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Gewesenheit

sábado 8 de julho de 2023

Gewesenheit  , having been, ter sido, vigor de ter sido, Gewesensein, Gewesen-sein  , être-été, ser-do-sido, Gewesen, sido, Gewesene, o sido, sendo-sido, ayant été, having been, dagewesen, ayant-été-Là, gewesend, étant-été, having-been, sendo-sido


PASSADO-PRESENTE = DAS GEWESENE: Heidegger distingue “die Vergangenheit  ” e “die Gewesenheit” ou “das Gewesene”. “Vergangenheit” é o passado, enquanto passado, isto é, algo enquanto num dado momento foi presente mas depois deixou de ser simplesmente. Nesse sentido o sono de Aristóteles   é hoje um presente passado, uma “Vergangenheit”. “Das Gewesene”, porém, diz o passado, que ainda se conserva presente como passado. Assim, a filosofia de Aristóteles é um passado premente, um “Gewesenes”, pois se vem conservando até hoje na História da existência do Ocidente. [Carneiro Leão  ; GA40ECL:Nota:77]
Para descrever esse passado peculiar, Heidegger valeu-se dos termos alemães das Gewesene e die Gewesenheit. Traduzidos ao pé da letra, esses termos significam “o sido” e o “caráter de ter sido”. Eles se formam a partir do particípio passado do verbo ser e não são senão substantivações desse particípio. Porquanto o particípio passado do verbo ser em alemão (gewesen) possui uma ligação de fundo com o termo essência (Wesen), [1] traduzimos normalmente das Gewesene e die Gewesenheit por “aquilo que foi essencialmente” e o “ter sido essencial”. Uma mera lembrança da relação entre a abertura do mundo e a determinação do ser do ente na totalidade, contudo, é suficiente para que comecemos a perceber o que está realmente em questão com esses termos. O “que foi” não designa nesse contexto alguma coisa em particular entre tantas outras que ocorreram no passado, mas nos remete muito mais ao próprio acontecimento do ser. É esse acontecimento que não decai simplesmente em um passado alienado do presente e inócuo em relação ao futuro, mas que continua sempre vigente no instante e que atrai para si todo o porvir. Desse modo, uma confrontação histórica se revela como uma confrontação no instante com o que foi essencialmente a partir da abertura do ser do ente na totalidade em nome daqueles que estão por vir e que podem se mostrar como a voz de uma nova abertura. A questão é que a confrontação com o que foi essencialmente depende de uma intelecção do projeto que veio aí à tona de maneira inicial. Em nosso caso, esse projeto se refere ao projeto de mundo da metafísica ocidental em sua conexão com a história da filosofia como a voz desse projeto. [Casanova  ; GA6MAC:Apresentação:XVII]
GESESEN E AFINS

wesen: essenciar-se, estar-a-ser
Abwesen (s) / Abwesende (s): o-estar-ausente, ausência / o-que-está-ausente
anwesen / Anwesen (s): vir-à-presença, estar-presente / o-estar-presente, o vir-à-presença
anwesend / Anwesende (s): presente, que está presente / o que-está-presente, o que-vem-à-presença
Anwesenheit (e): presença, estar-em-presença (cf. Präsenz  )
Gewesene (s) / Ge-wesene (s): o sido, aquilo que foi / o sido, o já essenciado
Wesen (s) / Unwesen (s): essência, estar-a-ser, ser / anti-essência, abuso da essência, in-essência
Wesende (s): o-que-se-essencia, o que-está-a-ser
Wesenheit (e): essencialidade
Wesensblick ®: o olhar-que-vê-a-essência [GA5BD  ]
Gewesen = ter-sido; Gewesenheit = vigor-de-ter-sido [STMSCC]
être-été [ETEM]
having been [BTJS  ]

NT: Have been, having-been (Gewesen[heit]), 85fn, 326-329, 337-346, 348, 350, 360, 365, 381, 385-387, 391, 393-397, 410,427; have-been-there (da-gewesen), 380-381, 385-386, 393-397; having-been-in-the-world, 394; be-as-having-been, 326, 350, 385, 391, 396, 410. See also Ecstatic unity; Past; Repetition [BTJS]


NT: A palavra alemã é uma derivação do verbo wesen que significa vigir, vigorar, estar em vigor. Como substantivo, Gewesenheit e seus derivados conotam a dupla experiência de uma força que já se instalou e que continua atuante. Por isso, a tradução optou pela expressão vigor de ter sido. [STMSCC:580]
NT: Gewesenheit : être-été. - H. dit en effet aussi Gewesen(-)sein. N.p.c. avec Vergangenheit, le nom ord. du passé. L’être-été, en effet, n’a rien de « passé ». [ETEM]
N19 J’adopte la traduction synthétique que propose Walter Biemel   de ce mot [Gewesenheit] qui, littéralement, devrait être traduit par : ‘être que (le Dasein  ) a été’. Et comme j’adopte cette traduction, j’ai, pour les mêmes raisons, adopté celle de ‘passé révolu’ pour l’autre mot qu’emploiera Heidegger, mot au demeurant courant, relatif au passé « proprement dit », à savoir Vergangenheit. Écoutons Walter Biemel (WB, page 127) : « Le terme Vergangenheit désigne le ‘passé révolu’ de la conception vulgaire qui fait du temps une pure succession de ‘maintenant’. Le ‘maintenant’ qui n’est plus est révolu, il est tombé dans le passé, comme on a coutume de dire. On se représente en somme le passé comme une sorte de ‘tombe’ où vont s’enfuir les ‘maintenant’ qui ne sont plus. [L’avoir-été est intrinsèquement impliqué dans l’à-venir, le passé est extrinsèquement distingué du futur. (PR, note 1, page 128) N.d.T.].

