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CAMINHOS DE FLORESTA

GA5:84-86 – Institucionalização da Ciência

O tempo da imagem do mundo

terça-feira 2 de junho de 2020, por Cardoso de Castro

Excerto de HEIDEGGER, Martin. Caminhos de Floresta. Coordenação Científica da Edição e Tradução Irene Borges-Duarte  . Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, p. 107-109

Borges-Duarte

É na empresa, primeiro que tudo, que o projeto da área objectual é inserido no ente. Todas as instituições que facilitem uma integração planejável dos modos de procedimento, que fomentem o teste mútuo e a partilha de resultados, e que regulamentem o intercâmbio da mão-de-obra, de modo nenhum são, enquanto medidas, apenas as consequências exteriores de que o trabalho de investigação se estenda e ramifique. Ele torna-se antes o sinal, que vem de longe e que permanecerá ainda incompreendido, de que a ciência moderna começa a entrar na parte decisiva da sua história. Só agora ela toma posse da sua essência própria e plena.

O que é que se passa na difusão e na consolidação do caráter de instituto das ciências? Nada menos que o assegurar da primazia do procedimento face ao ente (natureza e história) que se torna sempre objetivo na investigação. É com base no seu caráter de empresa que as ciências criam a sua mútua pertença e a unidade que lhes corresponde. Daí que uma investigação historiográfica ou arqueológica, institucionalmente empreendida, esteja essencialmente mais próxima da investigação física instalada de um modo correspondente, que de uma disciplina da sua própria faculdade de ciências do espírito que tenha ainda permanecido presa na simples erudição. O desenrolar-se decisivo do caráter de empresa moderno da ciência cunha também, por isso, uma outra espécie de homem. O erudito desaparece. É rendido pelo investigador que está nos seus empreendimentos de investigação. Estes, e não o cuidado de uma erudição, dão ao seu trabalho o ar fresco. O investigador já não precisa de nenhuma biblioteca em casa. Ele está aliás constantemente em viagem. Discute em colóquios e informa-se em congressos.Vincula-se a encargos de editores. Estes co-determinam agora que livros têm de ser escritos.

O investigador é impelido necessariamente para o círculo da figura essencial de técnico, num sentido essencial. Só assim é que continua a ser eficaz e, deste modo, efetivo no sentido da sua era. O romantismo da erudição e da universidade, que se torna cada vez mais raro e cada vez mais vazio, pode ainda manter-se por mais algum tempo e algures, à margem. No entanto, o caráter de unidade eficaz e, assim, a efetividade da universidade não reside num poder espiritual de união originária das ciências, que dela emana por ser por ela alimentado e nela guardado. A universidade é efetivamente real como uma instituição que torna possível e visível, ainda numa forma peculiar, porque administrativamente fechada, a dispersão das ciências na particularização e na unidade particular das empresas. É porque as autênticas forças essenciais da ciência moderna chegam à eficácia na empresa, de um modo imediatamente inequívoco, que também só as empresas de investigação, que crescem espontaneamente, podem indicar e instalar, a partir de si, a unidade interior com as outras, que lhes corresponde.

O sistema efetivo da ciência consiste no coexistir — que se harmoniza, em cada caso, a partir de planificações — do avançar e da atitude em relação à objetivação do ente. A vantagem que se requer deste sistema não é uma qualquer unidade relacionai dos conteúdos dos campos objectuais, pensada arbitrária e teimosamente, mas a tão grande quanto possível mobilidade livre, embora regrada, da permuta das investigações nas respectivas tarefas condutoras. Quanto mais exclusivamente a ciência se singulariza no exercício e domínio completo do seu curso de trabalho, quanto mais livre de ilusões estas empresas se deslocam para centros de investigação e faculdades de investigação separados, tanto mais irresistivelmente as ciências alcançam a consumação da sua essência moderna. Contudo, quanto mais incondicionalmente a ciência e os investigadores tomam a sério a figura moderna da sua essência, tanto mais inequivocamente eles mesmos podem servir e tanto mais imediatamente podem disponibilizar-se para o uso comum, mas também tanto mais incondicionalmente terão de recolocar-se na modéstia pública de qualquer trabalho útil para a comunidade.

A ciência moderna funda-se e singulariza-se, ao mesmo tempo, nos projetos de determinadas áreas objectuais. Estes projetos desenrolam-se no procedimento correspondente, assegurado através do rigor. O procedimento respectivo institui-se na empresa. Projeto e rigor, procedimento e empresa, exigindo-se mutuamente, constituem a essência da ciência moderna, tornando-a investigação. [GA5BD  :107-109]

Original

Im Betrieb   wird der Entwurf   des Gegenstandsbezirkes allererst in das Seiende   eingebaut. Alle Einrichtungen, die einen planbaren Zusammenschluß der Verfahrensweisen erleichtern, die wechselweise Überprüfung und Mitteilung   der Ergebnisse fördern und den Austausch der Arbeitskräfte regeln, sind als Maßnahmen keineswegs nur die äußere Folge   davon, daß   die Forschungsarbeit sich ausdehnt und verzweigt. Sie wird vielmehr das weither kommende und weithin noch unverstandene Zeichen   dafür, daß die neuzeitliche   Wissenschaft   beginnt, in den entscheidenden Abschnitt ihrer Geschichte   einzutreten. Jetzt   erst ergreift sie Besitz von ihrem eigenen   vollen Wesen  .

