Página inicial > Gesamtausgabe > SZ:170-171 — Visão - Sicht

SER E TEMPO

SZ:170-171 — Visão - Sicht

§36

quarta-feira 23 de janeiro de 2019, por Cardoso de Castro

Castilho

Na análise do entender e da abertura do “aí” em geral, remeteu-se ao lumen naturale   e se deu o nome de clareira do Dasein   à abertura do ser-em, na qual é pela primeira vez somente possível algo assim como a visão. A visão foi concebida em referência ao modo-fundamental de todo abrir do Dasein, isto é, o entender, tomado no sentido da genuína apropriação do ente em relação ao qual o Dasein pode se comportar conforme suas essenciais possibilidades-de-ser.

A constituição-fundamental da visão mostra-se numa peculiar tendência-de-ser da cotidianidade para o “ver”. Designamo-la com o termo curiosidade, que de modo característico não se limita ao olhar e expressa a tendência para uma peculiar forma de o mundo vir-de-encontro na percepção. Esse fenômeno, nós o interpretamos numa intenção ontológico-existenciária de princípio, [479] e não o restringimos ao mero conhecimento que na filosofia grega foi concebido muito cedo e não por acaso como “prazer de ver”. O tratado que ocupa o primeiro lugar na coleção dos tratados de Aristóteles   sobre ontologia começa com a proposição: πάντες άνθρωποι τού είδέναι ορέγονται φύσει [1]. Νο ser do homem reside essencialmente a preocupação do ver. Introduz-se, assim, uma investigação buscando descobrir a origem da pesquisa científica do ente e de seu ser, a partir do referido modo-de-ser do Dasein. Essa interpretação científica grega da gênese existenciária da ciência não é casual. Nela se chega ao explícito entendimento do que se prefigura na sentença de Parmênides  : το γάρ αυτό νοείν έστίν τε και είναι  . Ser é ο que se mostra no puro perceber vidente e só esse ver descobre o ser. A verdade originária e autêntica reside na pura visão. Essa tese permanece desde então o fundamento da filosofia ocidental. Nela a dialética hegeliana tem seu motivo e só é possível sobre esse fundamento.

Essa notável precedência do “ver” foi notada sobretudo por Agostinho  , em conexão com a interpretação científica da concupiscentia   [2]. Ad oculos enim videre proprie pertinet, o ver pertence propriamente aos olhos. Utimur autem hoc verbo etiam in ceteris sensibus cum eos ad cognoscendum intendimus. Mas empregamos essa palavra “ver” também para os outros sentidos, quando a eles recorremos para conhecer. Neque enim dicimus: audi quid   rutilet; aut, olefac quam niteat; aut, gusta quam splendeat; aut, palpa quam fulgeat: videri enim dicuntur haec omnia. Com efeito, não dizemos: ouve como brilha, ou cheira como brilha, ou saboreia como resplandece, ou palpa como irradia, mas nisso tudo dizemos vê, dizemos que tudo isso é visto. Dicimus autem non solum, vide quid   luceat, [481] quod soli oculi sentire possunt, mas também dizemos somente: olha como resplandece, coisa que só os olhos podem perceber, sed etiam, vide quid sonet; vide quid oleat, vide quid sapiat, vide quam durum sit. Também dizemos: olha como soa, olha como cheira, olha como é o duro. Ideoque generalis experientia sensuum concupiscentia   sicut dictum est oculorum vocatur, quia videndi officium in quo primatum oculi tenent, etiam ceteri sensus sibi de similitudine usurpant, cum aliquid cognitionis explorant. Por isso se chama “concupiscenda dos olhos” à experiência de todos os sentidos em geral, porque quando se fala de conhecer, os outros sentidos fazem sua, por uma certa semelhança, a operação de ver, em que os olhos têm a precedência. (p. 479, 481, 483)

Schuback

Durante a análise da compreensão e da abertura do pre, fez-se referência ao lumen naturale. Denominou-se também a abertura do ser-em de clareira da presença. É somente nessa clareira que se torna possível qualquer visão. A visão foi concebida na perspectiva do modo fundamental de abertura própria à presença, ou seja, do compreender no sentido de uma apropriação genuína dos entes com os quais a presença pode relacionar-se e assumir uma atitude segundo suas possibilidades de ser essenciais.

