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NIETZSCHE II [GA6T2]

GA6T2:168-172 – posições metafísicas fundamentais de Descartes e de Protágoras

O NIILISMO EUROPEU

domingo 21 de maio de 2023, por Cardoso de Castro

Na essência da nova posição metafísica do homem enquanto subiectum acha-se fundamentado o fato de a execução da descoberta e da conquista do mundo, assim como as respectivas irrupções nessa direção precisarem ser assumidas e realizadas pelos indivíduos singulares excepcionais.

Casanova

Estamos finalmente em condições de caracterizar a posição metafísica fundamental de Descartes   segundo os quatro aspectos citados e distingui-la da posição metafísica fundamental de Protágoras  .

1. Na metafísica cartesiana, como é que o homem é ele mesmo e como ele conhece a si mesmo?

O homem é o fundamento insigne que se encontra na base de toda re-presentação do ente e de sua verdade, o fundamento sobre o qual todo representar e seu re-presentado são e precisam ser posicionados, caso devam ter uma estabilidade e uma consistência. O homem é subiectum nesse sentido insigne. O nome e o conceito de “sujeito” passam agora para a nova significação e se transformam no nome próprio e no termo essencial para o homem. Isso significa: todos os entes não humanos transformam-se em objeto para este sujeito. A partir de então, subiectum não é mais considerado como o nome e o conceito para os animais, as plantas e as pedras.

2. Que projeto do ente com vistas ao ser pertence a essa metafísica? Formulando a questão de uma outra maneira: como é determinada a entidade do ente?

A entidade possui agora o sentido de re-presentidade do sujeito que representa. Isso não significa de maneira alguma que o ente seria uma “mera representação” e que essa representação seria uma ocorrência na “consciência” humana, de modo que todo ente evaporaria na construção nebulosa de simples pensamentos. Tal como Kant   mais tarde, Descartes   nunca duvidou de que o ente, enquanto algo que é constatado em si e a partir de si em seu sendo, seria real. No entanto, a pergunta persiste: o que significa nesse caso ser e como o ente precisa ser alcançado e assegurado pelo homem enquanto aquele que se tornou sujeito? Ser é a re-presentidade assegurada na re-presentação calculadora, uma re-presentidade por meio da qual são assegurados por toda parte para o homem o seu modo de proceder em meio ao ente, o escrutínio do ente, a conquista, o assenhoreamento e a colocação do ente à disposição; e isso de tal forma que ele mesmo pode ser por si mestre de seu próprio asseguramento e de sua própria segurança.

3. Como é circunscrita na metafísica a essência da verdade?

Um traço fundamental de toda determinação metafísica essencial da verdade expressa-se na sentença que concebe a verdade como concordância do conhecimento com o ente: veritas est adaequatio intellectus et rei. [1] Segundo aquilo que foi dito anteriormente, porém, vemos agora claramente que essa “definição” usual da verdade sempre se transforma de acordo com o modo de ser do ente com o qual o conhecimento deve concordar, assim como de acordo com o modo como é concebido o conhecimento, que deve se encontrar em concordância com o ente. O conhecer enquanto percipere e cogitare no sentido de Descartes   possui a sua distinção no fato de ele só admitir como conhecimento aquilo que é a-presentado como indubitável ao sujeito por meio do representar e que é calculável a todo momento uma vez mais como algo assim posicionado. Mesmo para Descartes  , o conhecimento se orienta pelo ente. Nesse caso, porém, só é válido como ente aquilo que é assegurado sob a forma da re-presentação e da auto-a-presentação caracterizadas. Um ente não é senão aquilo de que o sujeito pode estar seguro no sentido de sua representação. O verdadeiro é apenas o assegurado, o certo. Verdade é certeza, e para essa certeza permanece decisivo o fato de nela o homem estar a cada vez certo e seguro de si mesmo. Por isso, para o asseguramento da verdade enquanto certeza em um sentido essencial, o pro-cedimento e o asseguramento-de-antemão são necessários. O “método” obtém agora um peso metafísico que está por assim dizer atrelado à essência da subjetividade. “Método” não é mais agora apenas a sequência de algum modo ordenada dos diversos passos relativos à consideração, à demonstração, à apresentação e à junção dos conhecimentos e das doutrinas sob a forma de uma “suma” escolástica, com a sua construção regular que sempre retorna. “Método” é agora o nome para o pro-cedimento assegurador e conquistador que se abate sobre o ente, a fim de assegurá-lo como objeto para o sujeito. E nesse sentido metafísico que o termo methodus é visado, quando Descartes   apresenta no importante ensaio “Regulae ad directionem ingenii”, ensaio que só foi publicado depois de sua morte, a IV. Regula: “Necessaria est methodus ad rerutn veritatem investigandam.”