Was geht in der Ausbreitung und Verfestigung des Institutcharakters der Wissenschaften vor sich? Nichts   Geringeres als die Sicherstellung des Vorrangs des Verfahrens vor dem Seienden (Natur   und Geschichte), das jeweils in der Forschung   gegenständlich wird. Auf   dem Grunde ihres Betriebcharakters schaffen   sich die Wissenschaften die ihnen gemäße [85] Zusammengehörigkeit und Einheit  . Deshalb steht eine institutsmäßig betriebene historische oder archäologische Forschung der entsprechend eingerichteten physikalischen Forschung wesentlich näher als einer Disziplin ihrer eigenen geisteswissenschaftlichen Fakultät, die noch in der bloßen Gelehrsamkeit stecken geblieben ist. Die entscheidende Entfaltung des neuzeitlichen Betriebcharakters der Wissenschaft prägt daher auch einen anderen   Schlag von Menschen. Der Gelehrte verschwindet. Er wird abgelöst durch den Forscher, der in Forschungsunternehmungen steht. Diese und nicht die Pflege einer Gelehrsamkeit geben seiner Arbeit   die scharfe Luft. Der Forscher braucht zu Hause keine Bibliothek mehr. Er ist überdies ständig unterwegs. Er verhandelt auf Tagungen und unterrichtet sich auf Kongressen. Er bindet sich an Aufträge von Verlegern. Diese bestimmen jetzt mit, welche Bücher geschrieben werden   müssen (5).

Der Forscher drängt von sich aus notwendig in den Umkreis   der Wesensgestalt des Technikers im wesentlichen Sinne. So allein bleibt er wirkungsfähig und damit im Sinne seines Zeitalters wirklich  . Daneben kann sich noch einige Zeit und an einigen Stellen   die immer dünner und leerer werdende Romantik des Gelehrtentums und der Universität   halten  . Der wirkende Einheitscharakter und somit die Wirklichkeit der 79 Universität liegt jedoch nicht in einer von ihr ausgehenden, weil von ihr genährten und in ihr verwahrten geistigen Macht   der ursprünglichen Einigung der Wissenschaften. Wirklich ist die Universität als eine Einrichtung  , die noch in einer einzigartigen, weil verwaltungsmäßig geschlossenen Form das Auseinanderstreben der Wissenschaften in die Besonderung und die besondere Einheit der Betriebe möglich und sichtbar macht.

Weil die eigentlichen Wesenskräfte der neuzeitlichen Wissenschaft unmittelbar eindeutig im Betrieb zur Wirkung kommen  , deshalb können auch nur die eigenwüchsigen Forschungsbetriebe von sich aus die ihnen gemäße innere   Einheit mit anderen vorzeichnen   und einrichten.

[86] Das wirkliche System   der Wissenschaft besteht in dem jeweils aus den Planungen sich fügenden Zusammenstehen des Vorgehens und der Haltung hinsichtlich der Vergegenständ-lichung des Seienden. Der geforderte Vorzug dieses Systems ist nicht irgendeine erdachte und starre inhaltliche Beziehungseinheit der Gegenstandsgebiete, sondern die größtmögliche freie, aber geregelte Beweglichkeit der Umschaltung   und Einschaltung der Forschungen in die jeweils leitenden Aufgaben. Je ausschließlicher die Wissenschaft sich auf die vollständige Betreibung und Beherrschung ihres Arbeitsganges vereinzelt  , je illusionsfreier diese Betriebe sich in abgesonderte Forschungsanstalten und Forschungsfachschulen verlagern, um so unwiderstehlicher gewinnen die Wissenschaften die Vollendung   ihres neuzeitlichen Wesens. Je unbedingter aber die Wissenschaft und die Forscher mit der neuzeitlichen Gestalt ihres Wesens einst machen, um so eindeutiger werden sie sich selbst   und um so immittelbarer für den gemeinen Nutzen   bereitstellen können, um so vorbehaltloser werden sie sich aber auch in die öffentliche Unauffälligkeit jeder gemeinnützigen Arbeit zurückstellen müssen.

Die neuzeitliche Wissenschaft gründet sich und vereinzelt sich zugleich in den Entwürfen bestimmter Gegenstandsbezirke  . Diese Entwürfe entfalten sich im entsprechenden, durch die Strenge gesicherten Verfahren. Das jeweilige Verfahren richtet sich im Betrieb ein. Entwurf und Strenge, Verfahren und 80 Betrieb, wechselweise sich fordernd, machen das Wesen der neuzeitlichen Wissenschaft aus, machen sie zur Forschung. [GA5:84-86]


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