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Nas Proximidades da Antropologia [PA]

Ernildo Stein (2003:17-18) – Dasein e Antropologia

Introdução

segunda-feira 13 de novembro de 2023, por Cardoso de Castro

Em Heidegger há mais um nível: o aí-do-ser, o Dasein  . Estabelecemos, assim, um novo plano em que se dão ente e ser, no nível do ente privilegiado.

O ser dá-se a partir da compreensão do Dasein   e o Dasein se dá a partir da compreensão do ser. É o ente de caráter superior entre os entes que se constitui pela compreensão do ser. Em Aristóteles   temos dois níveis; ser do ente e o ente enquanto ente. Em Heidegger há mais um nível: o aí-do-ser, o Dasein. Estabelecemos, assim, um novo plano em que se dão ente e ser, no nível do ente privilegiado. Neste nível é introduzida a diferença ontológica: aquela diferença que é sustentada pelo Dasein. Assim, está ultrapassado o caráter metafísico objetivista e o espaço fenomenológico-transcendental  . Nesse nível a Antropologia Filosófica passa a receber seu estatuto legitimador.

A questão da Filosofia reencontra-se com a questão final de Kant  : que é o homem? Essa questão do homem passa a exigir um estatuto legitimador que se estabeleça metodicamente acima da problematização dos entes em geral e que somente se dá no espaço da compreensão do Dasein. O ser humano não é um ente entre os entes que simplesmente se dão aí (simplesmente são).

Alphons de Waelhens   nos coloca o problema da seguinte maneira:

Com que direito o homem se aplica a si mesmo um estatuto de existência da qual ele mesmo, justamente, é o instaurador? Dito de outra maneira: se toda a realidade se unifica nisso, no fato de que, ela lhe é dada, como é que sua própria realidade poderia ela ser simplesmente dada, já que é aquilo pelo qual, unicamente, um dar-se a … é possível (Nature humaine et compréhension de l’être. In: Revue Philosophique de Louvain, 1961, p. 673).

[18] Waelhens continua:

Em outros termos, o ente que tem por ser a compreensão do ser não pode ser um ente do mesmo tipo que aqueles cujo ser é compreendido pelo outro (o homem), mas não se compreende a si mesmo (p. 673).


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STEIN, E. Nas proximidades da antropologia. Ensaios e conferências filosóficas. Ijuí: UNIJUÍ, 2003.