imitação  , que é necessariamente demonstrativa. Quem imita tem de deixar algo fora ou realçar algo. Porque ele mostra, queira ou não, terá de exagerar. Tendo isso em vista, existe uma distância de ser intransponível entre o ente que "é assim como" e aquele ao qual ele quer se igualar. Sabe-se que Platão   insistiu nesse distanciamento ontológico, no mais ou no menos de desvantagem da cópia em relação ao modelo originário, e a partir daí, relegou à terceira categoria a imitação e a representação no jogo da arte, tidas como uma imitação da imitação. Não obstante, é o reconhecimento que está em obra na representação da arte, o qual possui o caráter de um genuíno conhecimento da essência e é justamente através do fato de que Platão entende todo conhecimento da essência como reconhecimento, que isso está objetivamente fundamentado: Aristóteles   pôde denominar a poesia como mais filosófica do que a história. VERDADE E MÉTODO PRIMEIRA PARTE 2.

A imitação tem pois, como representação, uma função de conhecimento característica. O conceito da imitação pôde, por esse motivo, bastar para a teoria da arte, enquanto o significado de conhecimento da arte continuou indiscutível. Mas isso só será válido enquanto permanecer garantido que conhecimento do verdadeiro é conhecimento da essência ja que um tal conhecimento serve à arte de uma maneira convincente. [121] Para o normalismo da ciência moderna, ao contrário, e o seu conceito de realidade, do qual Kant   extraiu as consequências agnosticistas para a estética, o conceito da mímesis viu prejudicada a sua vinculação estética. VERDADE E MÉTODO PRIMEIRA PARTE 2.