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Aus der Erfahrung des Denkens [GA13]

GA13:40-43 – Serenidade (Gelassenheit)

Para discussão da serenidade

quinta-feira 26 de janeiro de 2023, por Cardoso de Castro

HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Tr. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, 2001, p. 34-36

Andrade & Santos

Erudito – Na medida em que pelo menos nos podemos desabituar do querer, ajudamos a despertar a serenidade.

Professor – Ou antes, ajudamos a mantermo-nos despertos para a serenidade.

E – Por que não ajudar a despertar?

P – Porque o despertar da serenidade em nós não parte de nós próprios.

Investigador – A serenidade é, portanto, provocada por outros meios.

P – Não é provocada, mas sim permitida.

E – Com efeito, ainda não sei o que significa a palavra serenidade; mas suponho vagamente que ela desperta quando ao nosso ser (Wesen  ) lhe é permitido aceder (zugelassen ist, sich auf   das einzulassen) a algo que não é um querer.

I – Fala sempre de um deixar (Lassen  ), de tal modo que dá a impressão de se referir a uma espécie de passividade. Não obstante, julgo saber que não se trata de modo algum de um deixar deslizar e deixar à deriva (kraftloses Gleiten- und Treibenlassen) as coisas. [34]

E – Talvez se oculte na serenidade (Gelassenheit) uma acção mais elevada do que todas as acções do mundo e do que todos os feitos da humanidade…

P – …acção mais elevada que não é, no entanto, uma actividade.

I – Logo, a serenidade está, caso se possa aqui falar de um estar (Liegen), fora da distinção de activi-dade e de passividade …

E – …porque a serenidade não pertence ao domínio da vontade.

I – A transição do querer para a serenidade parece-me ser o ponto difícil.

P – Especialmente quando a essência da serenidade ainda nos permanece oculta.

E – E isso sobretudo pelo facto de a serenidade também poder ser concebida no domínio da vontade, tal como o foi por antigos mestres do pensamento como, por exemplo, Meister Eckhart  .

P – Com o qual, não obstante, há muito de bom a aprender.

E – Com certeza; mas é evidente que a serenidade por nós mencionada não significa a rejeição do egoísmo pecaminoso, nem o abandono da vontade própria em prol da vontade divina.

P – Pois não.

I – Aquilo que, para nós, a palavra serenidade não deve designar é para mim claro, em muitos aspectos. Mas, ao mesmo tempo, sei cada vez menos sobre aquilo de que estamos a falar. [35]

Procuramos, pois, determinar a essência do pensamento. O que tem a serenidade a ver com o pensamento?

P – Nada, se concebermos o pensamento como representação, tal como o fizemos até aqui. Mas talvez a essência do pensamento, que procuramos, entre (eingelassen) na serenidade.

I – Não consigo representar (vorstellen  ) essa essência do pensamento, nem com a maior boa vontade.

P – Precisamente porque essa maior boa vontade e o seu tipo de pensamento como representação o impedem de o fazer.

I – Céus, que deverei então fazer?

E – O mesmo me pergunto eu.

P – Não devemos fazer nada a não ser aguardar.

E – E uma fraca consolação.

P – Fraca ou forte, também não devemos aguardar qualquer consolação, que é afinal o que fazemos quando mergulhamos no desconsolo.

I – Devemos aguardar porquê? E onde devemos aguardar? Quase que já nem sei onde estou, nem quem sou.

P – Todos o deixaremos de saber assim que deixarmos de nos enganar a nós próprios.

André Préau

E. Dans la mesure au moins où nous réussissons à nous déshabituer du vouloir, nous aidons à l’éveil de la sérénité.

P. Ou plutôt: il nous est plus facile de rester en éveil, préparés à la sérénité.

E. Pourquoi pas: nous aidons à l’éveil de la sérénité?

P. Parce qu’il ne nous appartient pas d’éveiller en nous la sérénité.

S. La sérénité est donc produite d’ailleurs.

P. Non pas produite, mais concédée.

E. A vrai dire, je ne sais pas encore ce que veut dire le mot sérénité ; je soupçonne vaguement que la sérénité s’éveille quand notre être reçoit licence de s’orienter vers ce qui n’est pas un vouloir.

