Página inicial > Gesamtausgabe > GA24:101-102 – descerramento (desvelamento) do ser [Erschlossenheit (…)

Die Grundprobleme der Phänomenologie (Sommersemester 1927) [GA24]

GA24:101-102 – descerramento (desvelamento) do ser [Erschlossenheit (Enthülltheit) des Seins]

§ 9. Grundsätzlichere Fassung

sexta-feira 9 de junho de 2023, por Cardoso de Castro

Precisamos conseguir, agora, expor mais exatamente a conexão entre o ter sido descoberto do ente e o descerramento de seu ser, mostrando como o descerramento (desvelamento) do ser funda, isto é, fornece o fundamento para a possibilidade do ter sido descoberto do ente.

Casanova

Posteriormente nos ocuparemos em saber como essa compreensão prévia e pré-conceitual da presença à vista (realidade efetiva) reside na descoberta do ente presente à vista – o que esse residir significa e como ele é possível. Agora, a única coisa que importa é efetivamente ver que o comportamento descobridor em relação ao ente presente à vista se mantém em uma compreensão de presença à vista e que pertence a esse comportamento, isto é, à existência do ser-aí, o descerramento de presença à vista. Essa é a condição de possibilidade para que o ente presente à vista possa ser descoberto. A possibilidade da descoberta, isto é, a perceptibilidade de algo presente à vista, pressupõe o descerramento da presença à vista. No que concerne à sua possibilidade, o ter sido percebido funda-se na compreensão da presença à vista. Assim, somente quando tivermos trazido de volta o ter sido percebido do percebido para os seus fundamentos, isto é, somente quando tivermos analisado essa compreensão de presença à vista mesma que pertence à intencionalidade da percepção, estaremos em condições de clarificar o sentido da presença à vista assim compreendida, ou, dito em termos kantianos, o sentido de ser-aí e existência.

[110] Sem que tenha clareza quanto a isso, é a essa compreensão de ser que Kant   manifestamente recorre, quando ele diz que ser-aí, realidade efetiva, seria igual à percepção. Sem que venhamos já a dar a resposta à pergunta sobre como seria preciso interpretar a realidade efetiva, precisamos manter presente para nós o fato de que, ante a interpretação kantiana de que realidade efetiva é igual à percepção, uma profusão de estruturas e momentos estruturais daquilo ao que Kant no fundo recorre se oferece. De início, deparamo-nos com a intencionalidade. A essa intencionalidade pertence não apenas intentio   e intentum, mas de maneira igualmente originária um modo do ter sido descoberto do intentum. Ao ente, que é percebido na percepção, contudo, não pertence apenas o fato de ele ser descoberto, o ter sido descoberto do ente, mas também o fato de o modo de ser do ente descoberto ser compreendido, isto é, descerrado. Por isso, não cindimos apenas terminologicamente, mas também por razões materiais entre o ter sido descoberto de um ente e o descerramento de seu ser. O ente só pode ser descoberto, seja pela via da percepção, seja por algum outro modo de acesso, se o ser do ente já se encontrar descerrado – se eu o compreendo. Somente então posso perguntar se ele real e efetivamente é ou não e posso pôr mãos à obra para de alguma maneira constatar a realidade efetiva do ente. Precisamos conseguir, agora, expor mais exatamente a conexão entre o ter sido descoberto do ente e o descerramento de seu ser, mostrando como o descerramento (desvelamento) do ser funda, isto é, fornece o fundamento para a possibilidade do ter sido descoberto do ente. Formulado de outro modo, precisamos conseguir apreender conceitualmente a diferença entre ter sido descoberto e descerramento e apreendê-la conceitualmente como uma diferença possível e necessária, concebendo do mesmo modo, porém, também a unidade dos dois. Nisso reside ao mesmo tempo a possibilidade de apreender a diferença entre o ente descoberto no ter sido descoberto e o ser descerrado no descerramento, isto é, fixando a diferenciação entre ser e ente, a diferença ontológica. Na esteira do problema kantiano, chegamos à questão acerca da diferença ontológica. [111] Somente na medida em que resolvermos esse problema ontológico fundamental, conseguiremos não apenas fundamentar positivamente a tese kantiana de que o “ser não é nenhum predicado real”, mas ao mesmo completá-la positivamente por meio de uma interpretação radical do ser em geral como presença à vista (realidade efetiva, ser-aí, existência).

