Wie (das), wie: «como» (el), «como»; «modalidad», «modo». El Wie —una expresión que aparece con frecuencia en los escritos y en las lecciones del joven Heidegger — constituye una categoría fundamental de la existencia humana. El programa filosófico del joven Heidegger, como se ha señalado en notas anteriores, gira en torno a la elaboración de una ciencia originaria de la vida que articule conceptualmente los diferentes modos de ser de la vida humana. Esta ciencia originaria de la vida no consiste tanto en describir el contenido objetivo, el qué (Was) de las vivencias de la vida humana, como en comprender el modo en que se realizan esas vivencias, el cómo (wie) se establece la relación intencional entre la vida y el mundo al que está referido. El «cuidado» (Sorge), el «adelantarse» (Vorlaufen), la «caída» (Verfallen), el «uno» (Man), la «convivencia» (Miteinandersein) son algunas de las modalidades que ilustran cómo se desenvuelve la vida con el mundo de las cosas y con las demás personas. Este análisis estrictamente modal de la vida humana no pretende ordenar y catalogar los entes, es decir, determinar su quidditas, fijar su contenido objetivo, estipular su qué (Was). Lo decisivo del planteamiento de Heidegger es que los rasgos ontológicos que constituyen la existencia humana tienen que ser realizados, ejecutados, llevados a la práctica en cada ocasión. Por tanto, la naturaleza temporal y el carácter histórico de la vida fáctica no responden a los parámetros de una esencia dotada de un contenido eidético invariable y universalmente válido, sino que encarnan un como (Wie), un determinado modo de ser particular y contingente. Para decirlo gráficamente: existiendo nos jugamos el tipo. Y lo que determina el modo propio o impropio de la existencia del Dasein depende de cómo actualiza, como realiza, cómo dinamiza las posibilidades de ser que tiene a su alcance. Véanse las entradas Vollzug (der) y Was (das), was. (GA56/57, pp. 30, 75; GA58, p. 85; AKJ, p. 35; NB, pp. 5 (modalidad de la vida fáctica), 8, 23, 35; GA64, pp. 54 (carácter de ser), 55 (diferencia entre el qué y el cómo), 56, 60; GA19, pp. 281ss, 603; GA24, p. 61 (modalidad en Kant).) (LHDF)
Se a Filosofia analítica, segundo Tugendhat, não trata de objetos, mas trata do modo como se dão os objetos, como se dão em nosso compreender, e trata do nosso compreender enquanto ele pode ser explicitado por meio das expressões linguísticas nas quais ele se articula, então a Filosofia analítica sempre trata de um como. Ela trata de um Wie. Ela não trata de um that, mas de um how — como se chega a algo.
Este como se chega a algo é intimamente ligado à questão do método. É por isso que Wittgenstein diz na lição de 1930 que a Filosofia não ensina nada de novo, nada de verdades novas. Ela deve contentar-se em apresentar o seu método. Esta é a questão. Somente por intermédio dela bem explicitada podemos entender qual é efetivamente o trabalho da Filosofia analítica.
(273) Tugendhat acusa Aristóteles de ter tentado construir uma nova teoria do objeto com a sua metafísica. A intenção de Aristóteles teria sido encontrar na metafísica princípios universais e necessários com os quais se fundamentaria o conhecimento empírico ou matemático. Para fundamentar o conhecimemnto empírico, no entanto, Aristóteles desenvolveu uma nova teoria do objeto, que é a sua metafísica. Tugendhat diz que o que se esperava de Aristóteles era que ele desenvolvesse uma teoria do significado, isto é, que desenvolvesse uma teoria daquilo que está implicado em todo o conhecimento empírico e que é a totalidade do nosso compreender.
Para Aristóteles, portanto, teria faltado uma teoria suficientemente universal que desse conta deste como que está implicado quando explicitamos as expressões linguísticas, porque este como se dá por meio do nosso compreender e a universalidade do nosso compreender não é dada por uma espécie de super-abstração generalizadora pela qual podemos afirmar que com isto apanhamos o todo, porque por mais abstração que façamos do objeto, ainda estamos em contato com ele no espaço e no tempo e não com o significado.
O que é, então, este como, este Wie, este how de que a Filosofia analítica se ocupa? Sabemos que este como nasce diretamente da seguinte afirmação: sujeitos somente se podem relacionar com objetos do mundo pela mediação do sentido, do significado. Assim, o como é o âmbito no qual nos relacionamos com os objetos. Este âmbito é a condição de possibilidade (é o elemento transcendental). Compreender é exatamente operar este como e explicitar como se articula o nosso compreender em expressões linguísticas; é dar conta deste como. Até que ponto, porém, temos que distinguir o como (wie) do enquanto (ais)
Tugendhat é um estudioso competente de Aristóteles. Seu primeiro grande livro se intitula Ti katá tinós (Algo enquanto algo) e trata da estrutura e formação dos conceitos fundamentais em Aristóteles. Para Tugendhat, Aristóteles tinha a noção deste “como” em que estaria o máximo de universalidade que justificaria o nosso conhecimento empírico, só que a solução que ele deu na definição deste como foi uma solução objetificante, na medida em que objetificou o significado numa teoria chamada metafísica. Esta (274) objetificação recebeu o nome de ontologia. Aristóteles criou uma ciência do ente enquanto ente, só que sempre que falamos do ente enquanto ente estamos falando ainda de objetos.
Ora, justamente este como, em que se dá a totalidade do nosso compreender e que resulta da explicitação das nossas expressões linguísticas, não se resolve com o pensamento objetificador, com o pensamento que considera que o fundamento do conhecimento empírico é outro objeto, por mais universal que seja. Dessa forma, podemos dizer que o que falta em Aristóteles são os meios. Será que estes meios são o como para resolver os problemas filosóficos que ele havia percebido? Faltam os meios, falta o como, falta o método na sua ontologia? Será que aqui não há uma identificação do como e do enquanto? No capítulo final veremos que esta distinção é necessária. E nos perguntaremos até que ponto o autor caiu numa ambiguidade na determinação de sentido e significado.
Aristóteles, e toda a Filosofia depois dele, trataram de uma maneira errada, com intrumentos errados, com um método errado aquilo que propriamente estava certo, que era o problema do ser do ente. Em lugar de tratar do ser do ente, sendo o ser o elemento mais universal possível. Isto pode ser explicitado por meio de um pensamento objetificador. Ser é o termo que tem um caráter tão universal que se coloca na ordem do significado e não na ordem do objeto. A metafísica como pensamento chamado objetificador, objetifica cada um dos conceitos com os quais pensava encontrar o fundamento das coisas, como substância, ideia, Deus, etc. Como ela objetificava mediante cada um destes nomes que ela dava ao ser, foi na direção certa, mas usou os instrumentos errados, não teve a verdadeira concepção de método para chegar ao conhecimento com que propriamente trabalha a Filosofia, que é, justamente, a análise do a priori, análise daquilo que é previamente dado, daquilo que é o todo do nosso compreender que precede qualquer tipo de proposição. (ErStein2008:272-274)