S. Vous parlez sans cesse de concession, de licence, c’est-à-dire d’un laisser-faire, ce qui donne l’impression d’une sorte de passivité. Je pense bien pourtant qu’il n’est pas ici question d’une mollesse laissant les choses aller à la dérive.

E. Peut-être la sérénité recouvre-t-elle un acte plus haut que ne le font les grandes actions du monde et toutes les productions de la fourmilière humaine…

P. acte supérieur qui pourtant n’est pas une activité.

S. D’où suit que la sérénité réside — si l’on peut ici parler de résidence — au-delà de la distinction de l’activité et de la passivité…

E. parce que la sérénité ne rentre pas dans le domaine de la volonté.

S. Le passage du vouloir à la sérénité me paraît être ici le point difficile.

P. Tout particulièrement lorsque l’essence de la sérénité nous est encore inconnue.

E. Inconnue surtout parce que la sérénité peut être aussi considérée intérieurement au domaine de la volonté, comme on l’observe chez d’anciens maîtres de la pensée, par exemple chez Maître Eckhart.

[153] P. Chez qui pourtant il y a beaucoup de bonnes choses à prendre et à apprendre.

E. Sans aucun doute. Toutefois la sérénité dont nous parlons est manifestement autre chose que le rejet de l’égoïsme coupable ou que l’abandon de la volonté propre à la volonté divine.

P. Autre chose, en effet.

S. A bien des égards je vois clairement ce que le mot de sérénité ne doit pas désigner pour nous ; mais en même temps je sais de moins en moins de quoi nous parlons. Nous voulions définir l’essence de la pensée. Qu’est-ce que la sérénité a à voir avec la pensée?

P. Rien, si par la pensée nous entendons une représentation, comme on l’a fait jusqu’ici. Mais peut-être l’essence de la pensée, que nous en sommes à chercher, a-t-elle sa place au fond de la sérénité.

S. Avec la meilleure volonté du monde, je n’ arrive pas à me représenter cette essence de la pensée.

P. Ce qui vous en empêche, c’est justement cette meilleure volonté du monde et le mode propre de votre pensée, qui est celui de la représentation.

S. Que dois-je donc faire, au nom du ciel!

E. Je me le demande aussi.

P. Nous ne devons rien faire, seulement attendre.

E. Piètre consolation!

P. Nous ne devons pas non plus attendre une consolation, bonne ou mauvaise ; et n’ est-ce pas en attendre une que de nous abîmer dans la désolation?

S. Que devons-nous donc attendre? Et où devons-nous attendre? Bientôt je ne saurai plus où je suis ni qui je suis.

P. Nous tous, nous ne le savons plus, dès lors que nous cessons de nous abuser.

Anderson & Freund

Scholar: So far as we can wean ourselves from willing, we contribute to the awakening of releasement [Gelassenheit].

[61] Teacher: Say rather, to keeping awake for releasement.

Scholar: Why not  , to the awakening?

Teacher: Because on our own we do not awaken releasement in ourselves.

Scientist: Thus releasemcnt is effected from somewhere else.

Teacher: Not effected, but let in.

Scholar: To be sure I don’t know yet what the word releasement means but I seem to presage that releasement awakens when our nature is let-in so as to have dealings with that which is not a willing.

Scientist: You speak without letup of a letting-be and give the impression that what is meant is a kind of passivity. All the same, I think I understand that it is in no way a matter of weakly allowing things to slide and drift along.

Scholar: Perhaps a higher acting is concealed in releasement than is found in all the actions within the world and in the machinations of all mankind . . .

Teacher:. . . which higher acting is yet no activity.

Scientist: Then releasement lies—if we may use the word lie—beyond the distinction between activity and passivity . . .

Scholar: . . . because releasement does not belong to the domain of the will.

Scientist: The transition from willing into releasement is what seems difficult to me.

Teacher: And all the more, since the nature of release-ment is still hidden.

Scholar: Especially so because even releasement can still be thought of as within the domain of will, as is the case with old masters of thought such as Meister Eckhart.

[62] Teacher: From whom, all the same, much can be learned.

Scholar: Certainly; but what we have called releasement evidently does not mean casting off sinful selfishness and letting self-will go in favor of the divine will.

Teacher: No, not that.

Scientist: In many respects it is clear to me what the word releasement should not signify for us. But at the same time, I know less and less what we are talking about. We are trying to determine the nature of thinking. What has releasement to do with thinking?