A constituição fundamental da visão mostra-se numa tendência ontológica para “ver”, própria da cotidianidade. Nós a designamos com o termo curiosidade (N59). Em suas características, a curiosidade não se limita a ver, exprimindo a tendência para um tipo especial de encontro perceptivo com o mundo. Interpretaremos esse fenômeno com um propósito fundamentalmente ontológico-existencial. Não limitaremos a sua orientação pelo conhecimento que, já cedo e na filosofia grega, foi concebido, não por acaso, segundo o “prazer de ver”. O tratado que figura em primeiro lugar na coletânea dos escritos ontológicos de Aristóteles começa com a seguinte frase: pantes anthropoi tou eidenai oregontai physei (Metafísica, A 1, 980 a), “no ser do homem reside, de modo essencial, o acurar do ver”. Assim começa uma investigação que procura descobrir a origem da pesquisa científica acerca dos entes e de seu ser a partir deste modo de ser da presença. A interpretação grega da gênese existencial da ciência não é casual. Aquilo que se pressignou na sentença de Parmênides — [pois o mesmo é a ser e a pensar] — chega, nessa interpretação, a uma compreensão temática e explícita. O ser é tudo que se mostra numa percepção puramente intuitiva, e somente esse tipo de ver descobre o ser. A verdade originária e autêntica reside na intuição pura. Desde então, essa tese tem sido o fundamento da filosofia ocidental. Dela a dialética de Hegel   retirou o seu moto e somente à sua base é que se tornou possível.

Foi especialmente S. Agostinho quem observou o primado curioso do “ver” no contexto da interpretação da concupiscência80 Ad óculos enim videre proprie pertinet, a visão pertence propriamente aos olhos. Utimur autem hoc verbo etiam in ceteris sensibus cum eos ad cognoscendum intendimus. Usamos, no entanto, essa palavra ("ver") também para os demais sentidos, quando com eles nos empenhamos em conhecer. Neque enim dicimus: audi quid rutilei; aut, olefac quam niteat; aut, gusta quam splendeat; aut, palpa quam fulgeat: videri enim dicuntur haec omnia. É que não dizemos: escuta como brilha, ou cheira como luze, ou saboreia como resplandece ou toca como irradia; mas dizemos em tudo isso: vê, pois dizemos que tudo isso é visto. Dicimus autem non solum, vide quid luceat, quod soli oculi sentire possunt, entretanto nós não dizemos apenas: vê como brilha o que só os olhos podem perceber, sed etiam, vide quid sonet; vide quid oleat, vide quid sapiat, vide quam durum sit. Mas também dizemos: vê como soa, vê como cheira, vê como isso tem gosto, vê como é duro. Ideoque generalis experientia sensuum concupiscentia sicut dictum est oculorum vocatur, quia vivendi officium in quo primatum oculi tenent, etiam ceteri sensus sibi de similitudine usurpant, cum aliquid [235] cognitionis explorant. Denomina-se a experiência dos sentidos de concupiscência dos olhos porque, quando se trata de conhecer, também os outros sentidos se apropriam, analogamente, do esforço de ver, em que os olhos têm a primazia. (p. 235-236)

Rivera

En el análisis del comprender y de la aperturidad del Ahí en general se ha hecho referencia al lumen naturale y se ha llamado a la aperturidad del estar-en claridad del Dasein, claridad sólo en la cual se hace posible algo así como una visión.

La visión fue concebida teniendo presente el modo fundamental del abrir del Dasein, es decir, el comprender, entendido en el sentido de la genuina apropiación del ente respecto del cual el Dasein puede comportarse en virtud de sus posibilidades esenciales de ser.

