Página inicial > Gesamtausgabe > GA6T1:511-512 – verdade é correção da representação

NIETZSCHE I [GA6T1]

GA6T1:511-512 – verdade é correção da representação

A VONTADE DE PODER COMO CONHECIMENTO

sábado 20 de maio de 2023, por Cardoso de Castro

Todavia, se nós dissermos que a essência da verdade é correção, então não temos em vista essa palavra no sentido mais rico da conformidade estabelecida em termos de conteúdo da representação com o ente que vem ao encontro. Correção é, nesse caso, compreendida como tradução de adaequatio   e homoiosis  . Também para Nietzsche   permanece de antemão decidido, e, de acordo com a tradição, que: verdade é correção.

Casanova

O fragmento começa: "A avaliação: ’eu acredito que isso e aquilo sejam assim’ enquanto a essência da verdade." Cada palavra, cada acento, cada aspecto da escrita e toda a conjunção de palavras são aqui importantes. A observação introdutória torna supérfluos volumes inteiros de teoria do conhecimento, supondo apenas que conquistemos a quietude, a duração e a solidez da meditação que tal sentença requer para ser compreendida.

Trata-se da determinação essencial da verdade. Nietzsche   coloca nessa passagem a palavra verdade entre aspas. Dito de maneira sucinta, isso quer dizer o seguinte: a verdade, tal como é geralmente compreendida, tal como é compreendida há muito tempo, ou seja, na história do pensamento ocidental, e tal como o próprio Nietzsche também precisa compreendê-la de antemão, sem ter consciência dessa necessidade, de sua amplitude e até mesmo de seu fundamento. Desde Platão   e Aristóteles  , a determinação essencial da verdade que não atravessa de forma dominante apenas o conjunto do pensamento ocidental, mas também a história do homem ocidental até o cerne de seu fazer cotidiano, de sua opinião   e representação habituais, é: a verdade é a correção [Richtigkeit  ] da representação [Vorstellen  ]. Nesse caso, além disso, representação significa: o ter-diante-de-si e o trazer-para-diante-de-si o ente que percebe e opina, lembra e planeja, espera e rejeita. A representação ajusta a si mesma ao ente, assimila-se a ele e o reproduz. Verdade diz: a adequação [Angleichung  ] da representação ao que o ente é e ao modo como ele é.

Por mais que possamos encontrar à primeira vista junto aos pensadores do Ocidente definições muito diversas e até mesmo opostas da essência da verdade, elas se fundam todas em uma única determinação: verdade como correção da representação. Não obstante, na medida em que na época moderna frequentemente se estabelece uma diferença entre correção e verdade, é preciso apontar aqui expressamente e mesmo reforçar o fato de que, de acordo com a terminologia dessa preleção, o termo "correção" precisa ser entendido no sentido de estar-dirigido-para o ente, de conformidade com o ente. Por vezes, no interior da lógica se dá ao termo "correção" a significação de ausência de contradição ou mesmo de consistência. No sentido primeiramente citado, a proposição "essa lousa é vermelha" é correta, mas não é verdadeira. Correta no sentido de que não contradiz a superfície dessa lousa. No entanto, apesar de sua correção, essa proposição não é verdadeira porque não é apropriada ao objeto. Correção como consistência significa que a proposição é deduzida de uma outra segundo as regras da conclusão lógica. Também se costuma denominar "verdade" formal   a correção no sentido da ausência de contradições e da consistência, uma "verdade" que não está ligada ao conteúdo do ente; e isso em contraposição à verdade material, relativa ao conteúdo. A conclusão é "formalmente" verdadeira, mas materialmente não verdadeira. Mesmo nesse conceito de correção (ausência de contradição, consistência) ressoa a ideia de conformidade a; e, com efeito, não de conformidade ao objeto visado, mas sim às regras seguidas junto à formação da proposição e ao estabelecimento da conclusão. Todavia, se nós dissermos que a essência da verdade é correção, então não temos em vista essa palavra no sentido mais rico da conformidade estabelecida em termos de conteúdo da representação com o ente que vem ao encontro. Correção é, nesse caso, compreendida como tradução de adaequatio e homoiosis  . Também para Nietzsche permanece de antemão decidido, e, de acordo com a tradição, que: verdade é correção. [GA6PT  :359-360]

Klossowski

Le morceau commence par « Le jugement de valeur: “je crois que ceci et cela est ainsi” en tant qu’essence de la “vérité” ». Pas un mot, pas un soulignement, pas une tournure, qui ne soit important, comme tout l’agencement des termes. La remarque d’introduction rend superflus des volumes entiers de « théorie de la connaissance », pourvu que nous sachions fournir le calme et l’endurance d’une méditation aussi approfondie que l’exige pareil mot pour être compris.

