Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Gesamtausgabe > GA89:292-294 – O corporal é o mais difícil…

GA89:292-294 – O corporal é o mais difícil…

sábado 25 de novembro de 2017

Arnhold & Almeida Prado

Boss: Os seminários anteriores sobre o corpo e a psique em 1965 foram um pouco insatisfatórios para os participantes. Eles querem ser mais bem orientados sobre onde está sua limitação, isto é, que eles só podem sempre apreender a relação entre corporal e psíquico como simultaneidade. Além disso, está claro para todos que não é o caso de um discurso sobre uma causalidade. Ninguém acredita mais que a percepção psíquica de uma borboleta, por exemplo, em sua significação como borboleta, possa ser determinada positivamente a partir de impulsos elétrico-nervosos na nuca. Outros concordam com a recriminação de Jean-Paul Sartre  , que estranhava que em todo Ser e tempo   o senhor só escreveu seis linhas sobre o corpo.

Heidegger: Só posso responder à recriminação de Sartre com a afirmação de que o corporal é o mais difícil e que, na época, simplesmente ainda não tinha mais a dizer a respeito.

Entretanto, continua decisivo o fato de que, também em toda a experiência do corporal na visão daseinsanalítica, deve-se partir sempre da constituição fundamental do existir humano, isto é, o ser-homem como Da-sein  , como o existir – no sentido transitivo –, um âmbito de estar-aberto-no-mundo; o estado de abertura, pois, de onde e à luz do qual as significações do que nos vem ao encontro falam ao homem. Graças a tal constituição da essência do homem, o Da-sein   é sempre já relacionado com algo que se lhe revela. Mas em seu essencial ser-relacionado perceptivo com o que se lhe laia a partir de sua abertura-no-mundo o homem é também sempre já solicitado a corresponder-lhe com sua relação com o mesmo, isto é, a responder, e, de maneira que ele toma a seu cuidado o que vem ao encontro, ajudando-o na medida do possível para o desenvolvimento da sua essência.

Mas o homem não seria capaz disto se ele só consistisse de um perceber “espiritual’’, se ele não fosse também de natureza corporal. Se não, como poderia ser possível um agarrar, um formar e transformar de outros acontecimentos “materiais” animados ou inanimados que vem ao encontro?

Então tudo o que chamamos a nossa corporeidade, até a última fibra muscular e a molécula hormonal mais oculta, faz parte essencialmente do interior do existir; não é, pois, fundamentalmente matéria inanimada, mas sim um âmbito daquele poder perceber não objetivável, não opticamente visível de significações do que vem ao encontro, do que consiste todo o Da-sein. Este corporal forma-se de tal modo que pode ser utilizado no trato com o “material” do animado e inanimado do que vem ao encontro. Mas ao contrário de uma ferramenta as esferas corporais do existir não são descartadas do ser-homem. Não podem ser guardadas isoladas numa caixa de ferramentas. Ao contrário, elas permanecem permeadas pelo ser-homem, seguras por ele, pertencentes a ele, enquanto um homem viver. No entanto, ao morrer, este âmbito corporal transforma seu modo de ser naquele de uma coisa inanimada, na massa de um cadáver que se decompõe.

Certamente, o corporal do Dasein admite que já em vida ele seja visto como um objeto material, inanimado, como uma espécie de máquina complicada. Tal observador, na verdade, já perdeu de vista para sempre o essencial do corporal. Então, a consequência de tal observação insuficiente é a perplexidade perante todas as manifestações essenciais do corporal.

Por isso, em relação à totalidade da corporeidade, pode-se dizer o mesmo que já foi citado com referência ao ver e os olhos corporais: não podemos “ver” porque temos olhos, mas, antes, só podemos ter olhos porque segundo a nossa natureza fundamental somos seres que veem. Assim, também não poderíamos ser corporais, como de fato somos, se o nosso ser-no-mundo não consistisse fundamentalmente de um sempre já perceptivo estar-relacionado com aquilo que se nos fala a partir do aberto de nosso mundo como o que, aberto, existimos. Além disso, nesta interpelação já estamos sempre orientados para os acontecimentos que se nos revelam. Somente graças a tal orientação essencial do nosso Da-sein podemos diferenciar a frente do verso, o alto do baixo, o esquerdo do direito. Graças ao mesmo ser orientado para algo que se nos fala podemos na verdade ter um corpo, ou melhor, sermos corporais. Não, porém, somos primeiramente corporais tendo, consequentemente, a partir disso uma frente, um atrás, etc. Apenas não podemos confundir nosso ser-corporal existencial com a materialidade-corpórea de um objeto inanimado simplesmente presente.

