Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Boutot (IFH:29-30) – Analítica Existencial

quarta-feira 12 de abril de 2017

Heidegger chama à análise preliminar do ser-aí «a analítica existenciária». O ser-aí possui, com efeito, um modo de ser original que o distingue de todos os outros entes. De forma diferente dos seres inanimados, das coisas materiais, ou mesmo dos outros seres vivos que estão sempre «indiferentes» ao seu ser, o ser-aí reporta-se sempre ao ser que é o seu. Como diz Heidegger, vai sempre, neste ser, o seu ser. Noutros termos, o ser-aí não subsiste simplesmente, mas existe. E o que Heidegger exprime numa fórmula célebre: «’A essência’ do ser-aí reside na sua existência.» A análise existenciária do ser-aí não deve ser confundida com a descrição das escolhas existenciais e ônticas (lembremos que para Heidegger «ôntico» designa tudo o que se refere ao ente, e «ontológico» tudo o que se refere ao ser) que guiam o ser-aí na sua vida concreta. Ela tem um alcance ontológico, e procura trazer à luz a estrutura essencial da existência, quer dizer os diferentes modos de ser do ser-aí, a que Heidegger chama os existenciários para os opor às categorias ontológicas tradicionais. A analítica existenciária fornece o fio condutor procurado para a elaboração da questão do ser. Enquanto exploração da estrutura ontológica do ente que compreende o ser, ela condiciona a possibilidade de toda a investigação ontológica, e é por isto que Heidegger lhe chama ontologia fundamental. «A ontologia fundamental», diz Heidegger, «da qual todas as outras só podem derivar, deve ser procurada na analítica existenciária do ser-aí». (1993, p. 29-30)


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