Wert, valeur, valor, value, Werte, valeurs, valores, values. VIDE: axioma
Il faut encore rappeler que la volonté de puissance, loin d’être une faculté ou un caractère de l’homme (une espèce d’« avidité de pouvoir »), est – selon les mots de Nietzsche même – « l’essence la plus intime de l’être » (Volonté de puissance, no 693 ; frag. 1888 14 (80) – voir Achèvement de la métaphysique et poésie, GA50, 12). Cela signifie que tout ce qui est, et non seulement l’homme, non seulement l’être vivant stricto sensu, se trouve sous la haute contrainte de la volonté de puissance. En tant que conditions que la volonté de puissance pose pour sa propre conservation et croissance, les valeurs – qu’elles soient « matérielles » ou « spirituelles », « éternelles » ou « passagères » – sont (non incidemment, mais constitutivement) les « points de vue » d’un calcul qui a comme seul but le plein exercice de la puissance en vue de dépasser sans cesse l’exercice de la puissance. Un calcul dont l’homme en tant que tel n’est ni auteur ni maître, mais qui met l’être humain et ses « facultés » à son service. (LDMH:1353)
VIDE: (Wert e afins->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Wert)
valor
valeur
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NT: Value (Wert), 63, 69, 80, 99-100, 150, 152, 227, 286, 293-294 (BTJS)
(Der) Wert é “valor”; wert significa “que vale (p.ex. algo, nada), útil”; werten é “estimar, taxar, avaliar”. Gelten já foi “pagar (p.ex. taxas, tributos), cumprir (p.ex. penitências), consagrar, dedicar”, tendo atualmente a conotação de ” ser válido vigente, efetivo (certificados, leis, moedas etc.)”. O particípio presente geltend significa “válido etc.”, assim como o adjetivo gultig. Geltung também já significou “pagamento de uma dívida” em um contexto religioso ou social, dizendo agora, sobretudo, ” validade”. Wert e Geltung receberam proeminência filosófica com Lotze. Seu argumento é de que, assim como proposições e teorias científicas baseiam-se em “fatos” sendo por eles validados, também nossas convicções práticas baseiam-se e são validadas por ” valores”. Brentano, Scheler, Hartmann e neokantianos tais como Windelband e Rickert desenvolveram a ideia de uma ética de valores, em oposição à ética do dever de Kant. Nem todos os valores são éticos: os valores básicos são “o verdadeiro, o bom e o belo” (GA21, 83). A ” filosofia-do-valor” abarca nossos interesses teóricos assim como os práticos e os estéticos, já que a própria verdade é um valor (GA17, 125; GA20, 42; GA21, 82). Um valor implica um “ter de”, um Sollen: se a generosidade é um valor, então nós temos de ser generosos. Mas um valor não gera automaticamente uma obrigação incondicional de promovê-lo, já que diferentes valores frequentemente entram em conflito. Se devem guiar nossas ações, os valores precisam ser hierarquizados. Hartmann distinguiu uma hierarquia “empírica” de valores, os valores reconhecidos por um dado indivíduo, grupo ou sociedade e a ordem na qual eles os posicionam, da hierarquia “ideal”, a ordem que os valores possuem intrinsecamente, independentemente do que povos particulares pensem deles. A Umwertung aller Werte de Nietzsche, a “transvaloração de todos os valores”, relaciona-se mais aos valores “empíricos” do que aos “ideais”: os valores antigos — objetividade, compaixão, verdade etc. — foram desvalorizados, perderam nossa adesão; os valores antigos foram desmascarados e mostrados como disfarces da vontade de poder; eles são substituídos por valores novos, desvinculados da moralidade como saúde, beleza etc.