Boss: Receio que meus colegas preparados de forma científico-natural apenas darão risada de uma tal visão, pois ela pressupõe a possibilidade de que algo invisível puramente “mental”, algo que não pode ser nem pesado nem medido, como o são as possibilidades humanas de relacionamento enquanto tais, seja transformado em algo material que se pode tocar e medir, como os órgãos do corpo.

Heidegger: Já não deveria ser familiar para o cientista-natural a transformação do modo de ser de uma possibilidade de relacionamento não-material, não-opticamente visível no modo de ser de “corporal-material"? Pois já aprenderam com Einstein que “energia” e “matéria” são inteiramente intercambiáveis e, pois, essencialmente o mesmo. Mas Einstein não pode ensinar-nos o que esta e aquela são, essencialmente por si, pois estas questões do “essencial” são questões filosóficas. [GA89AAP  :243-245]

Xolocotzi Yáñez

Boss: Los seminarios anteriores acerca del cuerpo [Leib  ] y la psique, en 1965, fueron para los participantes más bien poco satisfactorios. Ellos quieren ser orientados de mejor manera acerca de dónde se halla su limitación cuando solamente pueden siempre concebir la relación de lo corporal [Leib] y lo psíquico como sincronía. Es claro para todos que, por otro lado, hablar de una causalidad no tiene caso. Nadie ya cree que a través de impulsos nerviosos eléctricos en la nuca se pueda determinar positivamente la percepción psíquica, por ejemplo, de una mariposa en su significatividad como mariposa. Otros retomaron el reproche de Jean Paul Sartre, el cual se sorprendió de que usted haya escrito solamente seis líneas acerca del cuerpo [Leib] en todo Ser y tiempo.

Heidegger: El reproche de Sartre solamente puedo enfrentarlo con la afirmación de que lo corporal [Leib] es lo más difícil y que en aquel entonces no tenía más que decir al respecto.

Sin embargo, sigue siendo decisivo el hecho de que en toda experiencia de lo corporal [Leib] a la vista del análisis del Dasein se debe partir de la constitución fundamental del existir humano, es decir, del ser-humano como Da-sein, como el existir –en sentido transitivo– de un ámbito del carácter de abierto del mundo; del carácter de abierto, pues, desde el cual en cuya luz interpelan las significatividades de lo que comparece ante el ser humano. Gracias a tal constitución esencial del ser humano el Da-sein está referido siempre a algo que se le desencubre. En su ser-referido perceptivo a lo que le interpela desde su apertura-en-el-mundo, el ser humano es, sin embargo, también siempre ya solicitado a corresponderle en su comportamiento respecto a él, esto es, para responder, de forma que él toma bajo su protección lo que comparece, ayudándole, en la medida de lo posible, a que despliegue su esencia.

Pero tal cosa no podría lograrla el ser humano si él sólo consistiera en una percepción «mental», si no fuera él también de naturaleza corporal [Leib]. ¿Cómo podría ser posible, entonces, un echar mano, un formar y deformar otros hechos vivos o inanimados, «materiales», que comparecen?

Pues bien, todo lo que nombramos nuestra corporalidad [Leib], hasta la última fibra muscular y hasta la más oculta molécula hormonal, pertenece esencialmente al interior del existir; no es, pues, por principio   materia inanimada, sino que es un ámbito de este poder-percibir no objetivable, no visible ópticamente de significatividades de lo que comparece, en lo que consiste todo el Da-Sein. Esto corporal [Leib] se forma de manera que puede ser usado en el trato con lo «material» inanimado y vivo de lo que comparece. Pero, al contrario de una herramienta, las esferas corporales del existir no se emancipan del ser-humano. Ellas no pueden ser mantenidas por sí en una caja de herramientas. Más bien, permanecen regidas por el ser-humano, mantenidas en él, perteneciendo a él, en tanto que un ser humano viva. Sin embargo, al morir este ámbito del cuerpo [Leib] convierte su forma de ser en la de una cosa inanimada, en la masa de un cadáver, que se desprende.

Naturalmente, lo corporal [Leib] del Da-sein admite que uno lo vea ya en vida como un objeto [Gegenstand  ] material, inanimado; como un tipo de máquina complicada. Sin embargo, para tal observador ya ha desaparecido de la vista para siempre lo esencial de lo corporal [Leib]. El desconcierto frente a todas las apariciones esenciales de lo corporal [Leib] es, entonces, la consecuencia de tal observación insuficiente.