La constitución fundamental de la visión se muestra en una peculiar tendencia de ser propia de la cotidianidad: la tendencia al “ver”. Designaremos esa tendencia con el término curiosidad [Neugier  ], que tiene la característica de no limitarse solamente al ver, sino de expresar la tendencia a una particular forma de encuentro perceptivo con el mundo. Interpretaremos este fenómeno desde una perspectiva fundamental de carácter ontológico-existencial, sin restringirlo al mero conocimiento, el cual ya tempranamente y no por azar fue concebido en la filosofía griega como “placer de ver”. El tratado que ocupa el primer lugar en la colección de los tratados de Aristóteles relativos a la ontología comienza con la [SZ  :171] siguíente frase: πάντες άνθρωποι του είδεναι ορέγονται φύσει [3]. En el ser del hombre se da esencialmente el cuidado por el ver. Con esta frase se introduce una indagación que busca poner al descubierto el origen de la investigación científica del ente y de su ser, partiendo de ese modo de ser del Dasein. Esta interpretación griega de la génesis existencial de la ciencia no es casual. En ella se llega a la comprensión explícita de lo que ya estaba bosquejado en la frase de Parménides: το γάρ αυτό νοειν εστίν τε και είναι. El ser es lo que se muestra en una pura [193] percepción intuitiva, y sólo este ver descubre el ser. La verdad originaria y auténtica se halla en la pura intuición. Esta tesis constituirá en adelante el fundamento de la filosofía occidental. En ella encuentra su motor la dialéctica hegeliana, que sólo es posible sobre esa base.

Esta extraña primacía del “ver” fue advertida sobre todo por San Agustín, dentro del contexto de la interpretación de la concupiscentia [4]. Ad oculos enim videre proprie pertinet, el ver pertenece propiamente a los ojos. Utimur autem hoc verbo etiam in ceteris sensibus cum eos ad cognoscendum intendimus. Pero usamos también la palabra “ver” para los otros sentidos cuando nos ponemos en ellos para conocer. Ñeque enim dicimus: audi quid rutilet; aut, olefac quam niteat; aut, gusta quam splendeat; aut, palpa quam fulgeat: videri enim dicuntur haec omnia. En efecto, no decimos: oye cómo brilla, o huele cómo luce, o gusta cómo resplandece, o palpa cómo irradia; sino que en todos estos casos decimos: mira, decimos que todo esto se ve. Dicimus autem non solum, vide quid luceat, quod soli oculi sentire possunt, pero tampoco decimos solamente: mira cómo resplandece, cosa que sólo los ojos pueden percibir, sed etiam, vide quid sonet; vide quid oleat, vide quid sapiat, vide quam durum sit. Decimos también: mira cómo suena, mira cómo huele, mira cómo sabe, mira lo duro que es. Ideoque generalis experientia sensuum concupiscentia sicut dictum est oculorum vocatur, quia videndi officium in quo primatum oculi tenent, etiam ceteri sensus sibi de similitudine usurpant, cum aliquid cognitionis explorant. Por eso se llama “concupiscencia de los ojos” a la experiencia de todos los sentidos en general, porque, cuando se habla de conocer, los otros sentidos hacen suya, por una cierta analogía, la operación del ver, en la que los ojos tienen la primacía. (p. 193-194)

Vezin

Lorsque ont été analysés l’entendre et l’ouvertude du là en général, il a été fait référence au lumen naturale et l’ouvertude de l’être-au a été nommée la clairière du Dasein en laquelle seule devient possible quelque chose comme la visée. La visée a été conçue en [217] tenant compte du genre fondamental qu’a toute mise à découvert dans le cadre du Dasein, l’entendre au sens de l’authentique appropriation de l’étant avec lequel le Dasein, de par ses possibilités d’être essentielles, peut entrer en rapport.