Il s’agit de la détermination de l’essence de la vérité. Nietzsche écrit le mot vérité entre guillemets. Ce qui veut dire succinctement : la vérité telle que depuis longtemps, c’est-à-dire durant l’histoire de la pensée occidentale, elle a été entendue, telle qu’il a fallu que Nietzsche l’entende, sans être conscient de cette nécessité et de sa portée, ni même de sa raison. [398] La détermination de la vérité, laquelle depuis Platon et Aristote domine et pénètre non seulement l’ensemble de la pensée occidentale, mais d’une manière générale l’histoire de l’homme occidental, jusque dans son agir quotidien, ses jugements et ses représentations habituels, cette détermination s’énonce brièvement ainsi : la vérité est la justesse de la représentation, – en quoi se représenter signifie : avoir-devant-soi et amener-devant-soi l’étant, par la perception et dans l’intention   signifiante, par le souvenir et par le projet, par l’espérance et par le rejet. La représentation se dirige d’après l’étant, se rend égale à lui et le reproduit. La vérité signifie : l’adéquation de la représentation à ce qu est l’étant et à la manière dont il est – [à sa quiddité et à sa modalité].

Encore que chez les penseurs de l’Occident  , selon la première apparence, on rencontre des délimitations conceptuelles fort différentes, voire opposées de l’essence de la vérité, néanmoins toutes se fondent sur cette seule et unique détermination : la vérité est la rectitude de la représentation. Toutefois, comme il arrive, depuis une époque plus récente, que souvent l’on distingue entre la rectitude et la vérité, il est indispensable d’indiquer ici expressément pour qu’il n’y ait plus de doute possible à cet égard, que dans l’emploi des termes de cette leçon nous entendons celui de rectitude [Richtigkeit] [1] au sens littéral de Gerichtetheit auf  …, dirigé, réglé sur…, soit de conformité à, de conformité à ce qui est. Car en effet, il arrive parfois en logique que l’on donne au mot [Gerichtetheit] rectitude le sens de non-contradiction ou encore de rectitude dans la conséquence. Dans le premier cas, la proposition : ce tableau est rouge, – est une proposition qui a de la rectitude mais pas de vérité; elle a de la rectitude en ce sens qu’il n’est pas contradictoire pour ce tableau d’être rouge, – elle n’est pas vraie, en ce sens que, malgré sa rectitude la proposition n’est pas conforme à son objet. La rectitude, en tant que rectitude dans la conséquence veut dire qu’une proposition a été correctement déduite d’une autre proposition conformément aux règles de la conclusion logique. On nomme la rectitude, au sens de la non-contradiction et de la conséquence correcte, également « vérité » formelle, ne se rapportant pas au contenu de ce qui est, à la différence de la vérité matérielle, qui concerne le contenu. La proposition qui conclut est « formellement » vraie, mais matériellement non vraie. Même ce concept de [399] rectitude (non-contradiction, rectitude dans la conséquence à tirer fait encore écho à l’idée de la conformité à, certes non pas de la conformité à ce qui concerne l’objet entendu, mais de la conformité aux règles à suivre pour former une proposition et en déduire la conclusion. En revanche, lorsque nous-mêmes disons que l’essence de la vérité est la rectitude, nous entendons ce mot dans le sens plus riche de la conformité du contenu de représentation, à l’occurrence de l’étant. Rectitude s’entend alors comme traduction de adaequatio et de ὁμοίωσις. Nietzsche lui-même s’en tient à cette notion, dont il ne songe pas à discuter le sens traditionnel : à savoir que la vérité est la rectitude. [GA6T2FR:397-399]

Original

Das Stück beginnt: »Die Wertschätzung  ich   glaube  , daß   Das und Das so ist‟ als Wesen   der „Wahrheit  ‟.« Jedes Wort  , jede Unterstreichung, jede Schreibart und die ganze   Wortfügung sind hier wichtig. Die einleitende Bemerkung macht   Bände von Erkenntnistheorien überflüssig, gesetzt nur, daß wir die Ruhe   und Ausdauer und Gründlichkeit der Besinnung   auf-bringen  , die ein solches Wort fordert, um ein begriffenes zu werden  .

