wirken

wirken, effectuer, efetivar, operar, Wirking, effet, efeito, wirklich, effectif, efetivo, Wirklichkeit, effectivité, efetividade, actuality, efectividad

“Operar”, wirken, significa “fazer”, tun. O que significa tun? A palavra provém da raiz indo-europeia dhe, de onde vem igualmente o grego θέσις, posição, posicionamento, localização. Mas não se entende este fazer apenas, como atividade humana, e, tampouco, no sentido de ação e agir. Também o crescimento, vigência da natureza (φυσις), é um fazer, no sentido acima mencionado de θέσις. Somente depois, é que φυσις e θέσις vieram a opor-se uma à outra. Uma oposição que só tornou-se possível porque alguma coisa de idêntico as unia e determinava. Φυσις é θέσις, a saber, a pro-posição de algo por si mesmo, no sentido de pôr em frente, de trazer à luz, de a-duzir e pro-duzir, de levá-lo à vigência. É, neste sentido, fazer que equivale a operar, que diz viger numa vigência. Assim o real é o vigente. Entendido assim como trazer e levar à vigência, o verbo “operar”, “wirken”, invoca um modo de o real se realizar, de o vigente viger e estar em vigor. Operar é, pois, trazer e levar à vigência, seja que, por si mesmo, algo traga e leve a si mesmo para a sua própria vigência, seja que o homem exerça este trazer e levar. Na linguagem medieval, o verbo “wirken”, “operar” significava ainda a produção de casas, de utensílios, de imagens e quadros; posteriormente, este significado se restringiu à pro-dução, no sentido de costurar, tricotar, fiar.

O real é tanto o operante como o operado, no sentido daquilo que leva ou é levado à vigência. Pensando-se de maneira bem (43) ampla, “realidade” (Wirklichkeit) significa, então, estar todo em sua vigência, significa a vigência em si mesma acabada do que se pro-duz e se leva ao vigor de si mesmo. “Operar”, “wirken ”, pertence à raiz indo-europeia werg de onde provém a palavra “obra”, “Werk”, e o grego έργον. Mas nunca será demais repetir: o traço fundamental de “operar”, “wirken ”, e de “obra”, “ Werk”, não reside no efficere e no effectus mas em algo vir a des-encobrir-se e manter-se desencoberto. Mesmo quando os gregos, a saber, Aristóteles, falam daquilo que os latinos chamaram de causa efficiens, eles nunca pensam em causa e efeito. Para eles, o que se per-faz num έργον é o que se leva à plenitude da vigência; εργον é a vigência, no sentido próprio e supremo da palavra. Somente, por isso, Aristóteles chama a vigência do que está em pleno vigor de sua propriedade, de ενέργεια ou também de έντελεχέια, ou seja, o que se mantém na plenitude (de sua vigência). Em sua força significativa, um abismo separa estes dois termos, cunhados por Aristóteles para dizer a vigência em sentido próprio e pleno do vigente, do significado posterior e moderno de “energia” e “enteléquia”, entendidas como condição e capacidade inatas para agir. (GA7PT:42-43)


Efetividade = Wirklichkeit: nessa segunda frase (“Só se conhece o agir como a produção de um efeito, cuja efetividade se avalia por sua utilidade”) Heidegger caracteriza o modo em que se tem interpretado o agir, jogando com o radical, wirk, em seu tríplice emprego: como verbo, wirken (= causar efeito, desenvolver a força de uma eficiência no sistema de causa e efeito), como substantivo concreto, Wirkung (= o efeito, resultado da eficiência causal) e como substantivo abstrato, Wirklichkeit (= a realidade do efeito). Com isso se visa a exprimir que as três modalidades pertencem à mesma interpretação. Pode-se traduzir essa sistemática da causalidade do seguinte modo: “só se conhece o agir como a efetuação de um efeito, cuja efetividade se avalia por sua utilidade”. (Carneiro Leão, nota à tr. da Carta sobre o Humanismo — GA9)


VIDE: (wirken->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=wirken)

operar (EssaisConf)

O real (Wirkliche) é tanto o operante como o operado, no sentido daquilo que leva ou é levado à vigência. Pensando-se de maneira bem (43) ampla, “realidade” (Wirklichkeit) significa, então, estar todo em sua vigência, significa a vigência em si mesma acabada do que se pro-duz e se leva ao vigor de si mesmo. “Operar”, “wirken”, pertence à raiz indo-europeia uerg de onde provém a palavra “obra”, “Werk”, e o grego ergon. Mas nunca será demais repetir: o traço fundamental de “operar”, “wirken”, e de “obra”, “Werk”, não reside no efficere e no effectus mas em algo vir a des-encobrir-se e manter-se desencoberto (Unverborgene). (GA7 42)