La constitution fondamentale de la visée apparaît avec une tendance d’être particulière de la quotidienneté, l’envie de « voir ». Nous la désignons du terme de curiosité qui a pour caractéristique de ne pas se restreindre à la vue et exprime cette tendance à aller à la rencontre du monde que propose particulièrement la perception. Nous allons interpréter ce phénomène dans une intention   fondamentalement ontologique existentiale, non dans une orientation limitée à la seule connaissance qui, très tôt et dès la philosophie   grecque, a été comprise, et ce n’est pas un hasard, à partir du « plaisir de voir ». Le traité qui [SZ:171] se trouve en tête du recueil qu’Aristote consacre à l’ontologie  , commence par la phrase : πάντες άνθρωποι τοϋ είδέναι όρέγονται φύσει [5]. Dans l’être de l’homme réside essentiellement le souci de voir. Par là se trouve introduite une recherche qui tente de révéler l’origine de l’investigation scientifique de l’étant et de son être à partir de ce genre d’être du Dasein. Cette interprétation grecque de la genèse existentiale de la science n’est pas fortuite. En elle parvient à une entente explicite ce qui se profile dès la phrase de Parménide : το γάρ αυτό νοεΐν έστίν τε καί είναι. L’être est ce qui se montre dans une perception purement intuitive, et seul ce voir dévoile l’être. L’originale et authentique vérité repose dans la pure intuition. Cette thèse demeure dorénavant le soubassement de la philosophie occidentale. En elle la dialectique hégélienne a son ressort et c’est seulement sur sa base qu’elle est possible.

La remarquable primauté de la « vue », c’est surtout Augustin qui l’a aperçue dans le contexte de son interprétation de la concupiscentia [6]. Ad oculos enim videre proprie pertinet, la vue appartient proprement aux yeux. Utimur autem hoc verbo etiam in ceteris sensibus cum eos ad cognoscendum intendimus. Mais nous employons aussi ce mot « voir » pour les autres sens, quand nous nous plaçons en eux - pour connaître. Neque enim dicimus: audi quid rutilet; aut, olefac quam niteat; aut, gusta quam splendeat; aut, palpa quam fulgeat: videri enim dicuntur haec omnia. Nous ne disons justement pas : écoute comme cela reluit, ou bien hume   comme cela brille, ou goûte comme cela éclaire, ou touche comme cela resplendit; non, nous disons dans tous les cas : vois, nous disons que tout cela [218] est vu. Dicimus autem non solum, vide quid luceat, quod soli oculi sentire possunt, mais nous ne disons pourtant pas seulement : vois comme cela éclaire, ce que les yeux peuvent seuls percevoir, sed etiam, vide quid sonet; vide quid oleat, vide quid sapiat, vide quam durum sit. Nous disons aussi : vois comme cela retentit, vois comme c’est parfumé, vois quel goût cela a, vois comme c’est dur. Ideoque generalis experientia sensuum concupiscentia sicut dictum est oculorum vocatur, quia videndi officium in quo primatum oculi tenent, etiam ceteri sensus sibi de similitudine usurpant, cum aliquid cognitionis explorant. De là vient que l’expérience des sens en général est désignée comme « plaisir des yeux », parce que les autres sens, du fait d’une certaine analogie  , s’approprient l’action de voir s’il s’agit de connaître, action dans laquelle les yeux ont la primauté. (p. 217-219)

Macquarrie

In our analysis of understanding and of the disclosedness of the “there” in general, we have alluded to the lumen naturale, and designated the disclosedness of Being-in as Dasein’s “clearing”, in which it first becomes possible to have something like sight. [7] Our conception of “sight” has been gained by looking at the basic kind of disclosure which is characteristic of Dasein — namely, understanding, in the sense of the genuine appropriation of those entities towards which Dasein can comport itself in accordance with its essential possibilities of Being.