No período de SZ, Heidegger faz objeções à noção de Wert por três principais motivos:
1. A filosofia-do-valor considera a verdade como um ” valor” ao lado de outros valores. Isto só faz sentido se a verdade estiver confinada às proposições, primordialmente proposições teóricas. Se a verdade é desvelamento, nosso ser-no-mundo global, nós não podemos escolher perseguir a verdade ou sacrificá-la em nome de outros valores. A não ser que estejamos “na verdade”, nós não podemos escolher absolutamente nada (SZ, 227s).
2. Os neokantianos e Hartmann concordaram com Descartes em que os entes primários, e os entes com os quais primariamente entramos em contato, são coisas naturais, descritíveis em termos neutros-de-valor como “extensão”. Valores são sobrepostos a tais coisas de modo que se tornam “coisas-carregadas-de-valor”, tais como utensílios e obras de arte (SZ, 63s Cf. GA20, 247ss). A objeção de Heidegger é de que nós não ficamos primeiramente conscientes de um utensílio como uma mera coisa, sobre a qual impomos posteriormente um valor; um utensílio é bastante diferente de uma coisa natural, não é uma coisa com algumas propriedades adicionais; um mundo não surge da gradual atribuição de valor a cada ente intramundano, visto que só podemos encontrar entes se já somos no-mundo. Mundo surge da “significação” global da sua “totalidade de envolvimentos e conjunturas” (SZ, 68, 99s, 150).
3. Heidegger recusa toda ontologia da avaliação e, especialmente, a “ética do valor”. A palavra “decadência (Verfallen)” não implica “avaliação negativa (Bewertung)” (SZ, 175. Cf. 222); a análise da decadência e de fenômenos tais como o “falatório” não é uma “crítica moralizante de Dasein cotidiano” (SZ, 167). A explicação de SZ de Dasein não é puramente “teórica”; é também “prática”, ou melhor, ela atua em um nível mais profundo do que a usual distinção entre teoria e prática. Ela não precisa ser complementada por uma filosofia prática ou uma ética (SZ, 316). SZ está preocupado com o ontológico e o existencial, não com o ôntico e o existenciário. Ademais, Heidegger considera como Dasein necessariamente é, e o que ele pode ser, ou seja, suas possibilidades. Se Dasein deveria ou não ser decidido, e sobretudo o que ele deveria fazer quando fosse decidido, são problemas ônticos e existenciários, sobre os quais a Fundamentalontologie nada tem a dizer. Heidegger defende uma versão do formalismo de Kant contra uma “ética do valor material”: “Uma tábua de valores material, por mais ricas que sejam sua articulação e sua amplitude, permanece sendo um puro espectro, sem uma legitimidade que obrigue o seu cumprimento, a não ser que o puro querer como a realidade autêntica em toda ação ética realmente queira a si mesmo. (…) A moralidade da ação consiste não em meu realizar um assim chamado valor, mas no fato de que eu realmente quero, i.e., decido, quero com decisão, i.e., tomo a responsabilidade sobre mim mesmo e, ao aceitar a responsabilidade, torno-me existente” (GA31, 279s). Uma ética da decência cotidiana está implícita na cotidianidade mediana. Em momentos cruciais, Dasein quer decisivamente além de, talvez contra, as exigências da decência cotidiana. Nem a ética cotidiana nem a filosofia podem nos dizer se ou quando devemos querer decisivamente, ou a que devemos querer: “Querer o que? Agora todos que realmente querem sabem disso, pois todos que realmente querem nada querem além do ter-que, próprio ao seu ser-aí (das Sollen seines Dasein)” (GA31, 289).
Mais tarde, Heidegger associa “valores” ao “cálculo” da tecnologia e da maquinação (GA6T2, 28: “Ninguém morre por meros valores”). Nietzsche considerava todo ente como um valor (GA6T2, 35). O esquecimento implícito na noção de valor iniciou-se com Platão, cuja “ideia do bem”, que já foi associada com das Umwillen, o “em-função-de” si mesmo de Dasein (GA26, 237), é agora o ancestral dos “valores” (GA6T2, 222ss; GA65, 210, 480). (DH)