“Necessário (essencialmente necessário) é o método, a fim de farejar o rastro da verdade (certeza) do ente e de seguir esse rastro.” No sentido do “método” assim compreendido, todo o pensamento medieval é essencialmente desprovido de método.

4. De que maneira o homem assume e fornece nessa metafísica a medida para a verdade do ente?

Essa pergunta já foi respondida pelo que foi dito anteriormente. Como o homem é essencialmente o subiectum, como a entidade significa o mesmo que re-presentidade e como a verdade se tomou certeza, o homem dispõe aqui essencialmente sobre o ente enquanto tal na totalidade, pois ele fornece a medida para a entidade de todo e qualquer ente. Junto ao homem enquanto subiectum encontra-se agora a decisão quanto àquilo que pode ser efetivamente estabelecido como sendo. O próprio homem é aquele para o qual essa disposição se acha reconhecidamente como tarefa. O sujeito mostra-se como “subjetivo” pelo fato e no fato de a determinação do ente e, com isso, a determinação do próprio homem não serem mais restritas a nenhum limite, mas terem em todos os aspectos os seus limites suprimidos. A relação com o ente é o pro-cedimento de assenhoreamento em meio à conquista e ao domínio do mundo. O homem entrega ao ente a medida, porquanto determina a partir de si e em direção a si mesmo aquilo que pode ser considerado como sendo. O padrão de medida é a presunção da medida , uma presunção por meio da qual o homem é fundado enquanto subiectum como o ponto central do ente na totalidade. Todavia, é preciso certamente considerar o seguinte: o homem não é aqui um eu egoísta isolado, mas “sujeito”, o que significa dizer que ele se coloca a caminho de um descerramento calculador e representador ilimitado do ente. Na essência da nova posição metafísica do homem enquanto subiectum acha-se fundamentado o fato de a execução da descoberta e da conquista do mundo, assim como as respectivas irrupções nessa direção precisarem ser assumidas e realizadas pelos indivíduos singulares excepcionais. A concepção moderna do homem enquanto “gênio” tem por pressuposto metafísico a determinação essencial do homem enquanto sujeito. Por isso, inversamente, o essencial da humanidade moderna não é o culto ao gênio e a sua degeneração – nem tampouco o “liberalismo” e o autogoverno dos estados e das nações no sentido das “democracias” modernas. A suposição de que os gregos teriam pensado algum dia o homem como “gênio” é tão inconcebível, quanto a opinião de que Sófocles   teria sido um “homem genial” é a-histórica.

Levamos pouco demais em consideração o fato de justamente o “subjetivismo’” moderno e somente ele descobrir, tornar acessível e controlável o ente na totalidade, viabilizando petições e formas de dominação que a Idade Média não pôde conhecer e que residiam fora do campo de visão do mundo grego.

Aquilo que foi dito até aqui pode ser agora elucidado, na medida em que distinguimos uma em relação à outra, segundo os quatro aspectos diretrizes, as representações metafísicas fundamentais de Protágoras   e de Descartes  . Para evitarmos repetições, essa elucidação deve acontecer sob a forma da postulação de pequenas sentenças diretrizes:

1. Para Protágoras  , o homem é determinado em seu ser-próprio por meio da pertinência à esfera daquilo que é desvelado. Para Descartes  , o homem é determinado enquanto si próprio por meio da retomada do mundo no representar do homem.

2. Para Protágoras  , a entidade do ente é – no sentido da metafísica grega – o presentar-se no desvelado. Para Descartes  , a entidade significa: representidade por meio do e para o sujeito.

3. Para Protágoras  , a verdade significa desvelamento daquilo que se presenta. Para Descartes  , a certeza da representação que se re-presenta e assegura.

