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Anthropologie

sábado 8 de julho de 2023

Anthropologie  , antropologia, antropology, antropología

Las fuentes decisivas para la antropología tradicional, vale decir, la definición griega y el hilo conductor teológico, indican que, más allá de una determinación esencial del ente llamado «hombre», la pregunta por su ser [1] queda en el olvido, y que a este ser se lo comprende más bien como algo «obvio», en el sentido del estar-ahí de las demás cosas creadas. Ambos hilos conductores se enlazan en la antropología moderna con la exigencia metodológica de partir desde la res cogitans  , la conciencia, la trama de las vivencias. Pero, en la medida en que también las cogitationes permanecen ontológicamente indeterminadas o se las considera, una vez más, inexpresa y «obviamente» como algo «dado» cuyo «ser» está fuera de todo cuestionamiento, la problemática antropológica queda indeterminada en sus fundamentos ontológicos decisivos. [SZ  :49; STJR:70-71]


Antropologia quer dizer ciência do homem. Ela abarca tudo aquilo que é investigável relativamente à natureza do homem enquanto este ser corpóreo-animado-espiritual. No entanto, no âmbito da antropologia caem não apenas as propriedades verificadas como estando presentes no homem, enquanto esta espécie determinada por diferenciação com o animal e a planta, mas também as suas disposições encobertas, as diferenças de caráter, de raça e de sexo. E, na medida em que o homem não surge apenas como ser natural, mas age e cria, a antropologia tem também de procurar abranger aquilo que o homem, enquanto agente, “faz a partir de si”, pode e deve fazer. Os seus poder e dever-ser assentam a cada vez, em última análise, em posições fundamentais que o homem enquanto tal pode assumir e às quais chamamos “visões de mundo”, cuja “psicologia” circunscreve o todo das ciências humanas.

Aquilo que converge na antropologia enquanto consideração somática, biológica, psicológica do homem, enquanto caracterologia, psicanálise, etnologia, psicologia pedagógica, morfologia cultural e tipologia das visões de mundo, não apenas é imenso quanto ao conteúdo, mas é sobretudo fundamentalmente diferente quanto ao tipo de questionamento, à pretensão de fundamentação, à intenção da apresentação e forma de comunicação e, finalmente, quanto aos pressupostos diretrizes. Na medida em que tudo isto e, em última análise, o todo do ente em geral, de um modo qualquer, sempre se pode referir aos homens, podendo ser atribuído, portanto, à antropologia, esta torna-se tão englobante que a sua ideia mergulha numa completa indeterminação.

A antropologia já não é hoje, desde há muito, apenas o título de uma disciplina, mas a palavra designa uma tendência fundamental da posição hodierna do homem em relação a ele mesmo e no todo do ente. De acordo com esta posição fundamental, algo só é conhecido e compreendido se tiver encontrado uma explicação antropológica. A antropologia não procura apenas a verdade sobre os homens, mas reclama agora a decisão sobre o que pode significar a verdade em geral.

Nenhum tempo soube tanto e coisas tão diversas sobre o homem como o hodierno. Nenhum tempo apresentou o seu saber sobre o homem de um modo tão vigoroso e cativante como o hodierno. Nenhum tempo conseguiu, até agora, oferecer este saber tão rápida e facilmente como o hodierno. Mas também nenhum tempo soube menos o que é o homem como o hodierno. Para nenhum tempo como para o nosso o homem se tornou tão questionável. [GA3MAC:211-212]


VIDE: Anthropologie e afins

Anthropologie, Abgrenzung   gegen die – § 10 [EtreTemps10]
anthropologie [EtreTemps]
anthropology [BT]

NT: Anthropology (Anthropologie), 200, 290; philosophical, 16-17, 47, 131; distinguished from analytic of Dasein   and fundamental ontology, 45-50, 131, 194; existential a priori  , 183, 301; Greek-Christian, 48-49, 190, 199 n. 7, 249 n. 6, 272 n. 8; Jaspers  , 301 n. 17 [BTJS]


