Página inicial > Fenomenologia > Barbuy: Progresso (2) - racionalismo progressista

O MITO DO PROGRESSO

Barbuy: Progresso (2) - racionalismo progressista

“Revista Brasileira de Filosofia”, vol. I, fasc. 3, 1951

quinta-feira 7 de outubro de 2021

BARBUY  , Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 103.

2. Progressista foi o modo de pensar dos idealistas e dos materialistas, confinados ao racionalismo, ou seja, ao culto da análise matemática e à sua generalização, com o completo desprezo da Inteligência, no seu mais amplo sentido. O intelectualismo não se confunde com o racionalismo, tanto quanto a generalização dos métodos matemáticos não se confunde com o uso das plenas faculdades intelectuais humanas, com os seus imutáveis princípios de contradição e identidade, que nos fazem transpor os acidentes para atingir a essência legítima dos seres. Ignorado porém, o uso consequente dos princípios do realismo, com as suas fecundas noções de potência e ato, de substância e acidentes, de essência e existência, as teorias monistas tinham que gerar necessariamente a obsessão do progresso indefinido, que por fim se infiltrou na vida quotidiana, vindo a constituir a fonte dos movimentos sociais e políticos dos últimos séculos: séculos de instabilidade e revolução, que refletem as filosofias do incessante vir-a-ser horizontal e que se opõem às épocas de estabilidade e tradição, correlatas de um autêntico realismo.