The basic state of sight shows itself in a peculiar tendency-of-Being which belongs to everydayness — the tendency towards ‘seeing’. We designate this tendency by the term “curiosity’ [Neugier], which characteristically is not   confined to seeing, but expresses the tendency towards a peculiar way of letting the world be encountered by us in perception. Our aim in Interpreting this phenomenon is in principle one which is existential-ontological. We do not restrict ourselves to an orientation towards cognition. Even at an early date (and in Greek philosophy this [215] was no accident) cognition was conceived in terms of the ‘desire to see’. [8] The treatise which stands first in the collection of Aristotle’s treatises on ontology begins with the sentence: πάντες άνθρωποι του είδεναι ορέγονται. iji φύσει.X1 The care for seeing is essential to man’s Being. [9] This remark introduces an investigation in which Aristotle seeks to uncover the source of all learned exploration of entities and their Being, by deriving it from that species of Dasein’s Being which we have just mentioned. This Greek Interpretation   of the existential genesis   of science is not accidental. It brings to explicit understanding what has already been sketched out beforehand in the principle of Parmenides: το γάρ αύτο νοεΐν εστίν τε και εΐναι. [10] Being is that which shows itself in the pure perception which belongs to beholding, and only by such seeing does Being get discovered. Primordial and genuine truth lies in pure beholding. This thesis   has remained the foundation of western philosophy ever since. The Hegelian dialectic found in it its motivating conception, and is possible only on the basis of it.

The remarkable priority of ‘seeing’ was noticed particularly by Augustine, in connection with his Interpretation of concupiscentia. “Ad oculos enim videre proprie pertinet.” (“Seeing belongs properly to the eyes.”) “Utimur autem hoc verbo etiam in ceteris sensibus cum eos ad cognoscendum intendimus.” (“But we even use this word ‘seeing’ for the other senses when we devote them to cognizing.”) “Neque enim dicimus: audi quid rutilet; aut, olfac quam niteat; aut, gusta quam splendeat; aut, palpa quam fulgeat: videri enim dicuntur haec omnia.” (“For we do not say ‘Hear how it glows’, or ‘Smell how it glistens’, or ‘Taste how it shines’, or ‘Feel how it flashes’; but we say of each, ‘See’; we say that all this is seen.”) “Dicimus autem non solum, vide quid luceat, quod soli oculi sentire possunt.” (“We not only say, ‘See how that shines’, when the eyes alone can perceive it;”) “sed etiam, vide quid sonet; vide quid oleat; vide quid sapiat; vide quam durum sit;” (“but we even say, ‘See how that sounds’, ‘See how that is scented’, ‘See how that tastes’, ‘See how hard that is’.”) “Ideoque generalis experientia sensuum concupiscentia sicut dictum est oculorum vocatur, quia videndi officium in quo primatum oculi tenent, etiam ceteri sensus sibi de similitudine usurpant, cum aliquid cognitionis explorant.” (“Therefore the experience of the senses in general is designated [216] as the ‘lust of the eyes’; for when the issue is one of knowing something, the other senses, by a certain resemblance, take to themselves the function of seeing — a function in which the eyes have priority.”) (p. 214-216)

Original

Bei   der Analyse des Verstehens und der Erschlossenheit   des Da überhaupt wurde auf   das lumen naturale hingewiesen und die Erschlossenheit des In-Seins die Lichtung   des Daseins genannt, in der erst so etwas wie Sicht   möglich wird. Sicht wurde im Hinblick auf die Grundart alles daseinsmäßigen Erschließens, das Verstehen  , im Sinne der genuinen Zueignung   von Seiendem begriffen, zu dem sich Dasein gemäß seiner wesenhaften Seinsmöglichkeiten verhalten   kann.

Die Grundverfassung   der Sicht zeigt sich an einer eigentümlichen Seinstendenz   der Alltäglichkeit   zum »Sehen«. Wir bezeichnen sie mit dem Terminus Neugier, der charakteristischerweise nicht   auf das Sehen eingeschränkt ist und die Tendenz   zu einem eigentümlichen vernehmenden Begegnenlassen   der Welt   ausdrückt. Wir interpretieren dieses Phänomen   in grundsätzlicher existenzial  -ontologischer Absicht, nicht in der verengten Orientierung   am Erkennen  , das schon früh und in der griechischen Philosophie nicht zufällig aus der »Lust zu sehen« begriffen wird. Die Abhandlung, die in der Sammlung   der Abhandlungen des Aristoteles zur Ontotogie an erster Stelle   steht, [171] beginnt mit dem Satze: πάντες ανθρωποι τού είδέναι ορέγονται φύσει [11]. Im Sein   des Menschen liegt wesenhaft die Sorge   des Sehens. Damit wird eine Untersuchung   eingeleitet, die den Ursprung   der wissenschaftlichen Erforschung des Seienden   und seines Seins aus der genannten Seinsart   des Daseins aufzudecken sucht. Diese griechische Interpretation der existenzialen Genesis der Wissenschaft   ist nicht zufällig. In ihr kommt zum expliziten Verständnis, was im Satz   des Parmenides vorgezeichnet ist: το γαρ αύτο νοεΐν έστίν τε και είναι. Sein ist, was im reinen anschauenden Vernehmen   sich zeigt, und nur dieses Sehen entdeckt das Sein. Ursprüngliche und echte Wahrheit   liegt in der reinen Anschauung  . Diese These bleibt fortan das Fundament   der abendländischen Philosophie. In ihr hat die Hegelsche Dialektik das Motiv, und nur auf ihrem Grunde ist sie möglich.

