Do noein se diz que é noema: o que é tomado com atenção num captar atento. [GA7 214]
(VGKH)
Noema (Noème)/Noese (Noèse)/Hylé: Nas Idées directrices, Husserl distingue, por um lado, os componentes reais da consciência (a hylé e a noese), que pertencem à esfera de imanência real e são vivências, e, por outro, o noema, que pertence apenas à esfera de imanência pura da consciência.
O termo “noema” aparece pela primeira vez na obra de Husserl em 1913, no §88 de Ideen I, designando o componente intencional de toda experiência. A análise do polo noemático é o objeto da “fenomenologia funcional”, que busca elucidar como unidades objetivas (não imanentes aos vividos) são, não obstante, conscientes e visadas:
“Em todos os casos, aos múltiplos data que compõem o estatuto real, noético [e hilético], corresponde uma multiplicidade de data suscetíveis de ser exibidos numa intuição verdadeiramente pura: eles formam um ‘estatuto noemático’ correlativo, ou mais brevemente, o ‘noema’.” (Ideen I, §88, pp. 304-305).
Em suma:
– Hylé: matéria bruta da experiência (sensações não intencionais).
– Noese: ato intencional que anima a hylé, conferindo-lhe sentido.
– Noema: o objeto tal como é visado — o correlato intencional da consciência.
Essa tríade estrutura a análise husserliana da intencionalidade, mostrando como a consciência transcende o imanente para se referir ao mundo.