Teacher: Nothing if we conceive thinking in the traditional way as re-presenting. Yet perhaps the nature of thinking we are seeking is fixed in releasement.

Scientist: With the best of will, I can not re-present to myself this nature of thinking.

Teacher: Precisely because this will of yours and your mode of thinking as re-presenting prevent it.

Scientist: But then, what in the world am I to do?

Scholar: I am asking myself that too.

Teacher: We are to do nothing but wait.

Scholar: That is poor consolation.

Teacher: Poor or not, we should not await consolation— something we would still be doing if we became disconsolate.

Scientist: Then what are we to wait for? And where are we to wait? I hardly know anymore who and where I am.

Teacher: None of us knows that, as soon as we stop fooling ourselves.

Original

G Insofern wir uns wenigstens des Wollens entwöhnen können, helfen wir mit beim Erwachen   der Gelassenheit.

L Eher beim Wachbleiben für die Gelassenheit.

G Weshalb nicht   beim Erwachen?

[40] L Weil wir die Gelassenheit nicht von uns aus bei   uns erwecken.

F Die Gelassenheit wird also anderswoher bewirkt.

L Nicht bewirkt, sondern zugelassen.

G Zwar weiß ich   noch nicht, was das Wort   Gelassenheit meint; aber ich ahne doch ungefähr, daß   sie erwacht, wenn unser Wesen zugelassen ist, sich auf das einzulassen, was nicht ein Wollen   ist.

F Sie reden unablässig von einem Lassen, so daß der Eindruck entsteht, es sei eine Art von Passivität gemeint. Gleichwohl glaube   ich zu wissen  , daß es sich keineswegs um ein kraftloses Gleiten- und Treibenlassen der Dinge handelt.

G Vielleicht verbirgt sich in der Gelassenheit ein höheres Tun   als in allen Taten der Welt   und in den Machenschaften der Menschentümer…

L welches höhere Tun gleichwohl keine Aktivität ist.

F Demnach liegt die Gelassenheit, falls man hier von einem Liegen sprechen   darf, außerhalb der Unterscheidung   von Aktivität und Passivität…

G weil die Gelassenheit nickt in den Bereich des Willens gehört.

F Der Übergang   aus dem Wollen in die Gelassenheit scheint mir das Schwierige zu sein  .

L Vollends dann  , wenn uns das Wesen der Gelassenheit noch verborgen   ist.

[41] G Und dies vor allem dadurch, daß auch die Gelassenheit noch innerhalb   des Willensbereiches gedacht werden   kann, wie dies bei älteren Meistern des Denkens, z. B. dem Meister Eckhart, geschieht.

L Von dem gleichwohl viel Gutes zu lernen   ist.

G Gewiß; aber die von uns genannte Gelassenheit meint doch offenbar   nicht das Abwerfen der sündigen Eigensucht und das Fahrenlassen des Eigenwillens zugunsten des göttlichen   Willens.

L Das nicht.

F Was das Wort Gelassenheit uns nicht nennen soll, ist mir in vielfacher Hinsicht   klar. Zugleich aber weiß ich immer weniger, wovon wir reden. Wir versuchen doch das Wesen des Denkens zu bestimmen. Was hat die Gelassenheit mit dem Denken   zu tun?

L Nichts, wenn wir das Denken nach dem bisherigen Begriff   als ein Vorstellen fassen. Aber vielleicht ist das Wesen des Denkens, das wir erst suchen  , in die Gelassenheit eingelassen.

F Ich kann mir dieses Wesen des Denkens mit dem besten Willen nicht vorstellen.

L Weil gerade dieser beste Wille und die Art Ihres Denkens als Vorstellen Sie daran hindern.

F Was soll ich dann in aller Welt tun?

G Das frage   ich mich auch.

L Wir sollen   nichts tun, sondern warten.

G Das ist ein schlechter Trost.

L Ob schlecht oder gut  , wir sollen auch keinen Trost erwarten  , was wir selbst   dann noch tun, wenn wir in die Trostlosigkeit nur versinken.

F Worauf   sollen wir denn warten? Und wo sollen wir warten? Ich weiß bald nicht mehr, wo ich bin und wer   ich bin.

L Das wissen wir alle nicht mehr, sobald wir davon ablassen, uns etwas vorzumachen.


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