4. Para Protágoras  , o homem é a medida de todas as coisas no sentido da restrição comedida à esfera do desvelado e aos limites do velado. Para Descartes  , o homem é a medida de todas as coisas no sentido da presunção da supressão dos limites da representação em direção à certeza que se assegura de si. O padrão de medida submete tudo aquilo que pode valer como sendo ao cálculo da re-presentação. (2007 p. 125-128)

Klossowski

Désormais nous sommes en mesure de caractériser la position métaphysique fondamentale de Descartes   d’après les quatre points de vue énumérés et de la dégager par rapport à la position métaphysique de Protagoras  .

1. Comment l’homme est-il lui-même et en tant que quoi se connaît-il dans la métaphysique de Descartes  ?

L’homme est par excellence le fondement sous-jacent à toute re-présentation de l’étant et de sa vérité, sur lequel il faut que soit posé et se pose tout représenter, si cela doit avoir une constance et une consistance. L’homme est le subjectum dans ce sens insigne. Le nom et le concept de « sujet » tendent dorénavant dans cette signification nouvelle à devenir le nom propre et le terme essentiel pour désigner l’homme. Ce qui veut dire : tout étant extra-humain devient objet pour ce sujet. Dès ce moment le terme subjectum ne convient plus, en tant que nom et concept, à l’animal, à la plante ni à la pierre.

2. Quelle sorte de projet de l’étant sur Y être relève de cette métaphysique? En d’autres termes, comment se détermine la propriété d’être de l’étant?

« Propriété d’être » signifie dès lors re-présentéité du sujet qui re-présente. Ce qui ne signifie nullement que l’étant serait « pure représentation » et celle-ci une occurrence dans la « conscience » humaine de telle sorte que tout étant se volatiliserait dajis la vaporeuse formation de simples pensées. Descartes   non plus que Kant   ultérieurement n’a jamais douté que l’étant, déterminé en tant qu’étant, ne fût réel en soi et à partir de soi. Mais la question demeure de savoir ce qu’énonce ici être et comment l’étant serait à rendre accessible et assurable par l’homme, devenu sujet. Être est la re-présentéité, posée avec sûreté dans l’acte calculant de re-présenter, par laquelle est assurée à l’homme sa façon de procéder en tout sens au sein de l’étant, de l’explorer, de le conquérir, de le maîtriser et de l’aménager de telle sorte qu’il [137] puisse être à partir de lui-même le maître de sa sécurité et de sa certitude propres.

3. Comment l’essence de la vérité est-elle circonscrite dans cette métaphysique?

Un trait fondamental de toute détermination métaphysique de l’essence de la vérité vient à s’exprimer dans la proposition qui conçoit la vérité en tant que concordance de la connaissance avec l’étant : veritas est adaequatio intellectus et rei. Or, d’après ce qui vient d’être dit plus haut, nous voyons maintenant aisément que cette « définition » courante de la vérité se transforme à chaque fois selon la manière dont se conçoit l’étant, avec lequel la connaissance doit concorder, mais aussi à chaque fois selon la manière dont se conçoit la connaissance, laquelle doit concorder avec l’étant. L’acte de connaître, en tant que percipere et cogitare au sens de Descartes  , se distingue en ceci qu’il n’admet en tant que connaissance que ce qui est dis-posé devers le sujet en tant qu’indubitable par l’acte de représenter et qui ainsi posé est à tout moment recalculable. Pour Descartes   également l’acte de connaître se dirige d’après l’étant, mais / pour lui / ne vaut en tant qu’étant que ce qui est posé avec sûreté selon le mode du re-présenter et du disposer devers soi ainsi caractérisés.

