Maldiney (Aîtres:229-230) – a presença só existe se significando

destaque

A presença não existe senão a se significar e não se significa senão a existir. Todo sentido é articulação da evidência, e a evidência só pode ser encontrada no aberto. Mas o aberto, fundamento do sentido, é também o abismo onde todo limite é absorvido. A presença abole-se tanto na transparência absoluta como na opacidade absoluta. Ela é ex-istência e não se significa senão na abertura do aberto, na elucidação da luz, no espaçamento do espaço, na instância do instante. Só podemos decidir atravessar o espaço ou viajar no tempo porque desde já estamos abertos à sua abertura e expostos à sua exposição. A sua abertura é a de um número infinito de horizontes, cada um deles transformando-se no seguinte, sustentado pela possibilidade de uma aproximação através do afastamento ou da antecipação de nós mesmos. Esta possibilidade faz parte do nosso poder-ser. E o espaço e o tempo aí estão implicados sob a forma não temática e tensional de um esquema sub-espacial e de um esquema sub-temporal. Tal como a linguagem só pode ser vista em relação a ela mesma a partir de um esquema sub-linguístico. O mesmo se passa com a significância do ente para o existente — que aí emerge. Dos três sentidos do sentido: significação (conceitual), manifestação (sensível), direção (tensional), o último é a raiz dos outros dois.

original

  1. Walter F. Otto, Dionysos. Le Mythe et le Culte. Trad. P. Levy, Paris, 1969, p. 198-199.[↩]
  2. Ibid., p. 22-23.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress