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wesentliche Denken

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

wesen  : essenciar-se, estar-a-ser
Abwesen (s) / Abwesende (s): o-estar-ausente, ausência / o-que-está-ausente
anwesen / Anwesen (s): vir-à-presença, estar-presente / o-estar-presente, o vir-à-presença
anwesend / Anwesende (s): presente, que está presente / o que-está-presente, o que-vem-à-presença
Anwesenheit (e): presença, estar-em-presença (cf. Präsenz  )
Gewesene (s) / Ge-wesene (s): o sido, aquilo que foi / o sido, o já essenciado
Wesen (s) / Unwesen (s): essência, estar-a-ser, ser / anti-essência, abuso da essência, in-essência
Wesende (s): o-que-se-essencia, o que-está-a-ser
Wesenheit (e): essencialidade
Wesensblick ®: o olhar-que-vê-a-essência [GA5BD  ]

Mas o que significa aqui pensar [Denken  ]? Quando dizemos ou escutamos o verbo pensar e seus derivados, pensador [Denker  ], pensamento, pensativo, pensável ou pensado, evocamos logo toda uma cadeia de significantes: o sujeito [Subjekt  ] que pensa, o objeto [Objekt] pensado, o ato de pensar, o processo de pensamento, conteúdo em que o sujeito pensa o objeto, a forma de que se reveste o objeto e se veste o processo de pensar, o contexto ideológico que tudo sobredetermina. É uma avalanche que se atropela em seu próprio tropel.

Quaisquer que sejam a segurança, exatidão e certeza com que todos esses fios de relações se amarram e se tecem uns com os outros, o tecido resultante ficará sempre preso ao poder da representação [Vorstellung  ] e às pretensões de uma onipotência, a saber, às pretensões da representação de poder ser cada vez toda e somente representação. Nesse sentido, tudo é pensável a não ser a condição de possibilidade [Bedingung der Möglichkeit  ] da própria representação. E por que a ressalva? — Porque, por e para poder representar, o que possibilita a representação, já não pode ser representado. Ninguém pode pular a própria sombra.

Por isso mesmo, em todo pensamento se dá algo que não somente não pode ser pensado como, sobretudo e em tudo que se pensa, significa pensar, isto é, faz e torna possível o pensamento. Este “não pensado”, que nunca poderá ser pensado, é, pois, um nada [Nicht  ]. Mas não um nada somente negativo, nem um nada somente positivo e nem uma mistura, com ou sem dialética, de negativo e positivo. Mas então que nada é este? — Um nada somente criativo tanto da negação como da posição e da composição de ambos. Constitui a “causa” [Ursache  ] e a “coisa” [Ding  ] do pensamento essencial, do pensamento radical, o pensamento dos pensadores. Pois “causa” não tem aqui o sentido de causalidade, nem “coisa” o sentido de opacidade, gravidade ou objetividade. A “causa” do pensamento é requisição de radicalidade, a “coisa” do pensamento é reivindicação de originariedade [Ursprünglichkeit  ] nas peripécias de representação. Com esta tarefa de radicalidade, com este ofício de originariedade, a “causa” e a “coisa” do pensamento é o que sempre de novo nos provoca e mais nos leva a pensar representações. No pensamento, portanto, nem tudo é representação. Ao contrário, toda representação nos remete a pensar as raízes e origens de sua vigência [Anwesen] e constituição [Verfassung  ], toda representação inclui sempre um nível de pensamento que não representa nada, toda representação vive de acolher e aceitar, em seus limites, o mistério da realidade [Wirklichkeit  ], subtraindo-se em todas as realizações. Pois é esta remissão, é esta inclusão, é esta vivência [Erlebnis  ] das representações que aciona a questão do ser [Sein  ] e do tempo [Zeit  ]. [Carneiro Leão  ; STMSCC, Pósfacio, p. 549-550]


But when all is said and done, the function of foundational thought [wesentliche Denken] is to help Being [Sein] be itself, to dwell in Being [Sein] as in its element, the way a fish dwells in water. Thought, as the fulfillment of the There [das Da  ], proceeds from Being [Sein] and belongs to it, for the There [das Da] is thrown-out [Werfen] by Being [Sein]. On the other hand  , thought [Denken] attends to Being [Sein], inasmuch as by it the There [das Da] assumes itself as the guardian [Wächter  ] of Being [Sein]. This thought [Denken] that belongs to Being [Sein] and attends to Being [Sein] is what Heidegger in his later period – let us call him simply “Heidegger II” – means by the “thinking of Being” (das Denken des Seins). Briefly’: foundational thought [wesentliche Denken] is the process by which human ek-sistence [Ek-sistenz  ] responds to Being [Sein], not   only in its positivity but in its negativity, as the continual process of truth-as-history. Our first task is to see how all this finds its roots in the early Heidegger (“Heidegger I”), as he reveals [Entbergen  ] himself in SZ   and the perspectives characteristic of this work. [RHPT:22]