Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA67:I.86 – Ser-consciente (Consciência) e Ser (metafísica Moderna)

segunda-feira 19 de fevereiro de 2024

Casanova

A partir do idealismo alemão poder-se-ia dizer: ser é ser-consciente (consciência). A questão é que no ser-consciente mesmo (consciência), apesar de toda evocação ao ser cônscio e ao saber (à re-presentabilidade no sentido do “pensamento” – a representar algo enquanto algo), o “ser” já é requisitado [1]. Por isto também não permanece nenhuma possibilidade de inverter esta proposição e de dizer que o ser é a essência do ser-consciente (consciência) e que este é apenas uma “espécie” do ser sempre ainda infundado; pois assim tudo deságua na mesma ausência de fundamento e na mesma inquestionabilidade do ser; abstraindo-se do fato de as “inversões” nunca nos lançarem em direção ao espaço livre.

No conceito de “ser”-consciente (consciência) reside porém a interpretação até agora e nunca considerada do ser enquanto ἰδέα  : isto é, enquanto presentificação. ser-consciente (consciência): ter diante de si enquanto presente e assim o ter-diante-de-si mesmo enquanto presente; ou seja, ele é “ratificado” como co-presente – frente à requisição por presentificação.

Original

Vom deutschen Idealismus   her könnte man sagen  : Sein   ist Bewußtsein  ; nur wird im Bewußt-sein ja doch trotz aller Berufung auf   Bewußtheit und Wissen   (d.h. Vor-gestelltheit im Sinne des »Denkens« – etwas als etwas vorstellen  ) das »-sein« schon in Anspruch   genommen. Deshalb bleibt auch keine Möglichkeit  , diesen Satz   (Bewußtsein sei das Wesen   de^ Seins) umzukehren und zu sagen, Sein sei das Wesen des Bewußtseins und dieses nur eine »Art« des immer noch ungegründeten Seins; denn so ist alles in dieselbe Grundlosigkeit und Fraglosigkeit des Seins versandet; abgesehen davon, daß   »Umkehrungen« überhaupt nie ins Freie bringen  .

Im Begriff   des Bewußt-»seins« liegt aber die bisherige und nie [93] bedachte Auslegung   des Seins als ἰδέα, d.h. Anwesung; Bewußt-sein: vor-sich haben   als anwesend und so das Vor-sich-haben selbst   als anwesendes, d.h. es ist als mit-anwesendes »bestätigt« – vor dem Anspruch auf Anwesung.


Ver online : Metaphysik und Nihilismus [GA67]


[1O correlato alemão do termo “consciência” em português é Bewußtsein. Traduzindo literalmente este termo diz ser (-sein) consciente (Bewußt-). No interior do próprio étimo da palavra consciência em alemão já se apresenta portanto uma ligação com o ser. Esta presença é utilizada por Heidegger como o caminho para a explicitação do modo metafísico de lidar com uma tal ligação. Para acompanharmos o sentido da argumentação heideggeriana, optamos assim por traduzir aqui Bewußtsein por “ser consciente” e inserimos entre parênteses o termo usual “consciência”. (N.T.)