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Essenz

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

essence [EtreTemps  ]

NT: Essence: Essenz  , 117, 233, 418; Wesen  , 12, 35, 42, 48-49, 56, 121, 136-137, 172, 199, 214, 216, 231, 298, 318, 323, et passim; statement of essence, 123; intuition of essence, 147 [BT]


(Das) Wesen raramente aparece em SZ, e é normalmente equivalente a Essenz (SZ, 117). SZ fala da Wesenverfassung, "constituição essencial" (SZ, 8) e Wesensbestimmung  , "determinação essencial" (SZ, 12) de dasein  . Wesen aplica-se duplamente a Dasein: "A ‘essência’ [’Wesen’] deste ente encontra-se em seu ser-para [Zu-sein  ]. […] A ‘essência’ de Dasein encontra-se em sua existência" (SZ, 42). Mas não se aplica a Sein, "ser": "Não há ‘essência do ser’, já que ser-uma-essência [Wesen-sein] é em si mesmo um modo de ser" (Scheler   (1976), 285). O verbo wesen aparece no passado nos neologismos gewesend(e), "durante o ter sido", e Gewesenheit, "vigor-de-ter-sido" (SZ, 326).

Em outras obras, Wesen é frequentemente usada no sentido não verbal de "essência" . Ao "esclarecer a essência" (Wesenserhellung), por exemplo, da liberdade, determinamos três coisas: 1. Seu ser-o-que, o que a liberdade é; 2. A possibilidade inerente ao ser-o-que, o quanto ela é intrinsecamente possível; 3. O solo desta possibilidade inerente (GA31  , 12, 179). Isto é mais do que uma análise do conceito de liberdade ou do significado da palavra "liberdade": isto envolve nossa transcendência em mundo. A essência da verdade muda ao longo da história, embora haja um cerne persistente que preserva a identidade da essência (N1, 173s/N1, 147s). E "não apenas a essência da verdade, mas a essência de qualquer coisa essencial possui uma riqueza própria, da qual cada época histórica pode apenas extrair um pouco como sua parte" (GA54  , 15). Uma afirmação significativa acerca da essência, por exemplo, da poesia, é uma definição persuasiva de um conceito essencialmente contestado: ela "nos força a uma decisão, se e como, no futuro, levaremos a sério a poesia" (HEP  , 34/294). A nova definição deveria estar afinada com a época: "A essência da poesia que Hölderlin   estabelece é histórica no mais alto grau, pois antecipa uma era histórica. Sendo, porém, essência histórica, é a essência singularmente essencial" (HEP, 47/313s). [DH  ]


Quando anteriormente mencionamos que o modo de ser — a essência — do homem recebe indícios do modo de conhecer — já o fizemos nesse quadro de pressupostos: a fenomenologia hermenêutica como pensamento da finitude.

Essência não é mais um conceito importado do aparato conceituai da metafísica. A distinção entre essência e existência é um par de conceitos da metafísica enquanto ontoteologia, mas ela já vem problematizada desde Suarez e é assumida na sua condição de problema e não de solução por Kant  .

Heidegger, ao apresentar, portanto, a definição do homem — “a substância do homem é sua existência” — já trabalha com a consciência de que “essência” quando falamos desde a analítica existencial deve ser empregada com muito cuidado. Não se trata mais de uma quididade, nem da definição que resulta da determinação do gênero pela diferença específica — não se trata mais, como vimos há pouco, de uma simples generalização. Essência na fenomenologia hermenêutica passará a ser definida a partir de Wesen como manifestação fenomenológica do ser ou de um modo de ser. [ErStein2008:128-129]