Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Arendt (LM:179) – ausência de pensamento e mal

quinta-feira 9 de janeiro de 2020

Abranches, Almeida & Martins

Onde chegamos com relação a um dos nossos principais problemas — a saber, com relação à possível conexão entre a ausência de pensamento e o mal? Chegamos à conclusão de que apenas as pessoas inspiradas pelo eros socrático, o amor da sabedoria, da beleza e da justiça são capazes de pensamento e dignas de confiança. Em outras palavras, chegamos às “naturezas nobres” de Platão  , às poucas a respeito das quais se pode dizer que “não fazem o mal voluntariamente.” No entanto, nem mesmo em seu caso é verdadeira a conclusão implícita e perigosa de que “todo mundo quer fazer o bem”. (A triste verdade é que na maioria dos casos o mal é praticado por pessoas que jamais se decidiram a fazer o bem ou o mal.) Sócrates  , que diferentemente de Platão   considerava todos os assuntos e conversava com todas as pessoas, não pode ter acreditado que só os poucos são capazes de pensamento, nem que só alguns objetos de pensamento, visíveis aos olhos da mente bem treinada, mas inefáveis no discurso, conferem dignidade e relevância à atividade de pensar. Se há algo no pensamento que possa impedir os homens de fazer o mal, esse algo deve ser alguma propriedade inerente à própria atividade, independentemente dos seus objetos.

ARENDT  , Hannah. A Vida do Espírito. Tr. Antônio Abranches e Cesar Augusto R. de Almeida e Helena Martins. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000, p. 135

Original

Where does this leave us in regard to one of our chief problems—the possible interconnectedness of non-thought and evil? We are left with the conclusion that only people inspired by the Socratic eros, the love of wisdom, beauty, and justice, are capable of thought and can be trusted. In other words, we are left with Plato  ’s “noble natures,” with the few of whom it may be true that none “does evil voluntarily.” Yet the implied and dangerous conclusion, “Everybody wants to do good,” is not true even in their case. (The sad truth of the matter is that most evil is done by people who never made up their minds to be or do either evil or good.) Socrates  , who, unlike Plato  , thought about all subjects and talked with everybody, cannot have believed that only the few are capable of thought and that only certain objects of thought, visible to the eyes of the well-trained mind but ineffable in discourse, bestow dignity and relevance on the thinking activity. If there is anything in thinking that can prevent men from doing evil, it must be some property inherent in the activity itself, regardless of its objects.

ARENDT  , H. The Life of the Mind: the Groundbreaking Investigation on How We Think. Boston: Houghton Mifflin Harcourt, 1981 [LM]


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