Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA29-30:89-90 – tonalidades [Stimmungen]

terça-feira 27 de abril de 2021

nossa tradução do francês

Tonalidades - não é isso, justamente, que menos pode ser inventado? Pelo contrário, não é o que vos submerge, o que não podemos comandar, mas bem o que se forma de si mesmo, o que não pode ser obtido pela força, mas em que antes todavia nos vemos mergulhados? Em consequência, tal tonalidade, se a permitirmos ser tonalidade, não nos é nem possível, nem permitido obtê-la pela força, artificial e arbitrariamente. Deve ser já aí. O que só podemos fazer é constatá-la. Mas como podemos constatar uma tonalidade fundamental do filosofar? Uma tonalidade pode ser constatada como se achando correntemente ser aí, pode ser estabelecida como um fato geralmente admitido? Afinal de contas, uma tonalidade é algo que constatamos enquanto se acha ser aí, como por exemplo o fato que uns são loiros e outros negros? Uma tonalidade é algo que justamente se tem, ou que justamente não se tem? Certamente, dir-se-á que a tonalidade é talvez algo diferente da cor dos cabelos e da pele de um homem, mas que assim mesmo é algo que pode ser constatado nele. De que outra forma saberíamos algo sobre isso? Uma sondagem deve, portanto, fornecer-nos a tonalidade fundamental que é buscada. Suponha que isso possa ser efetuado, mesmo apenas no círculo daqueles que estão aqui presentes agora - estamos, portanto, tão certos de que os indivíduos sondados ​​são, a cada vez, capazes de dar informações concernindo a existência "neles" desta tonalidade fundamental? Talvez uma coisa como a tonalidade fundamental buscada seja precisamente algo que não pode ser constatado desta forma em resposta a uma demanda. Pode ser que à constatação de uma tonalidade não pertença o fato que se a tenha, mas o fato que se é disposto em conformidade a ela.

Casanova

Tonalidade afetiva – não é justamente isto o que menos se deixa inventar, mas que sempre se abate sobre alguém; não é justamente isto que não estamos em condições de impingir, mas que se conforma por si mesmo? Não é justamente isto que não se alcança através da mera coação, mas em que caímos? Neste sentido, podemos e temos o direito a uma tal tonalidade afetiva quando a deixamos ser e não a alcançamos através de um impulso artificial e arbitrário. Ela já precisa estar aí. O que podemos fazer é apenas constatá-la. No entanto, como devemos constatar uma tonalidade afetiva fundamental do filosofar? Uma tonalidade afetiva é capaz de ser constatada como algo correntemente presente como um dado e comprovada como um fato universalmente aceito? A tonalidade afetiva é acima de tudo algo que podemos constatar enquanto presente como um dado, como o fato de uns serem louros e outros morenos? A tonalidade afetiva é algo mesmo que propriamente se tem ou não se tem? Certamente se dirá que a tonalidade afetiva talvez seja algo diverso da cor do cabelo e da pele no homem, mas de qualquer modo algo que pode ser constatado nele. De outro modo, como poderiamos saber algo sobre ela? Assim, uma ampla inquirição tem de proporcionar para nós a tonalidade afetiva fundamental procurada. Suponhamos que esta inquirição seja passível de ser executada, mesmo que apenas no círculo dos que estão aqui e agora presentes. Estamos, afinal, tão certos de que os inquiridos estão em condições de prestar informações sobre a existência desta tonalidade afetiva fundamental “neles”? Talvez algo justamente do gênero da tonalidade afetiva fundamental procurada não seja constatável a partir de uma requisição por informações. É possível que não pertença à constatação de uma tonalidade afetiva apenas o fato de se possuí-la, mas também o fato de se estar correspondentemente afinado com ela. [HEIDEGGER, Martin. Os conceitos fundamentais da Metafísica. Mundo – Finitude – Solidão. Tr. Marco Antônio Casanova  . Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 78]

