vigor de ter sido presença

O caráter histórico das antiguidades ainda conservadas funda-se, portanto, no “passado” da presença (Dasein), a cujo mundo elas pertenciam. Em consequência, somente a presença (Dasein) “passada” e não a “presente” seria histórica. Mas será que a presença (Dasein) pode ser um passado se determinamos o “passado” como o que não é mais simplesmente dado ou o que não mais está à mão? Manifestamente, a presença (Dasein) nunca pode ser um passado. Não porque não passe, mas porque, em sua essência, ela nunca pode ser algo simplesmente dado. Pois sempre que ela é, existe. Em sentido rigorosamente ontológico, a presença (Dasein), que não mais existe, não é passada, mas o VIGOR DE TER SIDO PRESENÇA (Dasein). As antiguidades ainda simplesmente dadas possuem um caráter “passado” e histórico, com base em sua pertinência instrumental e proveniência do ter sido de um mundo que pertence a uma presença (Dasein) que é o VIGOR DE TER SIDO PRESENÇA (Dasein). Isto é o primordialmente histórico. Mas será que a presença (Dasein) só se torna histórica por não mais estar presente? Ou será que ela é histórica justamente em existindo faticamente? Será a presença (Dasein) o ter sido apenas no sentido do VIGOR DE TER SIDO PRESENÇA (Dasein), ou será ela o ter sido enquanto atualizante e porvindouro, ou seja, na temporalização de sua temporalidade? STMS: §73

Não é necessário que a decisão saiba explicitamente a proveniência das possibilidades para as quais ela se projeta. Mas é na temporalidade da presença (Dasein) e somente nela que reside a possibilidade de tomar expressamente a compreensão transmitida da presença (Dasein) do poder-ser existenciário para o qual ela se projeta. A decisão que retorna a si e se transmite torna-se, assim, retomada de uma possibilidade legada de existência. A retomada é a transmissão explícita, ou seja, o retorno às possibilidades da presença (Dasein), que é o VIGOR DE TER SIDO PRESENÇA (Dasein). A retomada própria do ter sido de uma possibilidade existencial – que a existência escolhe seus heróis – funda-se, existencialmente, na decisão antecipadora; pois é somente nela que se escolhe a escolha capaz de libertar a sucedaneidade na luta e a fidelidade a outras possibilidades de retomada. Não é, contudo, a transmissão passível de ser retomada de uma possibilidade em vigor que abre a presença (Dasein), enquanto VIGOR DE TER SIDO PRESENÇA (Dasein), numa nova realização. A retomada do possível não é uma recolocação do “passado” nem uma religação do “presente” (Gegenwart) com “o que foi superado”. Surgindo de um projeto decidido, a retomada não se deixa persuadir pelo “passado” a fim de deixá-lo apenas retornar como o que alguma vez foi real. A retomada controverte a possibilidade da existência que é VIGOR DE TER SIDO PRESENÇA (Dasein). Mas, por ser no modo do instante, a controvérsia da possibilidade no decisivo também é a resposta àquilo que hoje age como “passado”. A retomada não se abandona ao passado nem almeja um progresso. No instante, a existência própria é indiferente a ambos. STMS: §74

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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