Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA9:104-105 – O homem "faz ciência"

sábado 27 de maio de 2023

Ernildo Stein

Contudo, em todas as ciências nós nos relacionamos, dóceis a seus [51] propósitos mais autênticos com o próprio ente. Justamente, sob o ponto de vista das ciências, nenhum domínio possui hegemonia sobre o outro, nem a natureza sobre a história, nem esta sobre aquela. Nenhum modo de tratamento dos objetos supera os outros. Conhecimentos matemáticos não são mais rigorosos que os filológico-históricos. A matemática possui apenas o caráter de "exatidão" e este não coincide com o rigor. Exigir da história exatidão seria chocar-se contra a ideia do rigor específico das ciências do espírito. A referência ao mundo, que importa através de todas as ciências enquanto tais, faz com que elas procurem o próprio ente para, conforme seu conteúdo essencial e seu modo de ser, transforma-lo em objeto de investigação e determinação fundante. Nas ciências se realiza — no plano das ideias — uma aproximação daquilo que é essencial em todas as coisas.

Esta privilegiada referência de mundo ao próprio ente é sustentada e conduzida por um comportamento da existência humana livremente escolhido. Também a atividade pré e extra-científica do homem possui um determinado comportamento para com o ente. A ciência, porém, se caracteriza pelo fato de dar, de um modo que lhe é próprio, expressa e unicamente, à própria coisa a primeira e última palavra. Em tão objetiva maneira de perguntar, determinar e fundar o ente, se realiza uma submissão peculiarmente limitada ao próprio ente, para que este realmente se manifeste. Este pôr-se a serviço da pesquisa e do ensino se constitui em fundamento da possibilidade de um comando próprio, ainda que delimitado, na totalidade da existência humana. A particular referência ao mundo que caracteriza a ciência e o comportamento do homem que a rege, os entendemos, evidentemente apenas então plenamente, quando vemos e compreendemos o que acontece na referência ao mundo, assim sustentada. O homem — um ente entre outros — "faz ciência". Neste "fazer" ocorre nada menos que a irrupção de um ente, chamado homem, na totalidade do ente, mas de tal maneira que, na e através desta irrupção, se descobre o ente naquilo que é em seu modo de ser. Esta irrupção reveladora é o que, em primeiro lugar, colabora, a seu modo, para que o ente chegue a si mesmo.

Estas três dimensões — referência ao mundo, comportamento, irrupção — trazem, em sua radical unidade, uma clara simplicidade e severidade do ser-aí, na existência científica. Se quisermos apoderar-nos expressamente da existência científica, assim esclarecida, então devemos dizer: Aquilo para onde se dirige a referência ao mundo é o próprio ente — e nada mais. Aquilo de onde todo o comportamento recebe sua orientação é o próprio ente — e além dele nada. Aquilo com que a discussão investigadora acontece na irrupção é o próprio ente — e além dele nada.

Mas o estranho é que precisamente, no modo como o cientista se assegura o que lhe é mais próprio, ele fala de outra coisa. Pesquisado [52] deve ser apenas o ente e mais — nada; somente o ente e além dele — nada; unicamente o ente e além disso — nada.

Roger Munier

Et pourtant, dans toutes les sciences, quand nous suivons en chacune sa visée la plus propre, nous nous rapportons à l’étant lui-même. Du seul point de vue des sciences, aucun domaine n’a préséance sur l’autre, ni la nature sur l’histoire, ni inversement. Aucune manière de traiter un objet ne l’emporte sur l’autre. La connaissance mathématique n’est pas plus rigoureuse que l’historique ou la philologique. Elle n’a que le caractère de l’« exactitude », laquelle ne se confond pas avec la rigueur. Exiger de l’histoire l’exactitude serait trahir l’idée de la rigueur spécifique aux sciences de l’esprit. La relation au monde qui gouverne toutes les sciences comme telles les porte à rechercher l’étant lui-même, pour en faire à chaque fois, selon son contenu qualitatif et son mode d’être, l’objet d’une exploration et d’une détermination qui le fonde en raison. Dans les sciences s’accomplit - selon l’idée - un mouvement de venue en la proximité vers l’essentiel de toutes choses.

Cette relation mondaine signalée à l’étant lui-même est portée et conduite par une attitude librement choisie de l’existence humaine. Sans doute l’agir pré- ou extrascientifique de l’homme se rapporte-t-il aussi à l’étant. Mais la science a son trait distinctif en ceci qu’elle donne, expressément et uniquement, d’une manière qui lui est propre, le premier et le dernier mot à la chose même. En une telle soumission à la chose, de l’interrogation, de la détermination et de la fondation en raison, s’accomplit un assujettissement, spécifiquement délimité, à l’étant lui-même, selon lequel c’est à celui-ci qu’il revient de se manifester. Ce rôle subordonné de la recherche et de l’enseignement se déploie comme fondement de la possibilité d’un rôle directeur propre, quoique délimité, dans l’ensemble de l’existence humaine. La relation mondaine particulière de la science et l’attitude de l’homme qui la conduit ne sont assurément pleinement comprises que lorsque nous voyons et saisissons ce qui advient dans la relation mondaine soutenue de la sorte. L’homme — un étant parmi d’autres — « fait de 1 la science ». Dans ce « faire de… » n’advient rien de moins que l’irruption d’un étant, appelé homme, dans l’ensemble de l’étant, et cela de telle sorte que dans et par cette irruption l’étant s’ouvre en ce qu’il est et comment il est. L’irruption qui fait s’ouvrir aide, en sa manière, avant tout l’étant à s’atteindre lui-même.

