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Gedächtnis

domingo 28 de outubro de 2018

Gedächtnis  , mémoire, memória, memory

A palavra alemã para dizer memória, Gedächtnis, compõe-se do prefixo "Ge” – concentração, reunião e “dächtnis”, formada pelo participio "gedacht do verbo pensar "denken  ". Isso possibilita a Heidegger enfatizar o nexo essencial entre memória e pensamento [N.T. GA7CFS:118].


A memória é a reunião do pensar [Versammlung des Denkens]. Em quê [Worauf  ]? Naquilo que nos mantém à medida que isso por nós foi considerado, isto é, pensado pelo fato de que Isso [Es] permanece o que deve ser pensado [zu-Bedenkende]. O pensado [Bedachte] é o presenteado [Beschenkte] com uma recordação [Andenken], presenteado, porque nos apetece [mögen  ]. Apenas quando desejamos [mögen] o que por si é o que deve ser pensado, estamos aptos [vermögen] ao pensar [Denken]. [GA8  :5; GA8PRS]
O estar-a-ser [Wesen  ] como ter visto [Gesehenhaben] é o saber [Wissen  ]. Este mantém a vista [Sicht  ]. Recorda o estar-presente [Anwesens]. O saber é a memória do ser [Gedächtnis des Seins]. É por isso que Μνημοσύνη   é a mãe das Musas. [GA5BD  :407]
Hölderlin   vê na palavra grega Μνημοσύνη o nome de uma Titanide. Ela é a filha do Céu e da Terra. Noiva de Zeus, Mnemosyne torna-se em nove noites a mãe das musas. Jogo e dança, canto e poesia são os rebentos de Mnemosyne – da memória. Evidentemente, a palavra memória evoca, aqui, outra coisa do que somente a capacidade imaginada pela psicologia de conservar o passado na representação. Memória pensa o pensado. Mas o nome da mãe das musas não evoca “memória” como um pensar qualquer em qualquer algo pensável. Memória é, aqui, a concentração do pensamento que, concentrado, permanece junto ao que foi propriamente pensado porque queria ser pensado antes de tudo e antes de mais nada. Memória é a concentração do pensar da lembrança daquilo que, antes de tudo e antes de mais nada, cabe pensar. Esta concentração guarda junto de si e abriga em si o que, sempre e antes de mais nada, permanece e se anuncia como o a-se-pensar em tudo o que anuncia como o vigente e o vigor de ter sido. Memória, o pensar concentrado da lembrança do que cabe pensar, é a fonte da poesia. Por isso, o modo próprio de ser da poesia se funda no pensar. Isto nos diz o mito, ou seja, a saga. Seu dizer evoca o mais antigo. O mais antigo não somente porque, segundo a ordem cronológica, é o mais anterior, mas porque, desde sempre e para sempre, e segundo seu modo próprio de ser, permanece o mais digno de se pensar. Enquanto representarmos o pensamento segundo o que sobre ele a lógica nos informa, enquanto não levarmos a sério o fato de a lógica ter se fixado num modo particular de pensamento – enquanto imperar este estado de coisas, jamais poderemos considerar com atenção que e em que medida o poetar funda-se no pensar da lembrança. [GA7CFS:117-118]
[…] enquanto a linguagem levada plenamente à sua essência é histórica, o ser é conservado na memória. [GA9GS:374]
Aquela possibilidade, que foi pela primeira vez além do descerramento meramente momentâneo da αἴσθησις (percepção sensível) e tornou acessível mais expressamente o ente, é a retenção: a μνήμη (memória). [GA19MAC  :103]
Portanto, encontrou-se um meio para a μνήμη (memória). Atentem os senhores para aquilo que dissemos anteriormente sobre a μνήμη (memória): a retenção daquilo que tinha sido visto uma vez pela alma, daquilo que já se encontra desde o princípio à disposição para ela, se ela possui o acesso correto. Para essa μνήμη (memória), portanto, encontrou-se um φάρμακον (remédio). [GA19MAC:371]

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