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griechisch gehört

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

Ouvir o que diz [physis  ] esta primeiríssima palavra do ser exige dois movimentos sucessivos. Em primeiro lugar, um retorno à língua: trata-se de traduzir [übersetzen] a própria palavra grega, quer dizer de nos apresentarmos diante dela, para a ouvir «em modo grego» [WhD   [GA8], pp. 140-141: griechisch gehört] — único meio de circunscrever o seu campo original de significação. Em segundo lugar, e apoiados no fundamento dessa clarificação semântica, um avanço em direção ao pensamento: tratar-se-á então de determinar, à luz de certos fragmentos de Heráclito  , o que constitui a essência ou a verdade da φύσις [physis] assim definida. [MZHPO:43-44]


Noutros termos, o que constitui aqui a especificidade de Heidegger, não é tanto uma concepção diferente dos Gregos (em todo o caso, não em primeiro lugar) quanto uma metodologia nova a seu respeito. Na interpretação que acabamos de apresentar, a língua [griechische Sprache  ] e o pensamento dos Gregos [griechische Denken  ] são compreendidos a partir da língua [Sprache] e do pensamento modernos [neuzeitliche   Denken], e só são iluminados por estes últimos; todo o esforço de Heidegger consiste, pelo contrário, em definir um novo modo de leitura (que é também uma nova «ética» [Ethik  ]) na relação com os textos gregos. Isto exige um trabalho em três tempos: 1) a «suspensão» [Epoche  ] radical do «pensamento habitual» [gewöhnliche Denken], compreendido como pensamento representativo dominado pelo entendimento [Cf. GA55  :117-118], 2) o salto para o «pensamento essencial» [wesentliche Denken] (o único que permite pensar «em grego»), o que implica que se saiba aprender a «perceber simplesmente a palavra [Wort  ]» [GA55:123], 3) o retorno, a partir desta origem reencontrada, à representação ou interpretação moderna, retorno esse que é o único que permite reconhecer o caráter derivado e parcial desta. [MZHPO:46-47]