Sprache, linguagem, language, langage, lenguaje
A palavra alemã Sprache pode ser traduzida tanto por “língua” quanto por “linguagem”. Embora a tradução por “linguagem” soasse melhor em Português, e embora seja importante para Heidegger o facto de uma linguagem se jogar sempre numa língua específica – o que deveria favorecer a tradução de Sprache por “língua” – , optou-se por traduzir Sprache por “linguagem”, pois, para além de questões de eufonia, julga-se que é esta a tradução que deixa mais claro o sentido do texto de Heidegger. Só se utilizou a tradução por “língua” nos contextos em que tal tradução era inevitável. (GA5BD:Nota:372)
Língua fática (Sprache), ou seja, existindo sob a forma da multiplicidade das línguas efetivamente faladas pelos diversos povos históricos e, assim, instituindo diversas aberturas histórico-temporais de mundo. (Irene Borges-Duarte)
El lenguaje no es un segundo piso sobre otra cosa, sino que es el originario desplegarse de la verdad como Ahí (Wesen der Wahrheit als Da). (Nota Heidegger, SZ:87; STRivera:109)
Segundo a determinação bem compreendida e até hoje válida do homem como animal rationale, a linguagem é dada com o homem e isso de maneira tão certa que se pode dizer mesmo na inversão que é apenas com a linguagem que o homem é dado. Linguagem e homem se determinam de modo alternante. Por meio do que isso se torna possível? As duas coisas são em certo aspecto o mesmo? E em que aspecto elas são o mesmo? Por força de seu pertencimento ao seer. (GA65:§276; GA65AA:483)
Linguagem, quer falada quer silenciada, a primeira e a mais ampla antropomorfização do ente. Assim o parece. Mas ela precisamente é a desantropologização mais originária do homem como ser vivo presente à vista e “sujeito” e como tudo até aqui. E, com isso, fundação do ser-aí e da possibilidade de desantropologização do ente. (GA65 §281; GA65AA:494)
(SPRACHE E CORRELATOS->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=sprach)
linguagem
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NT: Language (Sprache), 9, 19, 32, 42fn (genetivus objectivus), 55, 85fn (present perfect), 87 + fn, 119 (adverbs), 133, 157 + fn (statement), 160-166 (§ 34), 161fn, 167-168, 272, 349 (tenses, their types of action), 369, 406. See also Articulation; Copula; Discourse; Expressedness; Grammar; Hermeneutics; Infinitive; Logic; Rhetoric (BTJS)
A crítica da instrumentalização da linguagem visa a proteger o sentido (Sinn), a dimensão conotadora e simbólica, contra a redução da linguagem ao nível da denotação, do simplesmente operativo. Não se trata apenas de salvar a mensagem linguística da ameaça da pura semioticidade. O filósofo descobre na linguagem o poder do logos, do dizer como processo apofântico (apophansis); entreve na linguagem a casa do ser, onde o homem mora nas raízes do humano. Se lembrarmos as três constantes que a tradição apresenta na filosofia da linguagem — a lógica da linguagem, o humanismo da linguagem e a teologia da linguagem — , verificamos que o filósofo assume a segunda, radicaliza-a pela hermenêutica existencial, carrega-a de historicidade e transforma a linguagem em centro de discussão, pela ideia da destruição da ontologia tradicional, a partir de sua tessitura categorial. Em Heidegger, uma ontologia (Ontologie) já impossível é substituída pela critica da linguagem, numa antecipação da moderna analítica da linguagem, veja-se esta admoestação do filósofo que abre um texto seu, saído no jornal Neue Zürcher Zeitung (Zeichen, 21-9-1969): “A linguagem representada como pura semioticidade (Zeichengebung) oferece o ponto de partida para a tecnização da linguagem pela teoria da informação. A instauração da relação do homem com a linguagem que parte destes pressupostos realiza, da maneira mais inquietante, a exigência de Karl Marx: “Trata-se de transformar o mundo”. (Ernildo Stein; MHeidegger:Nota)
“A linguagem (Sprache), o mais perigoso de todos os bens, foi concedida aos homens (…) para testemunhar o que são (…)”. A linguagem abre os entes, tornando mundo e história possíveis. O homem afirma a sua posição central por meio dos mundos que ele sucessivamente cria e destrói através da história. Ao abrir os entes, a linguagem nos expõe ao perigo que deles provém. A linguagem é simplificada para tornar-se nossa possessão comum, uma mensagem dos deuses é diluída para o consumo mortal. Destarte a linguagem nos coloca no perigo do engano. (DH:146)