Courtine

Comment cette compréhension préalable et préconceptuelle de la subsistance (effectivité) est-elle impliquée dans le découvrement de l’étant-subsistant? Que signifie cette implication et qu’est-ce qui la rend possible? Autant de questions dont nous nous préoccuperons par la suite. Pour le moment, il s’agit simplement de voir que le comportement découvrant par rapport à l’étant-subsistant se tient dans une compréhension de la subsistance, et que l’ouverture de la subsistance appartient à ce comportement, c’est-à-dire à l’existence du Dasein  . Cette ouverture est la condition de possibilité de la découverte de l’étant-subsistant. La possibilité de découvrir, c’est-à-dire de percevoir l’étant-subsistant présuppose l’ouverture de la subsistance. [98] La perceptité se fonde, quant à sa possibilité, sur la compréhension de la subsistance. Ce n’est qu’en reconduisant ainsi la perceptité du perçu à ses fondations, c’est-à-dire en analysant cette compréhension de la subsistance elle-même, telle qu’elle appartient essentiellement à la pleine intentionnalité de la perception, que nous serons en mesure d’éclairer le sens de la subsistance ainsi entendue, ou en termes kantiens, le sens de l’être-là et de l’existence.

C’est manifestement à cette compréhension ontologique que Kant a lui-même recours, sans s’en apercevoir clairement, lorsqu’il déclare qu’être-là, effectivé égalent perception. Sans avoir encore à répondre à la question de savoir comment l’effectivité doit être interprétée, il nous faut garder présent à l’esprit le fait que, en regard de l’interprétation kantienne (effectivité égale perception), les structures et les moments structurels auxquels Kant recourt finalement, s’offrent à nous en abondance. Nous nous heurtons tout d’abord à l’intentionnalité. A celle-ci n’appartiennent pas seulement intentio et intentum, mais tout aussi originellement un mode de découverte de l’intentum découvert dans l’intentio. Mais à cet étant qui est perçu dans la perception, n’appartient pas seulement la découverte, l’être-découvert, mais aussi le fait que le mode d’être de l’étant découvert est compris, c’est-à-dire ouvert. C’est pourquoi nous distinguons non seulement terminologiquement, mais encore pour des raisons qui tiennent à la chose même, la découverte d’un étant de l’ouverture de son être [1]. De l’étant ne peut être découvert – que ce soit par le biais de la perception ou selon un autre mode d’accès – que si l’être de l’étant est déjà ouvert – , si je le comprends. C’est à cette seule condition que je peux demander s’il est ou non effectif, et que je peux me soucier en quelque manière d’établir l’effectivité de l’étant. Il faut à présent mettre en lumière plus précisément la connexion qui existe entre la découverte de l’étant et l’ouverture de son être, et montrer comment l’ouverture (le dévoilement) de l’être est fondatif, c’est-à-dire donne le fond, les fondations pour la possibilité de la découverte de l’étant. En d’autres termes, il faut arriver à saisir conceptuellement, dans sa possibilité et sa nécessité, la différence de la découverte et de l’ouverture, mais également à comprendre l’unité possible des deux. Ce qui implique du même coup la possibilité de saisir la différence de l’étant découvert dans le découvrement et de l’être ouvert dans l’ouverture, c’est-à-dire de fixer la distinction entre l’être et l’étant, la différence ontologique. Nous en arrivons ainsi, en nous attachant au problème kantien, à la question de la différence ontologique. [99] C’est seulement sur le chemin de la solution de ce problème ontologique fondamental que nous parviendrons non seulement à fonder positivement la thèse kantienne (« l’être n’est pas un prédicat réel »), mais encore à la compléter de manière positive   par une interprétation radicale de l’être en général comme subsistance (effectivité, être-là, existence).

