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Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité.

Caron (2005:808-809) – mundo - si - eu

DU MOI AU SOI

quarta-feira 15 de julho de 2020, por Cardoso de Castro

[Excerto de CARON  , Maxence. Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005, p. ]

Nossa tradução

Somos no mundo, logo habitamos em uma região que nos torna manifesto o mundo junto ao qual podemos ser. Há duas significações do conceito de mundo em Heidegger: por um lado o mundo que mundaniza, e por outro lado o mundo que é mundanizado por esta mundanização. É porque estamos em ligação fundamental com o se-produzir do mundo no primeiro sentido, é porque nós nos mantemos neste se-produzir e participamos de seu desdobramento, que os produtos, o mundo no segundo sentido, podem aparecer ou ser confeccionados pela atividade técnica do Dasein   — a técnica, como já o evocamos, sendo um modo do desvelamento. Logo há o mundo e o mundo ambiente. Esta diferença recobre aquela do si mesmo e do mim mesmo: o si mesmo está aberto ao fenômeno do mundo, ele se mantém nesta mundanização, e este manter-se em in-stância na manifestação pura lhe permite ver se manifestar o que a manifestação manifesta — o ente, e ele mesmo como ente, seja em sua face ôntica, quer dizer como eu — assim como a manifestação ela mesma — o ser —, a manifestação manifestando seu ato mesmo de manifestação. Logo o si mesmo estando aberto ao fenômeno do mundo, isso permite então a um mundo de aparecer e como a manifestação se manifesta, ao aparecer ele mesmo do aparecer (é a manifestação ao Dasein da mundanização como tal), em seguida ao si mesmo de se compreender no modelo do ente que apareceu, quer dizer como (um) ente tomado nele, como eu-sujeito. Neste último caso, o si mesmo desconhece que ele não é um ente intramundano, mas certamente ser-em-o-mundo. […]

O si mesmo acaba por se confundir com o mundo contingente que abriu, sem se lembrar que ele precisamente o abriu por seu próprio pertencimento ao mundo como mundanização. Uma significação mais fundamental da expressão In-der-Welt-sein   ainda é possível. O "in" significa certamente junto de um mundo, e não "contido em" este mundo ao qual o si mesmo aberto ao ser há de entrar em presença; este "junto de" não é todavia ele mesmo possível senão porque o "in" possui uma significação de inclusão, mas a um nível onde o par continente/conteúdo é superado, a um nível ontológico mais profundo: é preciso ser em ou em instância em o se-produzir da mundanização, para que junto-de possa ser possível, em seguida para que esta relação se torne confusão daquele que é relação a… no junto-de… e disto que é aberto pela relação. Assim, o in (em-o) ontológico permite um in (junto-de) ôntico-ontológico, que torna possível um in (em-meio-de) ôntico.

Logo temos três níveis: 1) um nível ontológico: o homem se mantém na mundanização, 2) um nível ôntico-onto-lógico: ele é em o mundo, ele estabelece uma relação com o mundo que lhe aparece enquanto tal, enquanto mundanizado (primeiro nível) e a mundanização do mundanizado (segundo nível), em seguida não mais evolui senão em um ambiente (Umwelt  ) de entes. Em outros termos: 1) o homem se mantém no ser, 2) ele é em relação ao ente enquanto tal, quer dizer o ente em seu ser e considerado sobre o fundo do ser, 3) ele é ente entre os entes. O eu, em relação com o in ôntico, não é possível senão como versão empobrecida de um in ontológico, depositário da instancialidade (Inständigkeit  ) no ser.

Original

Nous sommes au monde, nous habitons donc dans une région qui nous rend manifeste le monde auprès duquel nous pouvons être. Il y a deux significations du concept de monde chez Heidegger : d’une part le monde qui mondanéise, et d’autre part le monde qui est mondanéisé par cette mondanéisation. C’est parce que nous sommes en liaison fondamentale avec le se-produire du monde au premier sens, c’est parce que nous nous tenons en ce se-produire et participons de son déploiement, que les produits, le monde au second sens, peuvent apparaître ou être confectionnés par l’activité technique du Dasein — la technique, comme nous l’avons déjà évoqué, étant une guise du dévoilement. Il y a donc le monde et le monde ambiant. Cette différence recoupe celle du soi et du moi : le soi est ouvert au phénomène du monde, il se tient en cette mondanéisation, et cette tenue en in-stance dans la manifestation pure lui permet de voir se manifester ce que la manifestation manifeste — l’étant, et lui-même comme étant, soit en sa face ontique, c’est-à-dire comme moi — ainsi que la manifestation elle-même — l’être — , la manifestation manifestant son acte même de manifestation. Le soi étant donc ouvert au phénomène du monde, cela permet d’abord à un monde d’apparaître et comme la manifestation se manifeste, à l’apparaître lui-même d’apparaître (c’est la manifestation au Dasein de la mondanéisation comme telle), puis au soi de se comprendre sur le modèle de l’étant qui est apparu, c’est-à-dire comme (un) étant pris en lui, comme moi-sujet. En ce dernier cas, le soi méconnaît qu’il n’est pas un étant intramondain, mais bel et bien être-au-monde. […]

Le soi finit par se confondre avec le monde contingent qu’il a ouvert, sans se souvenir qu’il l’a précisément ouvert par sa propre appartenance au monde comme mondanéisation. Une signification plus fondamentale de l’expression ln-der-Welt-sein   est encore possible. Le « in » signifie bien auprès d’un monde, et non pas «contenu dans» ce monde auquel le soi ouvert à l’être donne d’entrer en présence ; cet « auprès-de » n’est toutefois lui-même possible que parce que le « in » possède une signification d’inclusion, mais à un niveau où le couple contenant/contenu est dépassé, à un niveau ontologique plus profond : il faut être dans ou en instance dans le se-produire de la mondanéisation, pour qu’un auprès-de puisse être possible, puis pour que cette relation devienne confusion de celui qui est rapport à … dans l’auprès-de… et de ce qui est ouvert par le rapport. Ainsi, le in (dans) ontologique permet un in (auprès-de) ontico-ontologique, qui rend possible un in (au milieu   de) ontique.

Nous avons donc trois niveaux : 1) un niveau ontologique : l’homme se tient dans la mondanéisation, 2) un niveau ontico-onto-logique : il est au monde, il établit un rapport avec le monde qui lui apparaît en tant que tel, en tant que mondanéisé, 3) un niveau ontique : l’homme se laisse investir par le mondanéisé qui occulte à la fois la mondanéisation (premier niveau) et la mondanéisation du mondanéisé (deuxième niveau), puis n’évolue plus que dans un environnement (Umwelt) d’étants. En d’autres termes : 1) l’homme se tient dans l’être, 2) il est relation à l’étant en tant que tel, c’est-à-dire l’étant en son être et considéré sur fond d’être, 3) il est étant parmi les étants. Le moi, en relation avec le in ontique, n’est possible que comme version appauvrie d’un in ontologique, dépositaire de l’instantialité (Inständigkeit) dans l’être.


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CARON, M. H. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005.