Un étant n’est que ce dont le sujet peut être sûr au sens de son / acte de / représenter. Le vrai n’est que ce qui est assuré, certain. La vérité est certitude, pour laquelle certitude il demeure décisif que, en elle, à chaque fois, l’homme soit certain et sûr de lui-même. C’est pourquoi l’acte de pro-céder, d’assurer au préalable est en un sens essentiel nécessaire à la garantie de la vérité en tant que certitude. La « méthode » acquiert désormais un poids métaphysique pour ainsi dire dans l’essence de la subjectivité. La méthode maintenant n’est plus seulement la succession ordonnée des différentes démarches qui consistent à considérer, prouver, exposer et agencer les connaissances et les chaînons doctrinaux dans le genre d’une « somme » scolastique dont la structure se reconstruit sans cesse selon sa règle propre. La méthode à présent dénomme le pro-céder garantissant, assurant, conquérant, à l’égard de l’étant, afin de le poser avec sûreté en tant qu’objet pour le sujet. C’est dans ce sens métaphysique qu’est entendu le terme methodus lorsque [138] Descartes  , dans l’important traité posthume : Regulae ad directionem ingenii, établit comme IVe règle :

Necessaria est methodus ad rerum veritatem investigandam. « Nécessaire (essentiellement nécessaire) est la méthode pour découvrir et suivre les vestiges de la vérité (certitude) de l’étant. » Au sens de la méthode ainsi entendue tout penser médiéval est essentiellement dépourvu de méthode.

4. De quelle manière l’homme prend-il et donne-t-il la mesure pour la vérité de l’étant, dans cette métaphysique?

Cette question a déjà trouvé sa réponse dans ce qui précède. Parce que l’homme est par essence devenu le subjectum, que la propriété d’être s’est identifiée avec la représentéité, et que la vérité / de vérité qu’elle était / est devenue certitude, l’homme par essence dispose ici de l’étant en tant que tel dans sa totalité, car il donne la mesure pour la propriété d’être de chaque étant. C’est de l’homme en tant que subjectum que dorénavant dépend la décision essentielle quant à ce qui d’une manière générale doit se pouvoir établir en tant qu’étant. L’homme est lui-même celui à qui cette disposition appartient sciemment et en tant que tâche. Le sujet est en ce sens « subjectif » que la détermination de l’étant et, de ce fait, l’homme même, ne sont plus mis à l’étroit par aucune borne, mais dégagés sous tout rapport. La relation à l’étant est le maîtrisant pro-céder menant à la conquête et à la souveraineté universelles. L’homme donne à l’étant la mesure en déterminant à partir de lui-même et devers lui-même ce qui doit pouvoir valoir en tant qu’étant. Donner la mesure c’est se donner soi-même pour la mesure en se l’arrogeant, par quoi l’homme en tant que subjectum se voit fondé pour centre de l’étant dans sa totalité. Il reste toutefois à considérer : L’homme n’est pas ici le moi égoïste pris isolément, mais « sujet », ce qui veut dire qu’il s’engage dans la voie d’une ouverture de l’étant, laquelle ne connaît plus aucune borne à sa re-présentation calculante. Dans l’essence de la nouvelle position métaphysique de l’homme en tant que subjectum se trouve fondé le fait que la réalisation de la découverte et de la conquête de l’univers soit assumée et accomplie par des individus éminents. La conception moderne du « génie » présuppose métaphysiquement la détermination de l’essence de l’homme en tant que sujet. [139] Inversement, le culte du génie et sa forme dégénérée ne constituent pas l’essentiel de l’humanisme moderne — pas plus que le « libéralisme » et le gouvernement autonome des Etats et des nations dans le sens des « démocraties » modernes. Que les Grecs aient jamais conçu l’homme en tant que « génie » est inimaginable autant que l’opinion est profondément contraire au sens historial, selon laquelle Sophocle aurait été un « homme génial ».

L’on ne songe jamais assez que le « subjectivisme » moderne précisément, lui seul, a découvert, rendu disponible et maîtrisable l’étant dans sa totalité et qu’il a permis des revendications et des formes de souveraineté que le Moyen Age ne pouvait connaître et qui se trouvaient hors de la sphère de l’hellénisme.

Ce qui vient d’être dit, nous pouvons désormais l’élucider en dégageant l’une par rapport à l’autre les positions fondamentales métaphysiques de Descartes   et de Protagoras  , selon les quatre points de vue énoncés. Pour ne pas nous répéter, bornons-nous à quelques brèves formules.

1. Pour Protagoras  , l’homme est déterminé dans son être-soi-même par l’appartenance à une ambiance du non-occulté. Pour Descartes  , l’homme est déterminé en tant que soi par la récupération du monde dans l’acte de représenter.

