Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA45:§36 – tonalidade afetiva [Stimmung]

segunda-feira 19 de fevereiro de 2024

Casanova

A indigência que se tem em vista determina o homem, na medida em que ela o afina inteiramente, por mais que a incompreensão possa se imiscuir aqui novamente e de imediato e nos levar a pensar que as tonalidades afetivas são algo que o homem “possui” e que, então, elas dependeriam ou bem de dados e circunstâncias exteriores ou bem de estados corpóreos internos, enquanto, em verdade, quer dizer, concebido a partir da essência do seer (acontecimento apropriativo), são as tonalidades afetivas que possuem o homem e que o determinam, consequentemente, de maneira a cada vez diversa, até mesmo em sua corporeidade vital. A tonalidade afetiva também pode suportá-lo através da corporeidade vital como uma de suas vias que conduzem para além dele. A cada vez, o mundo é trazido ao homem de uma forma diversa; a cada vez, seu si mesmo é descerrado e decidido para o ente de maneira diversa.

De maneira ainda mais essencial é preciso dizer: a concepção até aqui do homem, isto é, a concepção biológica e psicológica, poderia compreender mal o que acabamos de dizer, considerando a tonalidade afetiva como uma faculdade muito importante do homem que não teria sido até aqui suficientemente avaliada e interpretada. A tonalidade afetiva corretamente compreendida, porém, leva muito mais a uma superação da concepção até aqui do homem. Dizemos habitualmente: “Somos transpostos para essa ou aquela tonalidade afetiva.” Em verdade, ou seja, concebido a partir da essência originária do ser, o que acontece é o inverso: a tonalidade afetiva nos transpõe a cada vez de um modo ou de outro para o interior dessa ou daquela relação fundamental com o ente enquanto tal. Mais exatamente: a tonalidade afetiva é esse elemento trans-portador, que nos transpõe de tal modo que funda concomitantemente o tempo-espaço da transposição.

Ainda não podemos perguntar aqui como precisamos entender o fato de esse elemento transportador vigorar. Como um trecho e uma via no interior de nossa questão acerca da abertura enquanto tal (ser-aí), contudo, essa questão é essencial.

Com vistas à essência da indigência, o que precisamos levar em conta aqui inicialmente é: aquela indigência do não-se-saber-fora-nem-dentro, como uma indigência afinadora, não compele apenas para o interior de uma relação determinada com o ente já aberto e interpretado em sua entidade, mas ela torna necessário pela primeira vez aquele “entre” e “em meio a”, em cujo espaço-de-jogo-temporal o ente na totalidade pode ser determinado em sua entidade. Aquela indigência do pensar inicial, a que se visa aqui, só pode nos compelir para uma tonalidade afetiva essencial ou, como dizemos, para uma tonalidade afetiva fundamental.

Todavia, precisamos fazer valer agora, finalmente, o fato de o que foi discutido até aqui sobre a indigência e a tonalidade afetiva não passar justamente de “fantasias” atuais e, por fim, apesar de tudo, de declarações “psicológicas” sobre a psicologia que nos é completamente desconhecida dos gregos arcaicos. Contra essa interpretação equivocada, ainda não há hoje, de fato, nenhuma defesa suficiente; e tampouco haverá futuramente tal defesa, porque essas interpretações equivocadas, constantemente possíveis, só se tornam impossíveis com base em uma transformação essencial do pensar e do questionar. Nós nos encontramos a caminho da realização necessária dessa transformação.

Rojcewicz

The distress we are speaking of determines man by determining him through and through. Here, to be sure, a misunderstanding immediately insinuates itself, to the effect that the dispositions would be something man “has,” dependent either on external conditions and circumstances or on inner states of the body, whereas in truth, i.e., understood on the basis of the essence of Being (as appropriating event), the dispositions have man and consequently determine him in various ways, even in his corporeality. A disposition can confine man in his corporeality as in a prison. Yet it can also carry him through corporeality as one of the paths leading out of it. In each case the world is brought to man in a different way; in each case his self is differently opened up and resolved with regard to beings.

To say it still more essentially:1 the previous conception of man, i.e., the biological and psychological conception, would misinterpret what we have just said and would maintain that disposition is but a human capacity, though to be sure a very important one and perhaps one not yet sufficiently appreciated; a correct understanding of disposition, however, leads in fact to a surpassing of this very conception of man. We sometimes say that we have been transported into this or that disposition. In truth, i.e., understood on the basis of the original essence of Being, it is rather the reverse: it is the disposition that transports, transports us into this or that basic relation to beings as such. More precisely, disposition is what transports us in such a way that it co-founds the time-space of the transporting itself.

