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GA31:262-263 – pessoalidade de uma pessoa
domingo 4 de agosto de 2019
Casanova
O que constitui, então, a pessoalidade de uma pessoa? Nós compreendemos isso, se considerarmos a pessoalidade em sua diferença em relação à humanidade e à animalidade do homem. [1] Tudo aí constitui o todo dos elementos da determinação da essência plena do homem. Em verdade, a definição tradicional do homem conhece apenas dois elementos desta determinação: homo animal rationale, o homem é um animal dotado de razão. Por conseguinte, é a animalidade que caracteriza o homem enquanto ser vivo. A razão é o segundo momento, que não constitui agora naturalmente o conteúdo daquilo que Kant denomina a humanidade, mas a humanidade é aquilo que caracteriza o homem enquanto um ser vivo e, ao mesmo tempo, enquanto um ser racional. No conceito da humanidade reside concomitantemente a ligação com a animalidade. Aquilo que Kant concebe por animalidade é em certa medida o conteúdo da definição tradicional. Mas a essência do homem não é esgotada em sua humanidade, mas ela se consuma pela primeira vez e se [302] determina propriamente na pessoalidade. Ela transforma o homem em um ser racional e, ao mesmo tempo, em um ser imputável. Um ser, ao qual algo pode ser imputado, precisa poder ser em si responsável por si mesmo. A essência da pessoa, a pessoalidade, consiste na autorresponsabilidade. Kant acentua expressamente que a determinação do homem como um ser vivo racional não é suficiente, porque racional também pode ser um ser, que não possui a possibilidade de ser praticamente por si mesmo, de agir em virtude de si mesmo. A razão poderia ser uma razão meramente teórica, de tal modo que o homem refletiria, em verdade, com o auxílio da razão em seu fazer, mas deduziria todos os impulsos de seu agir, porém, de sua sensibilidade, de sua animalidade. A essência do homem, se ela não se confunde com a sua humanidade, consistiria, então, precisamente em ir além de si, enquanto pessoa, na pessoalidade. Assim, Kant também determina a “pessoalidade” como aquilo “que eleva o homem para além de si mesmo (como uma parte do mundo sensível)”. [2] A essência do homem, a humanidade, não consiste, por conseguinte, em sua humanidade, caso entendamos por tal humanidade a unidade de razão e sensibilidade, mas ela se encontra para além dessa sensibilidade na pessoalidade. O ser homem propriamente dito, a essência da própria humanidade, reside na pessoa. Assim, Kant também utiliza a expressão humanidade de maneira formal como termo para o ser todo, propriamente dito do homem, e fala da “humanidade em sua pessoa” [3].
Se tomarmos o homem não como ser sensível e como ser mundano, não cosmologicamente, mas se o compreendermos a partir daquilo que o distingue, a partir de sua pessoalidade, então o teremos em vista como um ser responsável por si. Responsabilidade por si é, nesse caso, o modo fundamental do ser, que determina todo fazer e deixar de fazer, o agir humano [303] especificamente distinto, a práxis ética. Em que medida e de que maneira nós nos deparamos com a liberdade, se considerarmos o homem segundo a sua pessoalidade, segundo o ser pessoa? [ELHIF:301-303]
Sadler
In what does the personality of a person consist? We can understand this if we consider the personality as distinct from the humanity and animality of man. All these elements go together to define the full essence of man. To be sure, the traditional definition of man recognizes only two elements: homo animale rationale, man as the animal endowed with reason. It is thus animality which characterizes man as a living being. Reason is the second moment, but this does not make up the content of what Kant calls humanity. It is, rather, humanity that characterizes man as both a living and a rational being. The relation to animality is contained in the concept of humanity. In a certain sense, Kant ’s understanding of humanity is given by the traditional definition. But humanity in this specific sense does not exhaust the essence of man, which is realized and genuinely defined only in personality. This makes man not just a rational being but a being capable of accountability. Such a being must be capable of self-responsibility. The essence of person, the personality, consists in self-responsibility. Kant expressly emphasizes that the definition of man as rational animal does not suffice, for a being can be rational without being capable of acting on behalf of itself, of being practical for itself. Reason could be purely theoretical, such that man’s actions were guided by reason, but with his impulses stemming entirely from sensibility, i.e. from his animality. The essence of man, if this is not exhaustively defined by his humanity, consists precisely in his going beyond himself, as person, in personality. Thus Kant defines ’personality’ as ’that which elevates man above himself as part of the world of sense’. The essence of man consists of more than just his humanity as the unity of reason and sensibility. Genuine being-human, the essence of humanity itself, resides in the person. So Kant also employs the expression ’humanity’ as the formal term for the total and proper essence of man, speaking of the ’humanity in his person’.