2. Pour Protagoras   — au sens de la métaphysique grecque — la propriété d’être de l’étant est la présence au sein du non-occulté. Pour Descartes   la propriété d’être signifie : représenté-ité par et pour le sujet.

3. Pour Protagoras  , vérité signifie non-occultation de ce qui est présent.

Pour Descartes   : certitude du représenter se re-présentant et se garantissant dans sa représentation.

4- Pour Protagoras   l’homme est la mesure de toutes choses au sens où il se restreint modérément / se tient dans une juste mesure relativement / à l’ambiance du non-occulté, soit à la limite de l’occultation. Pour Descartes   l’homme est la mesure de toutes choses au sens où il se prend lui-même pour la mesure de l’élargissement du représenter aux fins de la certitude se garantissant elle-même. La mesure ainsi établie soumet toutes choses qui puissent valoir en tant qu’étants au calcul du re-présenter. (p. 136-139)

Capuzzi

At last we are able to describe Descartes  ’ fundamental metaphysical position according to the four guidelines identified earlier [p. 92], and to contrast it with the metaphysical position of Protagoras  .

1. In Descartes  ’ metaphysics, in what way is man himself, and as what does he know himself? Man is the distinctive ground underlying every representing of beings and their truth, on which every representing and its represented is based and must be based if it is to have status and stability. Man is subiectum in the distinctive sense. The name and concept “subject" in its new significance now passes over to become the proper name and essential word for man. This means that every nonhuman being becomes an object for this subject. From then on subiectum no longer serves as a name and concept for animals, plants, and minerals.

2. What projection of beings on Being pertains to such metaphysics? Asked in another way, how is the beingness of beings defined? Beingness now means the representedness of the representing subject. This in no way signifies that the being is a “mere representation" and that the latter is an occurrence in human “consciousness," so that every being evaporates into nebulous shapes of mere thought. Descartes  , and after him Kant  , never doubted that the being and what is established as a being is in itself and of itself actual. But the question remains what Being means here and how the being is to be attained and made certain through man as one who has come to be a subject. Being is representedness secured in reckoning representation, through which man is universally guaranteed his manner of proceeding in the midst of beings, as well as the scrutiny, conquest, mastery, and [120] disposition of beings, in such a way that man himself can be the master of his own surety and certitude on his own terms.

3. How is the essence of truth circumscribed in such metaphysics? A basic trait of every metaphysical definition of the essence of truth is expressed in the principle that conceives truth as agreement of knowledge with beings: Veritas est adaequatio intellectus et rei. But according to what has been said previously we can now easily see that this familiar “definition” of truth varies depending on how the being with which knowledge is supposed to agree is understood, but also depending on how knowledge, which is supposed to stand in agreement with the being, is conceived. Knowing as percipere and cogitare in Descartes  ’ sense has its distinctive feature in that it recognizes as knowledge only something that representation presents-to a subject as indubitable and that can at all times be reckoned as something so presented. For Descartes   too, knowing is oriented toward beings, although only what is secured in the fashion we have described as representing and present-ing-to-oneself is recognized as a being. That alone is a being which the subject can be certain of in the sense of his representation. The true is merely the secured, the certain. Truth is certitude, a certitude for which it is decisive that in it man as subject is continually certain and sure of himself. Therefore, a procedure, an advance assurance, is necessary for the securing of truth as certitude in an essential sense. “Method” now takes on a metaphysical import that is, as it were, affixed to the essence of subjectivity. “Method” is no longer simply a sequence arranged somehow into various stages of observation, proof, exposition, and summary of knowledge and teachings, in the manner of a scholastic Summa, which has its own regular and repetitive structure. “Method” is now the name for the securing, conquering proceeding against beings, in order to capture them as objects for the subject. It is methodus in the metaphysical sense that is meant when Descartes   in his important posthumously published work Regulae ad directionem ingenii postulates as Rule IV: Necessaria est methodus ad rerum veritatem investigandam. “Method is necessary [essentially necessary] in order to come upon the trace of the truth [certitude] of beings and to follow this trace.” If “method” is understood in this way, then all medieval thinking was essentially methodless.

