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Barbuy: A Nação e o Romantismo

“Revista Brasileira de Filosofia”, vol. XII, fasc. 1, 1962.

sexta-feira 8 de outubro de 2021

BARBUY  , Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 259-291

17. O histórico, o cultural e o nacional são termos que se associam. A cultura nacional se lhes apresentou como força mais enérgica do que a civilização urbana para imprimir à Nação o ritmo de um desenvolvimento dotado do sentido e dos fins que a civilização já perdeu. Assim a árvore cresce tanto mais forte quanto mais profundas estão suas raízes imersas no solo natal. A ideia de Nação como totalidade, composta de partes autônomas — como a floresta é composta de árvores individuais — é uma ideia que radica na Comunidade, por oposição à sociedade; dessa ideia decorre uma filosofia social, uma sociologia e um conjunto de doutrinas econômicas que são comunitaristas, e não capitalistas, nem socialistas. Repelem o individualismo e o coletivismo; a economia se torna meio e não fim; e torna-se meio para fins culturais, no processo global do Espírito, que visa a realização duma finalidade última, escatológica, essencialmente religiosa [16]. Tal é o panorama do nacionalismo romântico, nos seus principais relevos: Um panorama que só podemos ver no seu conjunto, quando colocado na perspectiva mesma que o projetou.


[16Sobre a inserção da Economia no processo do Espírito: Charlotte Engel-Reimers, Der Idealismus in der Wirtschaftwissenschaft, Verlag von Duncker U. Humboldt, Leipzig, 1932.