Si, cependant, le temps n’est point quelque chose qui existe en dehors du Dasein, si, au contraire, le Dasein est foncièrement temps (temporalisant), il doit exister un passé différent de celui que nous venons d’évoquer : un passé dont le Dasein puisse nous dire qu’il est ‘son’ passé, c’est ce passé là que nous avons désigné par l’expression ‘ayant-été’. Cela signifie que mon ‘passé-présent’ n’est pas une chose distincte de moi, mais ce que j’ai été (ich   bin gewesen) et ce que je suis donc encore d’une certaine manière. Le caractère spécifique de ce passé, c’est justement de ne pas être révolu, ou plus exactement d’être présent en tant que passé. ».

J’observe également que, par un certain côté, cette compréhension du ‘passé-présent’ s’apparente à la durée bergsonienne, sous cette réserve que, chez Heidegger, elle serait étendue, au-delà de la personne particulière concernée, à l’histoire, bien antérieure à elle, dans laquelle elle s’inscrit. Attention encore à ne pas confondre avec le ‘présent-passé’, autrement dit la rétention husserlienne. [ETJA]


Heidegger forja então uma outra palavra, usando o particípio passado de sein ("ser"), gewesen, "(ter) sido": (die) Gewesenheit, "(vigor de) ter sido, passado vivo" (GA21  , 413; SZ, 326). O passado da maioria dos verbos alemães é formado pela junção do particípio passado com o presente de haben  , "ter", como auxiliar: ich habe gerufen, "Eu chamei". Alguns verbos formam seu passado usando sein como auxiliar: ich bin gereist, "Eu viajei". O verbo sein usa sein como auxiliar: ich bin krank gewesen, "Eu estive doente". Heidegger explora isto ao explicar o sentido de Gewesenheit. " ‘Desde que’ Dasein facticamente exista, ele nunca será passado [vergangen], mas sempre foi [ist, lit., ‘é’, gewesen, lit., ‘sido’] no sentido de ‘eu sou-um-ter-sido’ [’ich bin-gewesen’]" (SZ, 328). A expressão "sempre já" (immer schon  ) ou "alguma vez já" (je schon) é formada por analogia   com immer noch, lit., "sempre ainda", uma forma enfática de "ainda" — "Ele ainda não está trabalhando!" (N2, 319/N3, 238). Heidegger relaciona-a com o ser-lançado do dasein: "o ‘já’ [das ‘Schon’] significa o sentido existencial temporal   do ser deste ente que, na medida em que é, é alguma vez já [je schon] lançado" (SZ, 328). Isto também se aplica a outros aspectos do ser de Dasein: "nós sempre já funcionamos em uma compreensão do ser" (SZ, 5). Ela expressa duas ideias: 1. Todo Dasein foi arremessado no mundo, adquiriu uma compreensão do ser que carrega consigo. 2. Eu não posso dirigir, ou observar, minha própria entrada no mundo nem minha aquisição de aspectos essenciais ao fato de eu ser Dasein; a partir de minha própria perspectiva eu sempre estive no mundo, etc. A Gewesenheit está mais relacionada ao que eu "sempre já sou" do que à cronologia. [DH  ]
Gewesenheit (die): «haber-sido». Heidegger distingue claramente entre Vergangenheit (el pasado), lo que ha desaparecido irrevocablemente, lo enterrado por el pasado como tal, y Gewesenheit (el haber-sido), la historia acontecida, lo que todavía permanece vivo y activo para nuestro presente, lo que todavía tiene la capacidad de influir sobre nuestro destino. La Gewesenheit es entonces el pasado experimentado de manera propia y se diferencia de la correspondiente manera impropia de la Vergangenheit. ¿Cómo vive el pasado en el presente? No simplemente en virtud de los efectos que los acontecimientos pasados tienen en nuestro estado presente. Las piedras, los árboles y los animales se ven afectados por su pasado, es decir, sólo tienen pasado (Vergangenheit), pero no poseen un haber-sido (Gewesenheit) sobre el que puedan volver. Esta distinción también guarda una estrecha relación con la diferencia entre «historia» (Geschichte  ) e «historiografía» (Historie). Además, Gewesenheit, junto con Zukunft   («futuro») y Gegenwart («presente»), es uno de los tres éxtasis de la temporalidad. Por último, Heidegger utiliza diferentes palabras para expresar nuestra relación con el pasado: 1) behalten   y das Behalten («retener» y «retención»). Husserl   ya señala en su Fenomenología de la conciencia interna del tiempo que escuchar un tono envuelve el retener las notas ya escuchadas. Heidegger utiliza la expresión behalten de una manera similar; 2) Vergessen   y Vergessenheit («olvidar» y «olvido»); 3) erinnern y Erinnerung   («recordar» y «recuerdo»); 4) wiederholen y Wiederholung   («recordar» y «recuerdo»). En Ser y tiempo, se establece que la repetición (Wiederholung) es el modo en que se temporaliza propiamente el pasado del Dasein como haber-sido (Gewesenheit), mientras que el olvido (Vergessen) es el modo en que se temporaliza impropiamente el pasado (Vergangenheit). Véanse también las entradas Vergangenheit (die) y Zeitigung   (die), zeitigen. [GA24  , p. 411 (pasado); SZ, pp. 325-326, 328-329 (condición de arrojado), 338-343, 346, 350, 365, 380-381, 385-386, 427, 441.] [LHDF]

Observações

[1Em verdade, a essência designa em alemão a reunião daquilo que é.