4. How does man give and take measure for the truth of beings in [121] such metaphysics? This question has already been answered in the preceding. Because man essentially has become the subiectum, and beingness has become equivalent to representedness, and truth equivalent to certitude, man now has disposal over the whole of beings as such in an essential way, for he provides the measure for the beingness of every individual being. The essential decision about what can be established as a being now rests with man as subiectum. Man himself is the one to whom the power to enjoin belongs as a conscious task. The subject is “subjective" in that the definition of the being and thus man himself are no longer cramped into narrow limits, but are in every respect de-limited. The relationship to beings is a domineering proceeding into the conquest and domination of the world. Man gives beings their measure by determining independently and with reference to himself what ought to be permitted to pass as being. The standard of measure is the presumption of measure, through which man is grounded as subiectum in and as the midpoint of beings as a whole. However, we do well to heed the fact that man here is not the isolated egoistic I, but the “subject," which means that man is progressing toward a limitless representing and reckoning disclosure of beings. The new metaphysical position of man as subiectum implies that the discovery and conquest of the world, and all the fundamental changes these entail, must be taken up and accomplished by exceptional individuals. The modern conception of man as “genius" has as its metaphysical presupposition the definition of the essence of man as subject. Nevertheless, the cult of genius and its sundry degenerate forms are not what is essential about modern mankind — no more than are “liberalism" and the self-rule of states and nations in the sense of modern “democracies." That the Greeks should have thought of man as “genius" is inconceivable, just as the notion that Sophocles   was a “man of genius" is unhistorical. All too infrequently do we reflect that modern “subjectivism" alone has discovered being as a whole, enabled it to be enjoined and controlled, and has made possible the forms and claims of domination that the Middle Ages could not know and that lay beyond the horizon of Greek culture.

We can now clarify what has been said by also distinguishing from each other the fundamental metaphysical positions of Descartes   and Protagoras   according to the same four guidelines. To avoid repetition, [122] we can put it in the form of a postulation of four brief guiding principles:

1. For Protagoras  , man in his selfhood is defined by his belonging in the radius of the unconcealed. For Descartes  , man as self is defined by referring the world back to man’s representing.

2. For Protagoras  , the beingness of beings — in the sense of Greek metaphysics — is a coming to presence in the unconcealed. For Descartes  , beingness means representedness through and for the subject.

3. For Protagoras  , truth means the unconcealment of what is present. For Descartes  , the certitude of self-representing and securing representation.

4. For Protagoras  , man is the measure of all things in the sense of a measured restriction to the radius of the unconcealed and to the boundaries of the concealed. For Descartes  , man is the measure of all things in the sense of the presumption of the de-limitation of representation for self-securing certitude. The standard of measure places everything that can pass as a being under the reckoning of representation. (The End of Philosophy, p. 119-122)

Original

Nunmehr sind wir imstande, die metaphysische Grundstellung des Descartes   nach den vier genannten Hinsichten zu kennzeichnen und gegen die metaphysische Grundstellung des Protagoras   abzuheben.

1. Wie ist in Descartes  ’ Metaphysik der Mensch er selbst, und als was weiß er sich?

Der Mensch ist der ausgezeichnete, allem Vor-stellen von Seiendem und seiner Wahrheit zum-Grunde-liegende Grund, auf den alles Vorstellen und dessen Vor-gestelltes gestellt wird und gestellt sein muß, wenn es einen Stand und Bestand haben soll. Der Mensch ist subiectum in diesem ausgezeichneten Sinne. Name und Begriff »Subjekt« gehen jetzt in der neuen Bedeutung dazu über, der Eigenname und das Wesenswort für den Menschen zu werden. Dies besagt: Alles nicht menschliche Seiende wird zum Objekt für dieses Subjekt. Fortan gilt subiectum nicht mehr als Name und Begriff für Tier und Pflanze und Stein.

2. Welcher Entwurf des Seienden auf das Sein gehört zu [168] dieser Metaphysik? Anders gefragt, wie ist die Seiendheit des Seienden bestimmt?