Daniel Panis

Des tonalités – n’est-ce pas cela, justement, qui peut le moins être inventé ? N’est-ce pas au contraire ce qui vous submerge, ce que nous ne pouvons pas commander, mais bien ce qui se forme de soi-même, ce qui ne peut être obtenu de force, mais dans quoi [98] plutôt nous nous voyons plongés? Par conséquent, pareille tonalité, si nous la laissons être tonalité, il ne nous est ni possible, ni permis de l’obtenir de force, artificiellement et arbitrairement. Elle doit être déjà là. Ce que nous pouvons faire seulement, c’est la constater. Mais comment constater une tonalité fondamentale du philosopher? Une tonalité peut-elle être constatée comme se trouvant couramment être là, peut-elle être établie comme un fait généralement admis? Une tonalité est-elle, somme toute, quelque chose que nous constatons en tant qu’elle se trouve être là, comme par exemple le fait que les uns sont blonds et les autres noirs? Une tonalité est-elle quelque chose que justement on a, ou que justement on n’a pas ? Certes, on dira que la tonalité est peut-être quelque chose d’autre que la couleur des cheveux et de la peau d’un homme, mais que c’est quand même quelque chose qui peut être constaté en lui. Comment, autrement, en saurions-nous quelque chose? Un sondage doit donc nous procurer la tonalité fondamentale qui est recherchée. Supposons qu’il puisse être effectué, même seulement dans le cercle de ceux qui sont ici présents maintenant – sommes-nous donc si sûrs que les individus sondés soient chaque fois en mesure de donner des informations concernant l’existence « en eux » de cette tonalité fondamentale ? Peut-être qu’une chose comme la tonalité fondamentale recherchée est précisément quelque chose qui ne peut être ainsi constaté en réponse à une demande. Il se pourrait qu’à la constatation d’une tonalité n’appartienne pas seulement le fait qu’on l’a, mais le fait qu’on est disposé conformément à elle. [GA29-30DP:97-98]

McNeill

Attunements – are they not   something we can least of all invent, something that comes over us, something that we cannot simply call up? Do they not form of their own accord, as something we cannot forcibly bring about, but into which we slip unawares? If so, then we cannot and may not forcibly bring about such an attunement artificially or arbitrarily, if we are going to allow it to be an attunement. It must already be there. All we can do is to ascertain it. Yet how are we to ascertain a fundamental attunement of philosophizing? Can an attunement be ascertained as generally at hand  , can it be demonstrated as a universally admitted fact? Is attunement in general something we take note of as something at hand, just as we notice, for example, that some people are fair and others dark? Is attunement something that one simply has or does not have? Of course, people will say, attunement is perhaps something other [60] than the colour of the hair and skin of human beings, yet something which nevertheless can be ascertained with regard to human beings. How else should we know about such attunements? Thus we will have to undertake a survey to give us the fundamental attunement we are seeking. Granted that this could be carried out, even merely within the circle of those present here and now – are we really so sure that those we ask are in each case in a position to inform us about how this fundamental attunement of their Dasein   is there ‘in them’? Perhaps such a thing as the fundamental attunement we are seeking is precisely something that cannot be ascertained in this way by an inquiry. It could be that it pertains to ascertaining an attunement not merely that one has the attunement, but that one is attuned in accord with it. [GA29-30WMN:59-60]

Original

Stimmungen – ist das nicht   gerade das, was sich am wenigsten erfinden läßt, sondern was über einen kommt, was wir [90] nicht aufreden können, sondern was sich von selbst   bildet, was sich nicht erzwingen läßt, sondern wohin   wir geraten? Demnach können wir und dürfen wir eine solche Stimmung  , wenn wir sie Stimmung sein   lassen  , nicht künstlich und willkürlich erzwingen. Sie muß schon da sein. Was wir tun   können, ist nur, sie festzustellen. Aber wie sollen   wir eine Grundstimmung des Philosophierens feststellen? Läßt sich eine Stimmung als durchgängig vorhanden feststellen, als allgemein   zugestandene Tatsache erweisen? Ist Stimmung überhaupt so etwas, das wir als Vorhemden konstatieren, wie etwa, daß   die einen blond, die ändern schwarz sind? Ist Stimmung etwas, was man eben gerade hat oder nicht hat? Gewiß, wird man sagen  , die Stimmung ist vielleicht etwas anderes als die Haar  - und Hautfarbe am Menschen, aber doch etwas, was an ihm festgestellt werden   kann. Wie sollen wir anders davon wissen  ? Also muß uns eine Umfrage die gesuchte Grundstimmung verschaffen. Angenommen, sie ließe sich durchführen, selbst nur im Umkreis   der hier jetzt   Anwesenden – sind wir denn so sicher, daß die Gefragten jeweils imstande sind, über das Dasein dieser Grundstimmung »in ihnen« Auskunft zu geben? Vielleicht ist dergleichen wie die gesuchte Grundstimmung gerade etwas, was so auf   eine Anfrage hin nicht feststellbar ist. Eis könnte sein, daß es zur Feststellung einer Stimmung nicht nur gehört, daß man sie hat, sondern daß man ihr entsprechend gestimmt ist. [GA29-30  :89-90]


Ver online : The Fundamental Concepts of Metaphysics: World, Finitude, Solitude [GA29-30]