Desde Descartes  , a metafísica ficou cada vez mais certa igualmente do lugar central do homem como subjectum, base firme e subsistente de toda a verdade. E se para Kant   a questão «o que é o homem?» contém as outras três questões fundamentais da filosofia [Critique de la raison pure, A 805/B 833; e Heidegger, K.P.M. (trad.) pp. 263-264], é porque apenas o homem reúne as determinações fenomenais da natureza e numenais da liberdade. Já a metafísica grega tinha construído uma antropologia, mas referia a essência do homem à constituição do ser do ente na totalidade, segundo uma fórmula enunciada por Aristóteles  : he psyche   ta onta   pos esti panta  , «a alma é de algum modo todos os entes» [De anima, 431b 21; citado por Heidegger, GA65  , p. 313]. «Qualquer coisa que o próprio homem é, comenta Heidegger, e que não obstante o ultrapassa e se estende para além dele, entra sempre em jogo para determinar o ente como tal no seu conjunto» [Ibid]. A psyche em Platão   e Aristóteles, como o logos   de Heráclito  , pertence à essência «física», que move todas as coisas. A metafísica moderna da subjectividade oferece, pelo contrário, uma estrutura quer antropocêntrica, quer antropomórfica: quer o próprio homem esteja no centro, estabelecendo pelo seu juízo a norma do verdadeiro, do bem, do belo, fazendo comparecer todas as coisas perante o tribunal da sua representação, a fim de examinar e de fundar a legitimidade da sua apresentação, quer a essência do sujeito humano, a vontade, se torne — com o triplo desdobramento da vontade de saber, de amar, de poder — a essência mais íntima das coisas, o ser do ente. [HEH:15-16]
Porém, o conceito de Dasein introduz o atractivo de um descentramento da posição do homem, visto que o objectivo da analítica não é constituir uma nova antropologia, mas libertar uma via que permita colocar de novo a questão do ser. Desde a época do Ser e Tempo, a recusa da antropologia, tornada «uma espécie de depósito residual de todos os problemas filosóficos essenciais» [K.P.M., p. 269 (trad.)], está ligada à recusa de uma tradição esclerosada, enredada em recuperações sucessivas e incapaz de pôr a questão do sentido do ser e do que compõe a natureza humana: a «vida», a «consciência», a «razão». Se Heidegger escolheu o termo de Dasein evitando os de «homem» e de «sujeito», foi antes de mais para não retomar os pressupostos e os preconceitos que estes termos veiculam, pois o Dasein é, com toda a certeza, completamente diferente do homem-sujeito da metafísica moderna. Ele caracteriza-se por uma relação consigo mesmo que é, de imediato, relação com o ser. O Dasein, com efeito, relaciona-se com o seu ser como tendo do ser esse ser. «Para esse ente ele encontra aí no seu ser esse ser» [SZ:12]. Heidegger chama à relação particular que o Dasein mantém com o seu ser existência (Existenz  ). Ora esta relação não é fechada sobre si mesma. Ela implica «de um modo cooriginário» [SZ:13] a compreensão do «mundo» como conjunto de possibilidades práticas definidas, e a do ser do ente intramundano. O Dasein é «sempre meu» [SZ:42], mas esta «mesmidade» é ao mesmo tempo a sua abertura ao mundo. «Compreender o ser» como ser-do-mundo significa simultaneamente compreender o seu ser num «mundo» onde ele encontra entes que têm o seu modo de ser e entes que não têm. É de notar que esta polissemia do ser para o Dasein faz dele «o ente exemplar», a partir do qual a analítica poderá orientar-se para a questão do «ser enquanto tal». Assim, a abertura a si do Dasein não é do tipo da reflexão, porque esta abertura a si passa sempre pelo mundo. De um mesmo golpe, encontra-se minada a evidência tradicional do laço necessário entre o pensamento como representação e a interioridade. [HEH:17-18]

Observações

[1«la pregunta por su ser»: no debe olvidarse aquí, ni en otros pasajes semejantes, que no se trata de la pregunta por la essentia del hombre sino de la pregunta por su existencia. La tesis de Heidegger es que la tradición pensó siempre la existentia, podríamos decir, el acto de ser de la essentia, como un estar-ahí-delante, es decir, como una presencia. Y esto, justamente, es lo que impide entender el ser del hombre, que por ser tempóreo no puede ser reducido a la pura presencia, puesto que abarca también el futuro y el pasado.