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Un-wesen

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

wesen  : essenciar-se, estar-a-ser
Abwesen (s) / Abwesende (s): o-estar-ausente, ausência / o-que-está-ausente
anwesen / Anwesen (s): vir-à-presença, estar-presente / o-estar-presente, o vir-à-presença
anwesend / Anwesende (s): presente, que está presente / o que-está-presente, o que-vem-à-presença
Anwesenheit (e): presença, estar-em-presença (cf. Präsenz)
Gewesene (s) / Ge-wesene (s): o sido, aquilo que foi / o sido, o já essenciado
Wesen (s) / Unwesen (s): essência, estar-a-ser, ser / anti-essência, abuso da essência, in-essência
Wesende (s): o-que-se-essencia, o que-está-a-ser
Wesenheit (e): essencialidade
Wesensblick ®: o olhar-que-vê-a-essência [GA5BD  ]

Heidegger usa assiduamente Unwesen e Un-wesen. Possuem, ele explica, dois sentidos: 1. A "essência pré-essencializadora [vor-wesende Wesen]", anterior ao declínio para a essência não verbal, o universal; 2. A desfiguração da essência já degenerada em algo ainda pior. Em ambos os sentidos, Unwesen é essencial para Wesen, não unwesentlich (EV  , 191/130s). O sentido 2 de Unwesen, que é o sentido mais usual em Heidegger, possui dois empregos, que correspondem a dois modos em que Wesen pode degenerar: (a) A Unwesen da verdade é não-verdade tanto no sentido de " velamento" (ou a "ilusão teatral", GA65  , 347s) quanto no sentido de "errância" ou desvio (EV, 191/130, 193/132). (b) A Unwesen da verdade é um conceito degenerado de verdade: "correção" (GA65, 228) ou "razão" e o racional (GA65, 343). As duas degenerações estão conectadas: a degeneração do conceito de verdade é, em si mesma, uma "errância" crucial.

Quando Heidegger fala da Unwesen de uma Wesen, tem normalmente em mente o emprego do tipo (b). Pensar ser como um "valor" é pensá-lo "em sua Unwesen" (GA6I, 55/N4, 23). A "inautenticidade do niilismo encontra-se em sua essência. […] A Unwesen pertence à Wesen" (GA6I, 362/N4, 220s). Isto é, 1. As fases mais precoces do niilismo, tais como a "desvalorização dos valores correntes mais elevados […] não exaurem a sua essência" (N2, 276/N3, 204), sendo não obstante essenciais para o longo processo histórico pelo qual o niilismo "penetra em sua própria essência" (N2, 282/N3, 208); 2. Já que nós mesmos estamos emaranhados no niilismo, é essencial para o niilismo que sua natureza essencial nos escape (ZF  , 383s). Até mesmo a cura possui a sua Unwesen: ela não é "melancolia e apreensão e sofrimento agoniado por causa disto e daquilo. Tudo isto é apenas a Unwesen da cura" (GA65, 35). [DH  ]