Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Sartre (Husserl) – filosofia digestiva

terça-feira 30 de maio de 2023

Ricardo Leon Lopes

“Ele a comia com os olhos”. Esta frase e muitos outros signos marcam bastante a ilusão comum ao realismo e ao idealismo (destaques nosso), segundo a qual conhecer, é comer. A filosofia francesa após 100 anos de academicismo, ainda se prende a essa ilusão. Nós todos lemos Brunschvicq, Lalande e Meyerson, nós todos acreditamos que o Espírito-Aranha atirava as coisas em sua teia, as cobria de uma baba branca e lentamente as deglutia, reduzindo-as à sua própria substância. O que é uma mesa, um rochedo, uma casa? Um certo conjunto de “conteúdos da consciência”, uma ordem desses conteúdos. O filósofo alimentador! Nada, portanto, parece mais evidente: a mesa não é o conteúdo atual de minha percepção, minha percepção não é o estado presente de minha consciência? Nutrição, assimilação. Assimilação, dizia Senhor Lalande, das coisas às ideias, das ideias entre elas e dos espíritos entre eles. As poderosas arestas do mundo são roídas por essas diligentes diastases (destaque nosso): assimilação, unificação, identificação. Em vão, os mais simples e os mais rudes entre nós procurariam neles alguma coisa sólida, alguma coisa, enfim, que não fosse o espírito; eles não encontrariam em toda a parte senão um mata-borrão mole e tão distinto: eles mesmos.

Original

« Il la mangeait des yeux ». Cette phrase et beaucoup d’autres signes marquent assez l’illusion commune au réalisme et à l’idéalisme, selon laquelle connaître, c’est manger. La philosophie française, après cent ans d’académisme, en est encore là. Nous avons tous lu Brunschvicg, Lalande et Meyerson, nous avons tous cru que l’Esprit-Araignée attirait les choses dans sa toile, les couvrait d’une bave blanche et lentement les déglutissait, les réduisait à sa propre substance. Qu’est-ce qu’une table, un rocher, une maison? Un certain assemblage de « contenus de conscience », un ordre de ces contenus. O philosophie alimentaire ! Rien ne semblait pourtant plus évident : la table n’est-elle pas le contenu actuel de ma perception, ma perception n’est-elle pas l’état présent de ma conscience ? Nutrition, assimilation. Assimilation, disait M. Lalande, des choses aux idées, des idées entre elles et des esprits entre eux. Les puissantes arêtes du monde étaient rongées par ces diligentes diastases : assimilation, unification, identification. En vain, les plus simples et les plus rudes parmi nous cherchaient-ils quelque chose de solide, quelque chose, enfin, qui ne fût pas l’esprit ; ils ne rencontraient partout qu’un brouillard mou et si distingué : eux-mêmes.


Ver online : UMA IDÉIA FUNDAMENTAL DA FENOMENOLOGIA DE HUSSERL: A INTENCIONALIDADE