Es handelt sich um die Wesensbestimmung   der Wahrheit. Nietzsche schreibt dabei das Wort Wahrheit in Anführungsstrichen. Das will in Kürze sagen  , die Wahrheit, wie man sie gemeinhin versteht und wie man sie seit langem, will heißen: in der Geschichte   des abendländischen Denkens, versteht und wie sie auch Nietzsche selbst   im voraus verstehen   muß, ohne sich dieser Notwendigkeit   und ihrer Tragweite oder gar ihres Grundes bewußt zu sein  . Die Wesensbestimmung der Wahrheit, die seit Platon und Aristoteles nicht   allein das gesamte abendländische Denken  , sondern überhaupt die Geschichte des abendländischen Menschen bis in das alltägliche Tun   und das gewöhnliche Meinen und Vorstellen hinein durchherrscht, lautet kurz: Wahrheit ist Richtigkeit des Vorstellens, wobei Vorstellen heißt: das wahrnehmende und meinende, erinnernde und planende, hoffende und verwerfende Vor-sich-haben   und Vor-sich-bringen des Seienden  . Das Vorstellen richtet sich nach dem Seienden, gleicht sich ihm an und gibt es wieder. Wahrheit besagt: die Angleichung des Vorstellens an das, was das Seiende ist und wie es ist.

Wenn wir auch bei   den Denkern des Abendlandes dem ersten Anschein nach sehr verschiedene und sogar entgegenlaufende [511] Begriffsumgrenzungen des Wesens der Wahrheit antreffen, sie gründen   doch alle in der einen und einzigen Bestimmung: Wahrheit ist Richtigkeit des Vorstellens. Da jedoch in der neueren Zeit   oft Richtigkeit und Wahrheit unterschieden werden, bedarf es hier der ausdrücklichen Hinweisung und Einschärfung, daß im Wortgebrauch dieser Vorlesung Richtigkeit im wörtlichen Sinne der Gerichtetheit auf ..der Angemessenheit an das Seiende verstanden wird; zuweilen gibt man nämlich in der Logik   dem Wort »Richtigkeit« die Bedeutung von Widerspruchslosigkeit oder auch von Folgerichtigkeit. Im erstgenannten Sinne ist dann   der Satz  : diese Tafel ist rot, richtig, aber unwahr; richtig in dem Sinne, als es dieser Tafelfläche nicht widerspricht, rot zu sein; unwahr ist der Satz trotz seiner Richtigkeit, weil nicht dem Gegenstand   angemessen. Richtigkeit als Folgerichtigkeit besagt, daß ein Satz aus einem anderen   den Regeln der Schlußfolgerung gemäß gefolgert ist. Man nennt die Richtigkeit im Sinne der Widerspruchslosigkeit und der Folgerichtigkeit auch die formale, nicht auf das Inhaltliche des Seienden bezogene »Wahrheit« im Unterschied   zur materialen, inhaltlichen Wahrheit. Der Schlußsatz ist »formal« wahr, aber material unwahr. Selbst in diesem Begriff   der Richtigkeit (Widerspruchslosigkeit, Folge  -richtigkeit) klingt noch der Gedanke der Anmessung   an, zwar nicht an das gemeinte Gegenständliche, sondern an die bei der Satzbildung und Schlußfolgerung befolgten Regeln. Sagen wir aber, das Wesen der Wahrheit sei Richtigkeit, dann meinen wir das Wort in dem reicheren Sinne der inhaltlichen Anmessung des Vorstellens an das begegnende Seiende. Richtigkeit ist dann verstanden als Übersetzung   von adaequatio und ὁμοίωσις. Auch für Nietzsche bleibt im voraus und nach der Überlieferung   ausgemacht: Wahrheit ist Richtigkeit.


Ver online : NIETZSCHE I [GA6T1]


[1Pour cette raison nous traduisons Richtigkeit (justesse, exactitude) à dessein par rectitude étymologiquement fidèle au sens heideggérien de Gerichtetheit. Cf. Note p. 415.