Seiendheit besagt jetzt Vor-gestelltheit des vor-stellenden Subjekts. Das bedeutet keineswegs, das Seiende sei eine »bloße Vorstellung« und diese ein Vorkommnis im menschlichen »Bewußtsein«, so daß alles Seiende in das luftige Gebilde bloßer Gedanken sich verflüchtige. Descartes   hat so wenig wie später Kant   jemals daran gezweifelt, daß das Seiende und als seiend Festgestellte in sich und von sich aus wirklich sei. Aber die Frage bleibt, was hierbei Sein besagt und wie das Seiende durch den Menschen, als den zum Subjekt Gewordenen, zu erreichen und zu sichern sei. Sein ist die im rechnenden Vor-stellen sichergestellte Vor-gestelltheit, durch die dem Menschen überallhin das Vorgehen inmitten des Seienden, die Durchforschung desselben, die Eroberung und Meisterung und Bereitstellung gesichert wird, dergestalt, daß er selbst von sich aus Meister seiner eigenen Sicherung und Sicherheit sein kann.

3. Wie ist in dieser Metaphysik das Wesen der Wahrheit umgrenzt?

Ein Grundzug aller metaphysischen Wesensbestimmung der Wahrheit kommt in dem Satz zum Ausdruck, der die Wahrheit als Übereinstimmung der Erkenntnis mit dem Seienden begreift: veritas est adaequatio intellectus et rei. Nach dem zuvor Gesagten sehen wir nun aber leicht, daß diese geläufige »Definition« der Wahrheit sich wandelt je nachdem, wie das Seiende, womit die Erkenntnis übereinstimmen soll, aber auch je nachdem die Erkenntnis begriffen ist, die in Übereinstimmung mit dem Seienden stehen soll. Das Erkennen als percipere und cogitare im Sinne Descartes  ’ hat seine Auszeichnung darin, daß es nur dasjenige als eine Erkenntnis zuläßt, was durch das Vorstellen dem Subjekt als Unbezweifelbar zu-gestellt und [169] als so Gestelltes jederzeit wieder errechenbar ist. Auch für Descartes   richtet sich das Erkennen nach dem Seienden, aber als Seiendes gilt dabei nur, was in der Weise des gekennzeichneten Vor- und Sichzustellens sichergestellt ist. Ein Seiendes ist nur jenes, dessen das Subjekt im Sinne seines Vorstellens sicher sein kann. Das Wahre ist nur das Gesicherte, das Gewisse. Wahrheit ist Gewißheit, für welche Gewißheit entscheidend bleibt, daß in ihr jeweils der Mensch als Subjekt seiner selbst gewiß und sicher ist. Deshalb ist für die Sicherung der Wahrheit als Gewißheit in einem wesentlichen Sinne das Vor-gehen, das Im-voraus-sichern notwendig. Die »Methode« erhält jetzt ein metaphysisches Gewicht, das im Wesen der Subjektivität gleichsam aufgehängt ist. »Methode« ist jetzt nicht mehr nur die irgendwie geordnete Abfolge der verschiedenen Schritte des Betrachtens, Beweisens, Darstellens und Zusammenfügens der Kenntnisse und Lehrstücke nach der Art einer scholastischen »Summa«, die ihren geregelten und stets wiederkehrenden Aufbau hat. »Methode« ist jetzt der Name für das sichernde, erobernde Vor-gehen gegen Seiendes, um es als Objekt für das Subjekt sicherzustellen. In diesem metaphysischen Sinn ist methodus gemeint, wenn Descartes   in der erst nach seinem Tode erschienenen, wichtigen Abhandlung »Regulae ad directionem ingenii« als IV. Regula aufstellt:

Necessaria est methodus ad rerum veritatem investigandam.

»Notwendig (wesensnotwendig) ist die Methode, um der Wahrheit (Gewißheit) des Seienden auf die Spur zu kommen und dieser Spur nachzugehen.« Im Sinne der so verstandenen »Methode« ist alles mittelalterliche Denken wesentlich methodenlos.