En referencia a la corporalidad [Leib] completa debe, por eso, decirse lo mismo que ya fuera mencionado en referencia al ver y a los ojos corporales [Leib]: no podemos «ver» porque tenemos ojos, más bien sólo podemos tener ojos porque somos seres que ven según nuestra naturaleza fundamental. Así, no podríamos tampoco ser corporales [Leib], como lo somos, si nuestro ser-en-el-mundo no consistiera en su fundamento en un siempre ya ser-referido perceptivo a aquello que se dirige a nosotros desde lo abierto de nuestro mundo, abierto como el cual existimos. En ello, en este dirigirse ya siempre   estamos orientados hacia el dato que se nos desencubre. Sólo gracias a tal orientación esencial de nuestro Da-sein, podemos diferenciar un enfrente y un atrás, un arriba y un abajo, un izquierdo y un derecho. Gracias al mismo ser-orientado hacia algo que se dirige a nosotros podemos nosotros tener un cuerpo [Leib], mejor dicho: ser corporal [Leib]. Pero no somos primero corporales [Leib] y luego a partir de ello tenemos un enfrente y un atrás, etc. Pero uno no debe confundir nuestro ser-corporal [Leib] existencial con la corporalidad [Körper] de un objeto [Gegenstand] inanimado, que meramente está-ahí.

Boss: Temo que mis colegas preparados en la ciencia natural sólo se reirán acerca de tal visión, pues presupone la posibilidad de que se transforme algo invisible, algo puramente «mental», ni ponderable ni mensurable, como lo son las posibilidades del comportamiento humano como tales, en algo material, tangible y mensurable, como lo son los órganos del cuerpo [Körper].

Heidegger: ¿No debería ser familiar precisamente para el científico la transformación de la forma de ser de una posibilidad de comportamiento no-material, no visible ópticamente en la forma de ser de algo «corporal [Leib]-material»? Han aprendido, mientras tanto, de Einstein que energía y materia son enteramente intercambiables, es decir, que conforme a su esencia son lo mismo. Sin embargo, Einstein no pudo enseñarnos lo que ésta y aquélla son por sí conforme a la esencia porque estas preguntas acerca de lo «conforme a la esencia» son preguntas filosóficas. [GA89AXY:336-338]

Mayr & Askay

MEDARD BOSS: The earlier seminars of 1965 about the body and the psyche   were rather unsatisfactory for the participants. They want to be better oriented about where their limitation lies if they are always to understand the relationship between the bodily and the psychic only as simultaneous. Otherwise, it is clear to everyone that there cannot be any talk of causality. No one believes any longer that psychological perception — for instance, [perceiving] a butterfly in its significance as a butterfly — can be positively determined by the electric nerve impulses in the back of the head. Other [people] took up the reproach of Jean-Paul Sartre, who wondered why you only wrote six lines about the body in the whole of Being and Time.

MARTIN HEIDEGGER: I can only counter Sartre’s reproach by stating that the bodily [das Leibliche] is the most difficult [to understand] and that I was unable to say more at that time.

Nevertheless, from the Da-seinanalytic perspective, it remains decisive that in all experience of the bodily one must always start with the basic constitution of human existing, that is, from being-human as Da-sein — as existing, in the transitive sense, of a domain of standing-open-toward-the-world; therefore, from this standing-open, in the light of this standing-open, the significant features of what is encountered address the human being. Because of the human being’s basic constitution, Dasein is always already related to something unveiling itself to him. In his essential receptive-perceptive relatedness to what addresses him from his world-openness, the human being is also already called upon to respond to it by his comportment. This means that he must respond in such a way that he takes what he encounters into his care and that he aids it in unfolding its own essence as far as possible.

Yet, the human being would not   be able [to do this] if he consisted only of a “spiritual” receiving-perceiving [geistiges Vernehmen  ] and if he did not also have a bodily nature. How else could it be possible to grasp, to form, and to transform other animate or inanimate “material” things which are encountered?

Then everything we call our bodiliness, down to the last   muscle fiber and down to the most hidden molecule of hormones, belongs essentially to existing. Thus, it is basically not inanimate matter but a domain of that nonobjectifiable, optically invisible capacity to receive-perceive the significance of what it encounters, which constitutes the whole Da-sein. This bodily [nature] develops in such away that it can be used in dealing with the inanimate and animate “material things” which are encountered. Yet, in contrast to a tool, the bodily spheres of existing are not set free [entlassen  ] from being-human. They cannot be cared for in a toolbox. Rather, they remain in the sway of being human, held   in it, and belonging to it so long as the human being lives. Of course, in dying this bodily domain changes its way of being into that of an inanimate thing, into the substance of a corpse, which drops out [herausfallen] from existence.

