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Diferença e Metafísica

Ernildo Stein (2008:136-137) – desconstrução

Origens, Aproximações e Críticas ao Problema da Desconstrução do Ponto de Vista Hermenêutico

sexta-feira 9 de junho de 2023, por Cardoso de Castro

A desconstrução situa-se para além da intenção da analítica existencial. Ela se insere, assim, na história do ser, isto é, ela se aproxima da crítica da metafísica como logocentrismo.

A teoria da desconstrução não se refere, em primeiro lugar, ao campo da semântica e da semiótica, mas sua meta é uma tarefa do pensamento e nesse sentido a desconstrução tem uma raiz filosófica que aponta para o lugar ocupado pela hermenêutica. A desconstrução é precisamente possível porque ela nos situa no que Heidegger denomina “o fim da metafísica“ e nesse sentido ela se encaminha para a questão da diferença ontológica. E por ela que se torna possível uma clivagem da qual vive a desconstrução. A diferença é o que primeiro sustenta a possibilidade da desconstrução. Naturalmente a desconstrução não é simplesmente a repetição do compreender como um estar por…, mas ela pretende remover, mediante uma abordagem múltipla, aquilo que encobriu o compreender como um estar por…. Sua tarefa, portanto, não é hermenêutica ou hermenêutica da facticidade. Não é também um instrumento para estabelecer o lugar da diferença. Ela não trata da compreensão do ser e da compreensão que o Dasein   tem de si mesmo.

A desconstrução situa-se para além da intenção da analítica existencial. Ela se insere, assim, na história do ser, isto é, ela se aproxima da crítica da metafísica como logocentrismo. A base dos processos de desconstrução consiste em desmascarar a alienação escolástica da metafísica pela a dissolução de palavras que se enrijeceram e mediante a ação de desconstruir histórias da metafísica que encobrem a história do ser. É desse lugar que se desenvolve a múltipla atividade da desconstrução no campo das Ciências Humanas, da Literatura, das produções artísticas e de outros fenômenos da cultura.

A desconstrução situa-se, sob certos aspectos, na esfera da hermenêutica, como se pode inferir do que afirmamos anteriormente. Quando assim se fala em hermenêutica, entretanto, ela não é pensada como um método, mas como aquilo que se tornou um elemento nuclear da Filosofia a partir de Heidegger enquanto o compreender se apresenta como um estar por… e o estar por… é o da compreensão do ser e da compreensão do ser-aí [137] (Dasein). Esse estar por… remete para uma outridade. A desconstrução é, assim, na sua base, vinculada com a questão fundamental da diferença ontológica, mas sua tarefa é o que Derrida   chamaria de “dissemination”: a dispersão das consequências da história da metafísica no campo da linguagem e da escrita.

Derrida traduz a destruição do primeiro Heidegger como desconstrução desde sua leitura do segundo Heidegger, a partir da metafísica como história do encobrimento do ser.


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