Den merkwürdigen Vorrang   des »Sehens« hat vor allem Augustinus bemerkt im Zusammenhang   der Interpretation der concupiscentia [12]. Ad oculos enim videre proprie pertinet, das Sehen gehört eigentlich den Augen zu. Utimur autem hoc verbo etiam in ceteris sensibus cum eos ad cognoscendum intendimus. Wir gebrauchen   aber dieses Wort   »sehen« auch für die anderen   Sinne, wenn wir uns in sie legen — um zu erkennen. Neque enim dicimus: audi quid rutilet; aut, olfac quam niteat; aut, gusta quam splendeat; aut, palpa quam fulgeat: videri enim dicuntur haec omnia. Wir sagen   nämlich nicht: höre, wie das schimmert, oder rieche, wie das glänzt, oder schmecke, wie das leuchtet, oder fühle, wie das strahlt; sondern wir sagen bei all dem: sieh, wir sagen, daß   all das gesehen wird. Dicimus autem non solum, vide quid luceat, quod soli oculi sentire possunt, wir sagen aber auch nicht allein: sieh, wie das leuchtet, was die Augen allein vernehmen können, sed etiam, vide quid sonet; vide quid oleat, vide quid sapiat, vide quam durum sit. Wir sagen auch: sieh, wie das klingt, sieh, wie es duftet, sieh, wie das schmeckt, sieh, wie hart das ist. Ideoque generalis experientia sensuum concupiscentia sicut dictum est oculorum vocatur, quia videndi officium in quo primatum oculi tenent, etiam ceteri sensus sibi de similitudine usurpant, cum aliquid cognitionis explorant. Daher wird die Erfahrung   der Sinne überhaupt als »Augenlust« bezeichnet, weil auch die anderen Sinne aus einer gewissen   Ähnlichkeit her sich die Leistung des Sehens aneignen, wenn es um ein Erkennen geht, in welcher Leistung die Augen den Vorrang haben  . (p. 170-171)


Ver online : SER E TEMPO


[1Metaphysik A 1, 980 a 21.

[2Confessiones Iib. X, cap. 35.

[3Metafísica A, 1, 980 a 21.

[4Confessiones lib. X, cap. 35.

[5Métaphysique A 1, 980 a 21.

[6Confessiones L. X. ch. 35.

[7See H. 133 above.

[8‘. . . nicht in der verengten Orientierung am Erkennen, das schon früh und in der griechischen Philosophie nicht zufällig aus der “Lust zu sehen” begriffen wird.’ The earlier editions have ‘. . . am Erkennen, als welches schon früh . . .’

[9While the sentence from Aristotle is usually translated, ‘All men by nature desire to know’, Heidegger takes et’SeVoi in its root meaning, ‘to see’, and connects ορέγονται (literally: ‘reach out for’) with ‘Sorge’ (‘care’).

[10This sentence has been variously interpreted. The most usual version is: ‘For thinking and being are the same.’ Heidegger, however, goes back to the original meaning of voelv as ‘to perceive with the eyes’.

[11Metaphysik A I, 980 a 21.

[12Confessiones lib. X, cap. 35.