Of course, during its lifetime the bodily [nature] of Da-sein already admits to being seen as a material, inanimate object and as a kind of complicated machine. Of course, for someone who sees it this way, the essential, unfolding character of bodily [nature] has already disappeared from view forever. Perplexed helplessness [Ratlosigkeit] regarding all essential phenomena of the bodily [nature] is the result of such an inadequate view.

Therefore, regarding the whole bodiliness, we must repeat what we have mentioned before about seeing and our bodily eyes: We are not able to “see” because we have eyes; rather, we can only have eyes because, according to our basic nature, we are beings who can see. Thus, we would not be bodily [leiblich] in the way we are unless our being-in-the-world always already fundamentally consisted of a receptive/perceptive relatedness to something which addresses us from out of the openness of our world, from out of that openness as which we exist. Thereby, in this address, we are always already directed toward things disclosing themselves to us. It is only because of our Da-sein’s essential direction [Ausrichtung  ] [1] that we are able to distinguish between in front of and behind, above and below, left and right. It is due to the same directedness [Ausgerichtetsein] toward something addressing us that we can have a body at all, better: To be of a bodily nature. We are not first of a bodily nature and then from it have what is in front and behind, and so forth. Only one must not confuse our existentiell bodily being [existenzielles Leiblichsein] with the corporeality [ Korperhaftigkeit ] of an inanimate, merely present-at-hand   object

MB: I am afraid that my scientifically trained colleagues will only laugh at such a view. After all, such [a view] presupposes that something invisible, a “pure” spiritual reality which can be neither weighed nor measured — as is the case with human potentialities for comportment as such — could transform itself into something material which could be grasped and measured as bodily organs are.

MH: Is it not precisely the natural scientist who should no longer be unfamiliar with how a nonmaterial, optically invisible potentiality of comportment can be transformed into a “bodily-material” [Leiblich-Materielles] reality? In the meantime, did you not learn from Einstein that energy and matter can be completely transformed into each other, that is, that therefore they are of the same nature? Yet Einstein could not teach us what energy and matter essentially are in themselves because these questions concerning something’s essence are philosophical ones. [GA89MA:231-233]

Original

Boss: Die früheren Seminare über den Leib und die Psyche 1965 waren für die Teilnehmer eher unbefriedigend. Sie wollen   besser darüber orientiert werden  , wo ihre Beschränkung liegt, wenn sie das Verhältnis   von Leiblichem und Psychischem immer nur als Gleichzeitigkeit auffassen können. Daß   andererseits ein Reden von einer Kausalität   nicht   am Platze sei, ist allen klar. Niemand   glaubt mehr, daß aus elektrischen Nerven-impulsen im Hinterkopf das psychische   Wahmehmen z. B. eines Schmetterlings in seiner Bedeutsamkeit   als Schmetterling positiv   zu bestimmen sei. Andere   nahmen den Vorwurf von Jean Paul Sartre auf  , der sich darüber wunderte, daß Sie im ganzen »Sein und Zeit  « nur sechs Zeilen über den Leib geschrieben hätten.

Heidegger: Sartres Vorwurf kann ich   nur mit der Feststellung begegnen  , daß das Leibliche das Schwierigste ist und daß ich damals   eben noch nicht mehr zu sagen   wußte.

Entscheidend   bleibt indessen dies, daß auch in aller Erfahrung   des Leiblichen in daseinsanalytischer Sicht   immer von der Grundverfassung   des menschlichen Existierens, d. h. vom Mensch  -sein als Da-sein, als das Existieren — im transitiven Sinne — eines Bereiches von Welt  -Offenständigkeit   auszugehen ist; von Offenständigkeit also, von der her sich in deren Lichte die Bedeutsamkeiten des Begegnenden dem Menschen zusprechen. Dank solcher Wesensverfassung des Menschen ist Da-sein immer schon auf etwas sich ihm Entbergendes bezogen. In seinem wesensmäßigen vernehmenden Bezogen-sein auf das sich ihm aus seiner Weltoffenheit Zusprechende ist der Mensch aber auch immer schon aufgefordert, diesem mit seinem Verhalten   zu ihm zu entsprechen, d. h. zu antworten, und zwar so, daß er das Begegnende in seine Hut nimmt, ihm nach Möglichkeit   zu dessen Wesensentfaltung verhilft.