If we understand man not as a sensory world-entity, not cosmologically, but rather in his personality, what we have in view is a self-responsible being. Self-responsibility is the fundamental kind of being determining distinctively human action, i.e. ethical praxis. How do we encounter freedom here, when we take man according to his being a person, his personality? [EHFIP:179-180]
Original
Was macht nun die Persönlichkeit einer Person aus? Wir verstehen das, wenn wir die Persönlichkeit im Unterschied zur Menschheit und Tierheit des Menschen betrachten. [4] Alles darin nämlich macht das Ganze der Elemente der Bestimmung des vollen Wesens des Menschen aus. Zwar kennt die überlieferte Definition des Menschen nur zwei Elemente der Bestimmung: homo animal rationale, der Mensch ist ein vernunftbegabtes Tier. Demnach ist es die Tierheit, die den Menschen als lebendes Wesen kennzeichnet. Die Vernunft ist das zweite Moment, was nun freilich nicht den Gehalt dessen ausmacht, was Kant die Menschheit nennt, sondern Menschheit ist das, was den Menschen als ein lebendiges und zugleich vernünftiges Wesen kennzeichnet. Im Begriff der Menschheit liegt der Bezug zur Tierheit mit. Was Kant unter Menschheit begreift, ist in gewisser Weise der Gehalt der überlieferten Definition. Aber das Wesen des Menschen ist nicht erschöpft in seiner Menschheit, sondern es vollendet sich erst und bestimmt sich eigentlich in der Persönlichkeit. Sie macht den Menschen zu einem vernünftigen und zugleich der Zurechnung fähigen Wesen. Ein Wesen, dem etwas zugerechnet werden kann, muß in sich für sich selbst verantwortlich sein können. Das Wesen der Person. die Persönlichkeit, besteht in der Selbstverantwortlichkeit. Kant betont ausdrücklich, daß die Bestimmung des Menschen als eines vernünftigen Lebewesens nicht zureiche, weil vernünftig auch ein Wesen sein kann, dem die Möglichkeit abgeht, für sich selbst praktisch zu sein, um seiner selbst willen zu handeln. Die Vernunft könnte eine bloß theoretische sein, so daß der Mensch zwar mit Hilfe der Vernunft in seinem Tim [263] überlegte, die Antriebe seines Handelns aber doch alle aus seiner Sinnlichkeit, seiner Tierheit, hemähme. Das Wesen des Menschen, wenn es nicht in der Menschheit aufgeht, besteht dann gerade darin, über sich selbst hinauszugehen, als Person, in der Persönlichkeit. So bestimmt denn auch Kant die Persönlichkeit als das, »was den Menschen über sich selbst (als einen Teil der Sinnenwelt) erhebt«. [5] Das Wesen des Menschen, die Menschheit, besteht demnach nicht in seiner Menschheit, sofern darunter die Einheit von Vernunft und Sinnlichkeit verstanden wird, sondern es liegt über diese hinaus in der Persönlichkeit. Das eigentliche Menschsein, das Wesen der Menschheit selbst, liegt in der Person. So gebraucht Kant auch den Ausdruck Menschheit formal als Terminus für das ganze, eigentliche Wesen des Menschen und spricht von der »Menschheit in seiner Person«. [6]
Nehmen wir den Menschen nicht als Sinnen- und Weltwesen, nicht kosmologisch, sondern verstehen wir ihn aus dem, was ihn auszeichnet, aus seiner Persönlichkeit, dann haben wir ihn im Blick als selbstverantwortliches Wesen. Selbstverantwortlich-keit ist dabei die Grundart des Seins, die alles Tun und Lassen des Menschen bestimmt, das spezifisch ausgezeichnete menschliche Handeln, die sittliche Praxis. Inwiefern und in welcher Weise stoßen wir auf die Freiheit, wenn wir den Menschen nach seiner Persönlichkeit, seinem Personsein nehmen? [GA31 :262-263]
Ver online : PESSOA
[1] Cf. Kant, A religião no interior dos limites da razão pura. WW (Cassirer), VI, 164. Parte I, Seção II.
[2] Kant, Crítica da razão pura, p. 101 (V, 154).
[3] Op. cit., p. 102 (V, 155 e 157).
[4] Vgl. Kant, Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. WW (Cassirer), VI, 164.1. Stück, II. Abschn.
[5] Kant, Kr. d. pr. V., S. 101 (V, 154).
[6] a.a.O., S. 102 (V, 155 u. 157).