Original

Wie dieses vorgängige vorbegriffliche Verstehen   von Vorhandenheit   (Wirklichkeit  ) im Entdecken   von Vorhandenem liegt, – was dieses Liegen besagt und wie es möglich ist, wird uns später beschäftigen. Jetzt   kommt es nur darauf an, überhaupt zu sehen  , daß   das entdeckende Verhalten   zum Vorhandenen sich in einem Verstehen von Vorhandenheit hält und daß zu diesem Verhalten, d. h. zur Existenz   des Daseins, die Erschlossenheit   von Vorhandenheit gehört. Diese ist die Bedingung der Möglichkeit   der Entdeckbarkeit von Vorhandenem. Die Entdeckbarkeit, d. h. die Wahrnehmbarkeit von Vorhandenem, setzt Erschlossenheit von Vorhandenheit voraus. Die Wahrgenommenheit   gründet hinsichtlich ihrer Möglichkeit im Verstehen von Vorhandenheit. Erst wenn wir die Wahrgenommenheit des Wahr genommenen so auf   ihre Fundamente   zurückbringen  , d. h. dieses zur vollen Intentionalität der Wahrnehmung wesensmäßig gehörige Verstehen von Vorhandenheit selbst   analysieren, setzen wir uns instand, den Sinn   der so verstandenen Vorhandenheit, Kantisch gesprochen den Sinn von Dasein und Existenz, aufzuklären.

Dieses Seinsverständnis ist es offenbar, worauf   Kant, ohne daß er es deutlich sieht, rekurriert, wenn er sagt, Dasein, Wirklichkeit, sei gleich   Wahrnehmung. Ohne daß wir schon die Antwort geben auf die Frage  , wie Wirklichkeit zu interpretieren sei, müssen wir uns gegenwärtig halten, daß gegenüber der Kantischen Interpretation  : Wirklichkeit gleich Wahrnehmung, sich eine Fülle von Strukturen und Strukturmomenten dessen darbietet, worauf Kant im Grunde rekurriert. Zunächst   stoßen wir auf die Intentionalität. Zu dieser gehören   nicht   nur intentio und intentum, sondern ebenso ursprünglich   ein Modus   der Entdecktheit des in der intentio entdeckten intentum. Zu dem Seienden  , das in der Wahrnehmung wahrgenommen ist, gehört aber nicht nur, daß es entdeckt ist, die Entdecktheit des Seienden, sondern auch, daß die Seinsart des entdeckten Seienden [102] verstanden, d. h. erschlossen ist. Wir scheiden deshalb nicht nur terminologisch, sondern auch aus sachlichen Gründen zwischen   der Entdecktheit eines Seienden und der Erschlossenheit seines Seins. Seiendes kann nur entdeckt werden  , sei es auf dem Wege der Wahrnehmung oder sonst einer Zugangsart  , wenn das Sein   des Seienden schon erschlossen ist, – wenn ich   es verstehe. Nur dann   kann ich fragen, ob es wirklich ist oder nicht, und kann mich auf irgendeinem Weg   daranmachen, die Wirklichkeit des Seienden festzustellen. Es muß nun gelingen, den Zusammenhang   zwischen der Entdecktheit des Seienden und der Erschlossenheit seines Seins genauer aufzuweisen und zu zeigen  , wie die Erschlossenheit (Enthülltheit  ) des Seins fundiert, d. h. den Grund, das Fundament gibt für die Möglichkeit der Entdecktheit des Seienden. Anders gewendet, es muß gelingen, den Unterschied   von Entdecktheit und Erschlossenheit begrifflich zu fassen und als möglichen und notwendigen  , aber ebenso auch die mögliche Einheit   beider zu begreifen  . Darin liegt zugleich die Möglichkeit, den Unterschied zwischen dem in der Entdecktheit entdeckten Seienden und dem in der Erschlossenheit erschlossenen Sein zu   fassen, d. h. die Unterscheidung zwischen Sein und Seiendem, die ontologische Differenz zu fixieren. Wir kommen   im Verfolg des Kantischen Problems auf die Frage nach der ontologischen Differenz. Erst auf dem Wege der Lösung dieses ontologischen Grundproblems kann es gelingen, die Kantische These »Sein ist kein reales Prädikat  « nicht nur positiv zu begründen, sondern zugleich positiv zu ergänzen durch eine radikale Interpretation des Seins überhaupt als Vorhandenheit (Wirklichkeit, Dasein, Existenz).


Ver online : Die Grundprobleme der Phänomenologie [GA24]


[1Cf. SZ:85; cf. aussi GA20:§28, et la note de l’éditeur p. 349 et p. 444. (N.d.T.)