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bios

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

Os gregos chamaram de bios   theoretikos a maneira de viver do vidente [Lebensart des Schauenden], isto é, de quem vê o brilhar puro do vigente [Scheinen   des Anwesenden], o tipo de vida [Lebensart] (bios) que se determina e se dedica ao theorein  . Ao invés, bios praktikos   é o tipo de vida que se consagra à ação e pro-dução [Handeln   und Herstellen  ]. Nesta distinção, no entanto, devemos guardar sempre uma coisa: para um grego, o bios theoretikos, a vida de visão [das schauende Leben  ], sobretudo em sua forma mais refinada, o pensamento, é a atividade mais elevada. A theoria, já em si mesma e não por uma utilidade posterior, constitui a forma mais perfeita e completa do modo de ser e realizar-se do homem. Pois a theoria é um relacionamento transparente com os perfis e as fisionomias do real. Com seu brilho, eles concernem e empenham o homem, deixando resplandecer a presença dos deuses [Gegenwart   der Götter  ]. Não se pode apresentar aqui a outra característica do theorein que é perceber e proporcionar as archai   e aitiai do vigente [Anwesenden], em sua vigência. Isto exigiria uma reflexão sobre o sentido do que a experiência grega entendia pelo que, de há muito, se representa como principium e causa [Grund   und Ursache  ]. [tr. Carneiro Leão   et alii; GA7  : CIÊNCIA E PENSAMENTO DO SENTIDO]

Os gregos pensavam, isto é, recebiam da própria língua grega e, de uma maneira única, seu modo de estar no ser. Por isso, junto com o lugar mais alto atribuído à theoria pelo bios grego, eles costumavam escutar ainda uma outra coisa na palavra. É que os dois étimos thea   e orao   podem ter outra acentuação: thea e ora. thea é a deusa. Ora, foi, como deusa, que a aletheia   apareceu ao pensador originário Parmênides  . Traduzimos aletheia pelo latim veritas, verdade, e pelo alemão Wahrheit  . [tr. Carneiro Leão et alii; GA7: CIÊNCIA E PENSAMENTO DO SENTIDO]