Cette triple composante — relation mondaine, attitude, irruption — fait, en son unité radicale, accéder à l’existence scientifique une simplicité et acuité irradiantes de l’être « là ». Lorsque nous faisons nôtre expressément le mode scientifique d’être « là » ainsi mis en lumière, alors nous devons dire :

Ce à quoi va la relation mondaine est l’étant lui-même - et rien d’autre.

Ce dont toute attitude reçoit sa direction est l’étant lui-même — et rien d’autre.

Ce avec quoi advient, dans l’irruption, l’analyse investigatrice est l’étant lui-même — et au-delà rien.

Or il est remarquable qu’en la manière justement dont l’homme scientifique s’assure de ce qui lui est le plus propre, il parle d’un autre Ne doit être soumis à recherche que l’étant et autrement — rien; l’étant seul et outre lui — rien; l’étant sans plus et au-delà — rien.

Original

Und doch — in allen Wissenschaften verhalten   wir uns, ihrem eigensten Absehen folgend, zum Seienden   selbst  . Gerade von den Wissenschaften aus gesehen hat kein Gebiet   vor dem anderen   einen Vorrang  , weder die Natur   vor der Geschichte   noch umgekehrt. Keine Behandlungsart der Gegenstände überragt die andere. Mathematische   Erkenntnis   ist nicht   strenger als die philologisch-historische. Sie hat nur den Charakter der »Exaktheit«, die mit der Strenge nicht zusammenfällt. Von der Historie Exaktheit fordern, hieße gegen die Idee   der spezifischen Strenge der Geisteswissenschaften   verstoßen. Der alle Wissenschaften als solche durchherrschende Bezug   zur Welt   läßt sie das Seiende selbst suchen  , um es je nach seinem Wasgehalt und seiner Seinsart   zum Gegenstand   einer Durchforschung und begründenden Bestimmung   zu machen  . In den Wissenschaften vollzieht sich — der Idee nach — ein In-die-Nähe  -kommen   zum Wesentlichen aller Dinge.

Dieser ausgezeichnete Weltbezug zum Seienden selbst ist getragen und geführt von einer frei   gewählten Haltung der menschlichen Existenz  . Zum Seienden verhält sich zwar auch das vor- und außerwissenschaftliche Tun   und Lassen   des Menschen. Die Wissenschaft hat aber ihre Auszeichnung darin, daß   sie in einer ihr eigenen   Weise   ausdrücklich   und einzig der Sache   selbst das erste und letzte Wort   gibt. In solcher Sachlichkeit des Fragens, Bestimmens und Begründern vollzieht sich eine eigentümlich begrenzte Unterwerfung unter das Seiende selbst, auf   daß es an diesem sei, sich zu offenbaren. Diese Dienststellung der Forschung   und Lehre entfaltet sich zum Grunde der [105] Möglichkeit   einer eigenen, obzwar begrenzten Führerschaft im Ganzen der menschlichen Existenz. Der besondere Weltbezug der Wissenschaft und die ihn führende Haltung des Menschen sind freilich erst dann   voll begriffen, wenn wir das sehen   und fassen, was in dem so gehaltenen Weltbezug geschieht. Der Mensch   — ein Seiendes unter anderem — »treibt Wissenschaft«. In diesem »Treiben« geschieht nichts Geringeres als der Einbruch eines Seienden, genannt Mensch, in das Ganze   des Seienden, so zwar, daß in und durch diesen Einbruch das Seiende in dem, was und wie es ist, aufbricht. Der aufbrechende Einbruch verhilft in seiner Weise dem Seienden allererst zu ihm selbst.

Dieses Dreifache — Weltbezug, Haltung, Einbruch — bringt in seiner wurzelhaften Einheit   eine befeuernde Einfachheit und Schärfe des Da-seins in die wissenschaftliche Existenz. Wenn wir das so durchleuchtete wissenschaftliche Da-sein   für uns ausdrücklich in Besitz nehmen  , dann müssen wir sagen  :

Worauf   der Weltbezug geht, ist das Seiende selbst — und sonst nichts [1].

Wovon alle Haltung ihre Führung nimmt, ist das Seiende selbst — und weiter nichts.

Womit die forschende Auseinandersetzung   im Einbruch geschieht, ist das Seiende selbst — und darüber hinaus nichts.

Aber merkwürdig — gerade in dem, wie der wissenschaftliche Mensch sich seines Eigensten versichert, spricht er, ob ausdrücklich oder nicht, von einem Anderen. Erforscht werden   soll nur das Seiende und sonst — nichts; das Seiende allein und weiter — nichts; das Seiende einzig und darüber hinaus — nichts. (GA9  :104-105)


Ver online : WEGMARKEN [GA9]


[1Auflage 1929: Man hat diesen Zusatz hinter dem Gedankenstrich als willkürlich und künstlich ausgegeben und weiß nicht, daß Taine, der als Vertreter und Zeichen eines ganzen, noch herrschenden Zeitalters genommen werden kann, wissentlich diese Formel zur Kennzeichnung seiner Grundstellung und Absicht gebraucht.