Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA5:70-71 – Comparar episteme-scientia-ciência?

sexta-feira 29 de março de 2019

Borges-Duarte

Quando hoje usamos a palavra ciência, ela quer dizer algo que se diferencia essencialmente da doctrina e da scientia da Idade Média, mas também da επιστήμη grega. A ciência grega nunca foi exacta, e isso porque, segundo a sua essência, não podia ser exacta e não precisava de ser exacta. Daí que não tenha qualquer sentido opinar que a ciência [98] moderna é mais exacta que a da antiguidade. Assim, também não se pode dizer que a doutrina de Galileu   da queda livre dos corpos é verdadeira, e que a de Aristóteles  , que ensina que os corpos leves tendem para cima, é falsa; pois a [GA5  :71] concepção grega da essência do corpo, do sítio e da relação de ambos assenta numa outra interpretação do ente e condiciona, por isso, um modo correlativamente diferente de ver e de questionar os processos naturais. Ninguém afirmaria que a poesia de Shakespeare é mais evoluída que a de Esquilo. Mas ainda mais impossível é dizer que a apreensão moderna do ente é mais correcta que a grega. Daí que se quisermos conceber a essência da ciência moderna temos de nos libertar, à partida, do hábito de distinguir a ciência mais recente da ciência mais antiga de um modo apenas gradual, segundo o ponto de vista do progresso. (p. 98-99)

Young & Haynes

As we use the word science these days, it means something essentially different from the doctrina and scientia of the Middle Ages, different, too, from the Greek επιστήμη. Greek science was never exact precisely because, according to its essence, it neither could be, nor needed to be, exact. Hence, it makes no sense at all to assert that contemporary science is more exact than the science of antiquity. Neither can one say that Galileo’s doctrine of free-falling bodies is true while Aristotle’s teaching that light bodies strive upwards is false. For the Greek understanding of the nature of body and place and of the relation between them rests on a different interpretation   of beings. It detennines, therefore, a correspondingly different way of seeing and questioning natural occurrences. No one would presume to say that Shakespeare’s poetry is more advanced than that of Aeschylus  . It is even more impossible to say that the contemporary understanding of beings is more correct than that of the Greeks. If, then, we wish to grasp the essence of contemporary science we must first free ourselves of the habit of comparing modern with older science - from the perspective of progress - merely in terms of degree. (p. 57)


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