4. In welcher Weise nimmt und gibt in dieser Metaphysik der Mensch das Maß für die Wahrheit des Seienden?

[170] Diese Frage hat durch das Vorige bereits ihre Antwort erhalten. Weil der Mensch wesenhaft das subiectum und die Seiendheit gleichbedeutend mit der Vor-gestelltheit und die Wahrheit zur Gewißheit geworden ist, deshalb verfügt der Mensch hier wesenhaft über das Seiende als solches im Ganzen, denn er gibt das Maß für die Seiendheit eines jeglichen Seienden. Beim Menschen als subiectum steht jetzt die wesenhafte Entscheidung darüber, was überhaupt als seiend soll feststehen können. Der Mensch ist selbst derjenige, bei dem wissentlich und als Aufgabe diese Verfügung steht. Das Subjekt ist dadurch und darin »subjektiv«, daß die Bestimmung des Seienden und damit der Mensch selbst in keine Schranke mehr eingeengt, sondern in jeder Hinsicht entschränkt sind. Das Verhältnis zum Seienden ist das meisternde Vor-gehen in die Welteroberung und Weltherrschaft. Der Mensch gibt dem Seienden das Maß, indem er von sich her und auf sich zu bestimmt, was als seiend soll gelten dürfen. Die Maßgabe ist Anmaßung des Maßes, durch die der Mensch als subiectum zur Mitte des Seienden im Ganzen gegründet wird. Wohl zu beachten bleibt jedoch: Der Mensch ist hier nicht vereinzeltes egoistisches Ich, sondern »Subjekt«, was besagt, daß der Mensch sich zu einer schrankenlosen vorstellend-rechnenden Erschließung des Seienden auf den Weg   macht. Im Wesen der neuen metaphysischen Stellung des Menschen als subiectum liegt begründet, daß die Ausführung der Weltentdeckung und Welteroberung und die jeweiligen Aufbrüche dazu von hervorragenden Einzelnen übernommen und geleistet werden müssen. Die moderne Auffassung des Menschen als »Genie« hat zur metaphysischen Voraussetzung die Wesensbestimmung des Menschen als Subjekt. Umgekehrt ist daher der Geniekult und seine Ausartung nicht das Wesentliche des neuzeitlichen [171] Menschentums, – so wenig wie der »Liberalismus« und die Selbstregierung der Staaten und Nationen im Sinne der neuzeitlichen »Demokratien«. Daß die Griechen den Menschen je als »Genie« gedacht hätten, ist so unvorstellbar, wie die Meinung, Sophokles   sei ein »genialer Mensch« gewesen, tief ungeschichtlich ist.

Allzuwenig bedenkt man, daß doch gerade der neuzeitliche »Subjektivismus« und nur er das Seiende im Ganzen entdeckt, verfügbar und beherrschbar gemacht und Herrschaftsansprüche und -formen ermöglicht hat, die das Mittelalter nicht kennen konnte und die außerhalb des Gesichtskreises des Griechentums lagen.

Das Gesagte läßt sich jetzt verdeutlichen, indem wir nach den leitenden vier Hinsichten nun auch die metaphysischen Grundvorstellungen des Protagoras   und des Descartes   gegeneinander absetzen. Um Wiederholungen zu vermeiden, soll es in der Form der Aufstellung von kurzen Leitsätzen geschehen.

1. Für Protagoras   ist der Mensch in seinem Selbstsein bestimmt durch die Zugehörigkeit in einen Umkreis des Unverborgenen. Für Descartes   ist der Mensch als Selbst bestimmt durch die Rücknahme der Welt auf das Vorstellen des Menschen.

2. Für Protagoras   ist-im Sinne der griechischen Metaphysik – die Seiendheit des Seienden das Anwesen in das Unverborgene. Für Descartes   besagt Seiendheit : Vorgestelltheit durch und für das Subjekt.

3. Für Protagoras   bedeutet Wahrheit Unverborgenheit des Anwesenden. Für Descartes  : Gewißheit des sich vor-stellenden und sichernden Vorstellens.

4. Für Protagoras   ist der Mensch das Maß aller Dinge im Sinne der mäßigenden Beschränkung auf den Umkreis des Unverborgenen und die Grenze des Verborgenen. Für [172] Descartes   ist der Mensch das Maß aller Dinge im Sinne der Anmaßung der Entschränkung des Vorstellens zur sich selbst sichernden Gewißheit. Die Maßgabe unterstellt alles, was als seiend gelten kann, der Berechnung des Vor-stellens. (p. 168-172)


Ver online : NIETZSCHE II [GA6T2]


[1Em latim no originai: a verdade é adequação entre o intelecto e a coisa. (N.T.)