Solches könnte der Mensch aber gar nicht, wenn er nur aus einem »geistigen« Vernehmen bestünde, wenn er nicht auch leiblicher Natur   wäre. Wie sollte sonst ein Zupacken, ein Formen und Umformen begegnender anderer lebendiger oder lebloser »materieller« Gegebenheiten möglich sein?

Alles nun, was wir unsere Leiblichkeit nennen, bis hin zur letzten Muskelfaser und zum verborgensten Hormonmolekül, gehört wesensmäßig in das Existieren hinein; ist also grundsätzlich nicht leblose Materie  , sondern ist ein Bereich jenes nicht zu vergegenständlichenden, optisch nicht sichtbaren Vemeh-men-könnens von Bedeutsamkeiten des Begegnenden, aus dem das ganze   Da-sein besteht. Dieses Leibliche bildet sich so, daß es zum Umgang   mit dem leblosen und lebendigen »Materiellen« des Begegnenden zu gebrauchen ist. Im Gegensatz zu einem Werkzeug   werden aber die leiblichen Sphären   des Existierens nicht aus dem Mensch-sein entlassen. Sie können nicht in einem Werkzeugkasten für sich versorgt werden. Vielmehr bleiben sie vom Mensch-sein durchwaltet, in ihm gehalten, ihm zugehörig, solange ein Mensch lebt. Beim Sterben   allerdings verwandelt dieser Leibbereich seine Seinsart   in die eines leblosen Dinges, in die Masse eines Leichnams, die herausfällt.

Freilich läßt es sich das Leibliche des Da-seins gefallen, daß man es schon zu Lebzeiten als einen materiellen, leblosen Gegenstand, als eine Art von komplizierter Maschine, sieht. Einem solchen Betrachter ist dann allerdings das Wesentliche des Leiblichen schon für immer dem Blick entschwunden. Ratlosigkeit allen wesentlichen Erscheinungen des Leiblichen gegenüber ist denn auch die Folge   solch unzulänglicher Betrachtung  .

In bezug auf die gesamte Leiblidhkeit ist deshalb dasselbe zu sagen, was bereits in bezug auf das Sehen und die leiblichen Augen erwähnt wurde: Wir können nicht »sehen«, weil wir Augen haben  , vielmehr können wir nur Augen haben, weil wir unserer Grundnatur nach sehenden Wesens sind. So könnten wir auch nicht leiblich sein, wie wir es sind, wenn unser In-der-Welt-sein   nicht grundlegend aus einem immer schon vernehmenden Bezogen-sein auf solches bestünde, das sich uns aus dem Offenen unserer Welt, als welches Offene wir existieren, [293] zuspricht. Dabei sind wir immer schon in diesem Zuspruch auf die sich uns entbergende Gegebenheit   ausgerichtet. Nur dank solcher wesensmäßigen Ausrichtung unseres Da-seins können wir ein Vorne und ein Hinten, ein Oben und Unten, ein Linkes und ein Rechtes unterscheiden. Dank desselben Ausgerichtet—seins auf etwas sich uns Zusprechendes können wir überhaupt einen Leib haben, besser: leiblich sein. Nicht aber sind wir zuerst leiblich und haben dann von ihm aus ein Vorne und ein Hinten usw. Nur darf man unser existenzielles Leiblich-sein nicht mit der Körperhaftigkeit eines leblosen, bloß vorhandenen Gegenstandes verwechseln.

Boss: Ich fürchte, daß meine naturwissenschaftlich präparierten Kollegen über eine solche Sicht nur lachen werden, setzt sie doch die Möglichkeit voraus, daß sich Unsichtbares, rein »Geistiges«, weder Wäg- noch Meßbares, wie es die menschlichen Verhaltensmöglichkeiten als solche sind, in etwas Materielles, Greif- und Meßbares, wie es Körperorgane sind, verwandelt.

Heidegger: Sollte nicht gerade dem Naturwissenschaftler die Umwandlung der Seinsart einer nicht-materiellen, nicht optisch sichtbaren Verhaltensmöglichkeit in die von »Leiblich-Materiel-lem« nicht mehr unvertraut sein? Haben sie doch inzwischen   von Einstein gelernt, daß »Energie« und »Materie« sich restlos ineinander umwandeln lassen, also wesensmäßig dasselbe sind. Was allerdings diese und jene wesensmäßig für sich sind, konnte uns Einstein nicht lehren, weil diese Fragen   nach dem »We-sensmäßigen« philosophische   Fragen sind. [GA89:292-294)


Ver online : SEMINÁRIOS DE ZOLLIKON


[1See Heidegger, Being and Time, pp. 135,143. — translators