We cannot yet ask how this transporting is to be understood. But this question is an essential track within our question of openness as such (ex-istence)

Da-sein

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In view of the essence of our need, this is what we have to think in the first place: as disposing, the distress, the not knowing the way out or the way in, does not simply compel us into already determined relations to beings, ones already opened up and interpreted in their beingness; on the contrary, it compels us first of all into that “between,” that “in the midst of,” in whose space and time beings as a whole can be determined in their beingness. This need of primordial thinking, as we mean it here, can affectively compel us only in an essential disposition, or, as we say, in a basic one.

Finally, it might be claimed that our comments on need and disposition are merely latter-day “fantasies” and ultimately, in spite of everything, merely “psychological” opinions about the wholly unknown psychology of the early Greek thinkers. There is indeed not enough resistance to be found today against this misinterpretation, and there will not be enough even in the future, for these misinterpretations, which are always possible, will become impossible only on the basis of an essential transformation of thinking and questioning, and the necessary carrying out of that is now scarcely underway.

Original

Die Not, die gemeint wird, bestimmt den-Menschen, indem sie ihn durchstimmt, wobei freilich sogleich wieder das Mißverständnis sich einschleicht, als seien die Stimmungen solches, [154] was der Mensch »hat« und was mm entweder von äußeren Begebenheiten und Umständen oder von inneren Leibzuständen abhängig ist, während in Wahrheit, will sagen aus dem Wesen des Seyns (als Ereignis) begriffen, die Stimmungen den Menschen haben und ihn demzufolge je verschieden auch in seiner Leiblichkeit bestimmen. Die Stimmung kann den Menschen in seine Leiblichkeit wie in ein Gefängnis einsperren. Sie kann ihn aber auch durch die Leiblichkeit als eine ihrer Ausschwingungsbahnen hindurchtragen. Jedesmal wird dem Menschen die Welt anders zugetragen, jedesmal ist sein Selbst anders erschlossen und entschlossen zum Seienden.

Noch wesentlicher ist zu sagen [1]: Die Stimmung ist nicht, wie die bisherige, d. h. biologische und psychologische Auffassung des Menschen das jetzt Gesagte noch mißdeuten könnte, ein sehr wichtiges und vielleicht bisher nicht genug eingeschätztes und gedeutetes Vermögen des Menschen, sondern die recht verstandene Stimmung führt zu einer Überwindung der bisherigen Auffassung des Menschen. Wir sagen gewöhnlich: »Wir werden in die und die Stimmung versetzt«. In Wahrheit, d. h. aus dem ursprünglichen Wesen des Seins begriffen, ist es umgekehrt: die Stimmung versetzt uns je so und so in diesen und jenen Grundbezug zum Seienden als solchem. Genauer: die Stimmung ist dieses Versetzende, das dergestalt versetzt, daß es den Zeit-Raum der Versetzung selbst mitgründet.

Wie das zu verstehen sei, daß dieses Versetzende waltet, kann hier noch nicht gefragt werden. Aber diese Frage ist als eine Strecke und Bahn innerhalb unserer Frage nach der Offenheit als solcher (Da-sein) wesentlich.

Hier haben wir zunächst im Blick auf das Wesen der Not zu bedenken: Jene Not des Nicht-aus-und-nicht-ein-Wissens als stimmende nötigt nicht nur erst in eine schon bestimmte Beziehung [155] zu dem bereits eröffneten und in seiner Seiendheit ausgelegten Seienden, sondern sie emötigt allererst jenes Zwisdien und Inmitten, in dessen Zeit-Spiel-Raum das Seiende im Ganzen in seiner Seiendheit bestimmt werden kann. Jene Not des anfänglichen Denkens, die hier gemeint wird, kann stimmend nur nötigen in einer wesentlichen oder, wie wir sagen, in einer Grundstimmung.

Doch jetzt werden wir endlich geltend machen, daß das über die Not und die Stimmung Erörterte eben doch nur heutige »Phantasien« und schließlich trotz allem nur »psychologische« Auslassungen über die uns gänzlich unbekannte Psychologie der frühgriechischen Denker   sind. Gegen diese Mißdeutung gibt es heute in der Tat noch keine genügende Abwehr, und es wird sie auch künftig nicht geben, weil diese stets möglichen Mißdeutungen nur aufgrund einer wesentlichen Wandlung des Denkens und Fragens unmöglich werden, zu deren notwendigem Vollzug wir unterwegs sind.


Ver online : Grundfragen der Philosophie [GA45]


[1Über das Wesen der’ Stimmung vgl.: Sein und Zeit. Gesamtausgabe Bd. 2. Hg. F.-W. von Herrmann, Frankfurt a. M. 1977; und vor allem die Hölderlinvorlesung: Hölderlins Hymnen »Germanien« und »Der Rhein«. Gesamtausgabe Bd. 59. Hg. S. Ziegler, Frankfurt a. M. 1980.