Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Gesamtausgabe > GA87:306-307 – Nietzsche - a questão do valor

GA87:306-307 – Nietzsche - a questão do valor

segunda-feira 19 de fevereiro de 2024

Giachini

Para Nietzsche  , segundo ouvimos, a questão pela certeza, pelo certo e indubitável, não é tão fundamental quanto a questão pelo valor.

[270] Ele explica isso assim:

“A questão da certeza só recebe sua gravidade sob o pressuposto que se tenha respondido a questão do valor”.

A questão da certeza, portanto, se transforma de um mero jogo numa questão essencial quanto a questão do valor tiver estabelecido que a certeza, a verdade é um valor para a vida, o valor supremo para a conservação. Assim, a questão do valor dá justificativa a todas as outras questões. E só através dela que a questão da certeza recebe seu verdadeiro fundamento.

Mostramos, pois, que assim como a questão da certeza, também a questão do valor pergunta pelo ente: Para Nietzsche, o ente é vontade de poder – e enquanto tal, imposição de valor. O ente, portanto, inclui valores. Consequentemente, também Nietzsche coloca a antiga questão – todavia num sentido específico, que ganhou caráter histórico.

Mais uma vez então procuramos esclarecer o que compreende Nietzsche por questão do valor: Em seu pensamento sobre valor, segundo ouvimos, está em questão a inversão de todos os valores. Visto falar de “imposição de valor”, ele admite valores, a imposição de valores também no pensamento antigo, projeta seu pensamento retrospectivamente. Sim, na imposição dos valores supremos ele vê a tarefa primordial da metafísica. Ele chama a essa interpretação de “moral  ” – “moral”, aqui, como o modo de instituir valores segundo o “bem” e o “mal”. O “bem” é o devido, o determinante, e o “mal” é seu valor contrário. Antes da inversão de Nietzsche, os valores supremos eram: Deus – o mundo suprassensível. Ao processo de desvalorização e nova valorização ele chama de “Niilismo”. CJltrapassando a forma primitiva, o “niilismo incompleto”, que busca instituir outros ideais no lugar dos ideais decaídos, caminha o “niilismo completo”, o “niilismo ativo”. Ele fornece um novo princípio de imposição de valores. O mundo suprassensível, os ideias são derrubados, e em seu lugar vige agora o mundo sensível, o instinto no mais verdadeiro dos sentidos, portanto: “A vontade de poder”. Esse é o novo princípio da instituição de valores. [271] O suprassensível se torna meio instituído pelo sensível. O verdadeiro, o bem, Deus se transformam em mero valor para a vida, é instituído – o que antes era incondicionado [torna-se] condicionado. –

Original

Für Nietzsche, so hörten wir, ist die Frage   nach der Gewißheit  , vom Sicheren und Unbezweifelbaren, nicht   so fundamental wie die Frage nach dem Wert  .

Er erläutert das:

»Die Frage der Gewißheit erlangt ihren Ernst   erst unter der Voraussetzung  , daß   die Wertfrage beantwortet ist«.

Die Frage der Gewißheit wird also erst aus einer bloßen Spielerei zu einer wesentlichen Frage, wenn die Wertfrage festgestellt hat, daß die Gewißheit, die Wahrheit   ein Wert fürs Leben  , der oberste Wert der Erhaltung ist. Die Wertfrage gibt so allem anderen   Fragen die Berechtigung. Durch sie erhält die Frage der Gewißheit erst ihr eigentliches Fundament  .

Wir zeigten nun aber, daß ebenso wie die Frage der Gewißheit, die Wertfrage nach dem Seienden   fragt: für Nietzsche ist ja das Seiende Wille   zur Macht   — und als dieses Wertsetzung. Das Seiende schließt also die Werte ein. Folglich fragt auch Nietzsche die alte Frage — allerdings in neuem besonderem, geschichtlich   gewordenen Sinn  .

Wir haben   uns dann   noch einmal verdeutlicht, was Nietzsche unter der Wertfrage meint: Bei   seinem Wertedenken, so hörten wir, handelt es sich um die Umwertung aller Werte. Er nimmt also, da er ja von »Umwertung« spricht, auch für das frühere [307] Denken   Werte, Wertsetzungen an, projiziert sein   Denken zurück. Ja, er sieht in der Setzung der obersten Werte die vornehmste Aufgabe der Metaphysik  . Diese Auslegung   nennt er die »moralische« — »Moral« hier als die Art, nach »Gut  « und »Böse  « Werte zu setzen. Das »Gute« ist das Gesollte, Maßgebende, und das »Böse« sein Gegenwert. Die obersten Werte waren nun vor der Nietz-scheschen Umwertung: Gott   — die übersinnliche Welt  . Den Vorgang   der Entwertung und Neubewertung nennt er den »Nihilismus  «. Über seine Vorform, den »unvollendeten Nihilismus«, der an die Stelle   der alten gestürzten Ideale andere setzen will, hinweg schreitet der »vollendete«, der »aktive Nihilismus«. Er gibt ein neues Prinzip der Wertsetzung. Die übersinnliche Welt, die Ideale werden   gestürzt und es regiert nun die sinnliche Welt, der Trieb   im wahrsten Sinne, also: »Der Wille zur Macht«. Dieser ist das neue Prinzip der Wertsetzung. Das Übersinnliche wird jetzt   vom Sinnlichen gesetztes Medium. Das Wahre, das Gute, Gott wird zum bloßen Wert für das Leben, wird gesetzt, — das früher unbedingte [wird] bedingt. —


Ver online : Nietzsche. Seminare 1937 und 1944 [GA87]