Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA41: Eu penso, princípio diretor

domingo 30 de abril de 2017

Morujão

É agora mais fácil expor adequadamente a totalidade da situação da metafísica moderna. Fá-lo-emos do modo seguinte: para esta configuração da metafísica, são essenciais dois momentos: 1) a representação cristã do ente, enquanto ens creatum  ; 2) o traço matemático fundamental. Aquele primeiro momento determina o conteúdo da metafísica; o segundo, determina a sua forma. Mas esta caracterização através de conteúdo e forma é demasiado apressada para ser verdadeira. Pois a estrutura determinada pelo cristianismo não constitui apenas o conteúdo daquilo que o pensamento trata; determina igualmente a forma, o como. Na medida em que Deus, como criador, é a causa e o fundamento de todo o ente, o como, o modo de questionar, é orientado antecipadamente a partir deste princípio. Inversamente, o matemático não é apenas uma forma atribuída a um conteúdo cristão, mas pertence ao conteúdo. Na medida em que o princípio do eu, o «eu penso», se torna princípio diretor, o eu e, por consequência, o homem, adquire uma posição sem precedentes, no interior deste questionar acerca do ente; não designa apenas um domínio entre outros, mas aquele domínio para o qual todas as proposições metafísicas reenviam e do qual elas saem. O decurso do pensamento metafísico move-se em domínios da subjetividade sempre diversos e delimitados. Por isso, Kant   dirá, mais tarde, que todas as questões metafísicas, quer dizer, as questões das disciplinas referidas, se deixam reconduzir à questão «que é o homem?» No predomínio desta questão, oculta-se o predomínio do método, cunhado a partir das Regulae de Descartes  . (p. 112)

Barton & Deutsch

It is natural to arrange the whole state of modern metaphysics in the following way. For this form of metaphysics two concepts are essential: (1) the Christian conception of entities as ens creatum and (2) the basic mathematical character. The first instance concerns the content of metaphysics, the second its form. However, this characterization according to content and form is entirely too facile to be true. For this structure as determined by Christianity forms not   only the content of what is treated in thought, but also determines the form, the how. Insofar as God as creator is the cause and the ground of all that is, the how, the way of asking, is oriented in advance toward this principle. Vice versa, the mathematical is not only a form clamped on over the Christian content, but it itself belongs to the content. Insofar as the I-principle, the "I think", becomes the leading principle, the "I" and, consequently, man, reach a unique position within this questioning about what is. It designates not only one domain among others, but just that one to which all metaphysical propositions are traced back and from which they stem. Metaphysical thought moves in the variously defined domain of subjectivity. Later Kant therefore says: All questions of metaphysics, i.e., those of the designated disciplines, can be traced back to the question: What is man? In the priority of this question there is concealed the priority of method coined in Descartes’ Regulae. (p. 110)


Ver online : O QUE É UMA COISA?